POLÍTICA

Ministro da Educação pode cair nesta quinta-feira

Processo de desgaste de Ricardo Vélez Rodrigues, indicado por Olavo de Carvalho, foi agravado pela exoneração do presidente do Inep e falta de projetos para a pasta
Por Gilson Camargo / Publicado em 27 de março de 2019
O ministro da Educação, Ricardo Vélez, foi aconselhado a deixar o cargo ao participar de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. À noite, já estava demissionário

Foto: Marcelo Camargo/ Agencia Brasil

O ministro da Educação, Ricardo Vélez, foi aconselhado a deixar o cargo ao participar de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. À noite, já estava demissionário

Foto: Marcelo Camargo/ Agencia Brasil

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues, deverá ser demitido do cargo, de acordo com fontes do governo. A informação foi divulgada pela jornalista Eliane Cantanhêde no canal Globo News. “Bolsonaro decidiu demitir o ministro da Educação, Velez Rodrigues. Os motivos são óbvios”, anunciou a jornalista. Em sua conta no Twitter, Bolsonaro negou que tenha demitido o ministro. A demissão não foi confirmada pelo Palácio do Planalto, mas a saída do ministro seria uma questão de tempo, segundo a comentarista de política do canal para a assinantes da Rede Globo. “Pode ser em horas, pode ser em dias, mas deve ser muito rapidamente. Ele [Vélez] não vai ficar no governo”, afirmou Eliane. A expectativa é que a demissão do ministro seja anunciada ainda nesta quinta-feira, 28.

Desgastado por recuos no comando da pasta, falta de projetos e declarações desastradas, Vélez vinha num processo de desgaste nos últimos dias. Na terça-feira, após ser desautorizado pelo ministro em relação ao processo de avaliação da educação básica, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, pediu exoneração do cargo. Vélez o acusou de “puxar o tapete”. Em resposta, Marcus Vinícius classificou Vélez Rodríguez de “gerencialmente incompetente” e afirmou que o ministro não teria “controle emocional” para conduzir o MEC. O ministério está no centro de uma disputa entre o setor militar do governo e a ala de seguidores do astrólogo Olavo de Carvalho, guru ideológico da família Bolsonaro e responsável pela indicação de Vélez. O ministro demissionário é teólogo, filósofo, ensaísta e professor colombiano naturalizado brasileiro.

PEDE PRA SAIR – Durante uma audiência pública realizada à tarde na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, na qual apresentou propostas consideradas vagas pelos parlamentares, Vélez foi aconselhado a deixar o ministério. O ministro foi duramente criticado por parlamentares que cobraram projetos para a pasta. “Muitos pediram para eu sair, mas não vou sair. Por que é um passeio às ilhas gregas? Não. O cargo é um abacaxi do tamanho de um bonde. Mas topei o convite porque quero devolver ao meu país o que ele fez por mim”, defendeu-se Vélez.

Em resposta ao deputado Ivan Valente (Psol-SP), que pediu sua renúncia durante audiência, afirmando que ele já estaria “no bico do corvo”, Vélez afirmou: “Não renuncio, não faz sentido. Só apresentaria minha renúncia ao presidente da República. Ou ele me demite”. O deputado do PSol interrompeu a resposta do ministro: “Falta muito?”. Aliel Machado (PSB-PR) disse que a impressão é que o ministro não tem controle do ministério. “Em menos de três meses houve mais de 15 exonerações em cargos estratégicos e importantes e seis recuos no MEC”, citou. Para ele, “pessoas com influência no governo, de fora do País, controlam interesses dentro do ministério”. “Onde encontro os projetos do ministério? Quando serão entregues?”, questionou a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que acusou o ministro de apresentar à Comissão de Educação “apenas uma carta de intenções”. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a postura do ministro foi um desrespeito aos parlamentares da Comissão.

Ainda nesta quarta-feira, o diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Paulo César Teixeira pediu demissão. A diretoria é a responsável pela realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A exoneração de Teixeira ocorreu logo após a demissão de Marcus Vinicius Rodrigues do cargo de presidente do Inep. A exoneração de Rodrigues foi publicada na noite de terça, em edição extra do “Diário Oficial da União”.

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