POLÍTICA

Manuela d’Ávila se solidariza com Damares e condena cultura do estupro

Em nota, a deputada estadual do PCdoB gaúcho convidou a futura ministra, autora do bolsa-estupro, a integrar a luta contra a violência "que vitima uma mulher a cada 11 minutos no país"
Por Gilson Camargo / Publicado em 21 de dezembro de 2018
Manuela à futura ministra: “Temos que caminhar muito para chegarmos a uma sociedade civilizada, livre da cultura da violência. Use sua nova função para batalhar por todas nós, incluindo você, que sofreu na própria pele essa barbárie"

Foto: Mídia Ninja

Manuela à futura ministra: “Temos que caminhar muito para chegarmos a uma sociedade civilizada, livre da cultura da violência. Use sua nova função para batalhar por todas nós, incluindo você, que sofreu na própria pele essa barbárie”

Foto: Mídia Ninja

A deputada estadual Manuela d’Àvila (PCdoB-RS) manifestou solidariedade à futura ministra de Mulheres, Família e Direitos Humanos, a pastora evangélica sergipana Damares Alves, que detalhou em seu blog pessoal e em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo o histórico de abusos e violações de que foi vítima na infância, e a convidou a integrar a luta de mulheres no combate ao que denominou de “cultura do estupro” que vitima uma mulher a cada 11 minutos no país.

Na entrevista publicada no dia 18 de dezembro, Damares revela à Folha que foi violentada por dois pastores da igreja que ela e a família frequentavam. Aos 10 anos de idade, pensou em se matar e conta que subiu em uma goiabeira com veneno de rato dentro de um saquinho plástico. A explicação do que a fez desistir foi “ter visto Jesus”. Além dessa afirmação, a futura ministra vem sendo criticada por suas propostas políticas contraditórias com a pasta que eventualmente irá comandar. A mais polêmica delas envolve a ideia absurda de uma “bolsa estupro” que seria concedida a mulheres vítimas de estupro que viessem a engravidar e não optassem pelo aborto – previsto em Lei para esses casos.

Na mensagem postada em uma rede social, Manuela d’Àvila lembra que é impossível punir estupradores sem uma polícia qualificada. “Damares, que terrível história de abuso e violação da infância que passastes. Sentimos muito por você. Sentimos muito por cada mulher que é estuprada a cada 11 minutos em nosso país. Nós precisamos nos unir na mesma direção, lutando para que nenhuma criança, para que nenhuma mulher, passe pelo que passaste”.

Futura ministra de Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Futura ministra de Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A parlamentar afirma que o crime de violência sexual não pode prescindir de uma mudança estrutural na segurança pública. “Sempre se falou em muitas reformas. Mas nunca falamos da reforma da segurança pública, por exemplo. Precisamos discutir especialmente sobre crimes sexuais. Não existe prender estuprador sem polícia. Precisamos batalhar por uma polícia que esteja equipada, com capacidade, com inspetoria, ouvidoria, com legitimidade social”, propõe a ex-candidata a vice na chapa de Fernando Haddad (PT-SP) à presidência da República.

Uma mudança na “cultura do estupro”, uma das principais causas dos crimes sexuais, diz Manuela, passa, entre outras coisas, pela educação. “Por exemplo, quem tem a responsabilidade de educar algum menino, quantas vezes já conversou com ele para dizer que ele nunca deve estuprar uma mulher? Que ele só pode tocar o corpo de uma menina se ela permitir? Que se a mulher disser não é não e que ele não pode forçar a barra? Que se a menina não estiver em condições de dizer sim ou não vale como não? Você já conversou com o seu menino sobre esse assunto? Enquanto não tratarmos o estupro como deve ser tratado não se combaterá, de fato, esse crime hediondo”, argumenta. “Temos, portanto, Damares, que caminhar muito para chegarmos a uma sociedade civilizada e que (rejeite) a cultura da violência. Use sua nova função para batalhar por todas nós, incluindo você, que sofreu na própria pele essa barbárie. Contamos contigo, estamos contigo!”, conclui a deputada.

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