POLÍTICA

Sistema S é alvo de operação da PF

Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, que foi de apoiador a crítico de Bolsonaro foi preso com mais dez suspeitos
Da Redação / Publicado em 19 de fevereiro de 2019

 Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade foi preso pela PF durante a operação Fantoche

Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil

Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, foi preso pela PF durante a operação Fantoche

Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil

Na manhã desta terça-feira, 19, a Policia Federal prendeu temporariamente o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, como parte da Operação Fantoche. Ele e outros dez suspeitos – que, segundo a Polícia Federal (PF), fraudavam convênios do Ministério do Turismo com entidades do Sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Sebrae) – tiveram prisões autorizadas pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco. Investigação mira convênios de entidades privadas com o Sistema S.

Engenheiro mecânico, Andrade presidiu a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) entre 2002 e 2010, quando assumiu seu primeiro mandato no comando da CNI, tendo sido reeleito em 2014 e em 2018.

A operação deflagrada pela PF esta manhã conta com a colaboração do Tribunal de Contas da União (TCU). Ao todo, 213 policiais federais e oito auditores do TCU estão cumprindo 40 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão temporária, nos estados de Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, da Paraíba, de Mato Grosso do Sul, Alagoas e no Distrito Federal.

POLÍCIA – De acordo com a PF, o grupo atua desde 2002 e pode ter movimentado mais de R$ 400 milhões. O dinheiro era movimentado por meio de contratos e convênios que entidades de direito privado, sem fins lucrativos, assinavam com o Ministério do Turismo e com unidades do Sistema S. A maior parte dos contratos previa a execução de eventos culturais e de publicidade. Superfaturados, não eram integralmente executados e os valores desviados eram destinados a empresas controlados por uma mesma família – cujo nome não foi informado.

NOTA – Em nota, o Ministério do Turismo informou que já tinha determinado auditoria completa em todos os instrumentos de repasse antes mesmo de tomar conhecimento da investigação da PF. A análise resultou no cancelamento de um contrato no valor de R$ 1 milhão. “O Ministério do Turismo, que não é alvo das buscas e apreensões da Operação Fantoche, está totalmente à disposição para colaborar com a investigação”, assegura a pasta, ao destacar que nenhum novo convênio foi assinado este ano.

ALIADO – Robson Braga de Andrade foi um dos apoiadores do impeachment de Dilma Rousseff e da candidatura Jair Bolsonaro, porém recentemente fez duras críticas ao governo por ir, segundo sua opinião, “na contramão da tendência mundial ao extinguir o Ministério das Indústrias” que passou a fazer parte do superministério coordenado por Paulo Guedes, além de contestar outras declarações do clã Bolsonaro que iriam contra os interesses dos industriais nacionais, como por exemplo as falas que envolvem parceiros importantes como a China. Mais tarde, Andrade disse aceitar as decisões do governo.

CONTRAPONTO – Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que tem conhecimento de que o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, está na Polícia Federal, em Brasília. De acordo com a entidade ele está no local para prestar esclarecimentos. “A CNI não teve acesso à investigação e acredita que tudo será devidamente esclarecido. Como sempre fez, a entidade está à disposição para oferecer todas as informações que forem solicitadas pelas autoridades.”

 

 

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