OPINIÃO

Agropecuária do Rio Grande do Sul: dificuldades à vista para a safra 2010/2011

Publicado em 20 de agosto de 2010

Colunista José Alonso

Ilustração: Pedro Alice

Ilustração: Pedro Alice

A produção da agropecuária do Rio Grande do Sul desempenha um papel extremamente relevante na formação do produto e do emprego do estado. A cadeia que envolve as atividades da agropecuária e todas as suas conexões no âmbito do RS representa em torno de 30% do produto estadual. Isso significa que quaisquer desarranjos que possam ocorrer em fatores vinculados à produção rural acabam por atingir diretamente a economia gaúcha. Estamos nos referindo a fenômenos climáticos, crise nos mercados dos principais países importadores, restrições de ordem sanitária, entre outros. Nos últimos meses, são frequentes os alertas dos institutos de meteorologia sobre o retorno, no segundo semestre, do temido La Niña, período prolongado de seca, em especial nos meses de verão. Afora isso, as manchetes dos jornais noticiam que a seca derruba a safra de grãos (trigo e arroz) na Ásia, Europa e Oceania com reflexos substantivos sobre o abastecimento e os preços no mundo. Isso levou grandes produtores (Rússia, China, Tailândia e Austrália) a reduzirem suas estimativas de safra de 2010/2011.

A expectativa é que a chegada do La Niña ocorra entre o fim de agosto e o início de setembro, justamente a época do plantio de soja e milho no Rio Grande do Sul, que acontece entre o início de agosto e meados de janeiro. As dificuldades são inevitáveis para essas duas culturas, ainda que alguns especialistas afirmem que a soja é mais resistente ao estresse hídrico enquanto o milho é mais sensível, portanto a cultura que mais sofre com a estiagem. Dado que não é possível controlar os fenômenos climáticos, a questão que se coloca é: o que fazer para minimizar os efeitos da seca sobre a produtividade e a qualidade da produção agropecuária no estado?

Há várias recomendações nesse sentido. Uma delas é proposta pela Emater/RS sugerindo que os produtores antecipem ao máximo o plantio. Outra alternativa é relativa ao manejo, aumentando a estrutura física com raízes e palha (adubação verde), ao mesmo tempo em que deve ser diminuído o tráfego de máquinas. Essa prática eleva os teores de matéria orgânica e umidade do solo. Por fim, o uso da irrigação quando há disponibilidade de açudes ou cisternas. O ideal seria adotar uma combinação adequada dessas três medidas, o que asseguraria um aumento na armazenagem de água para mais de 25mm.

Resta torcer para que os efeitos do La Niña dessa vez não sejam tão perversos quanto o foram anteriormente, ou que os produtores gaúchos adotem as medidas disponíveis para obter padrões razoáveis de produtividade e qualidade nas principais culturas da nossa base agrícola.

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