Roberto Alvim é exonerado após publicar vídeo com referências nazistas

Foto: Secretaria de Cultura

Foto: Secretaria de Cultura

Roberto Alvim, secretário nacional da Cultura, foi exonerado nesta sexta-feira, 17 de janeiro, pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido). Na última quinta-feira, 16, Alvim publicou nas redes sociais um discurso em que anunciava mudanças na produção cultural apoiada pelo Governo no país e para divulgar um concurso nacional de artes. No texto lido no vídeo, o secretário citou frases semelhantes às usadas por Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler durante o governo nazista.

A reação foi imediata de artistas, políticos e entidades, contrárias ao discurso de Alvim. “Opomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo”, publicou a embaixada da Alemanha no Brasil. “O Nazismo (…) jamais pode ser utilizado como forma de pensamento, referência ou argumento de qualquer governante em nosso país, o que inclusive constitui crime previsto na Lei 7.716/1989”, salientou a Ordem dos Advogados do Brasil em nota oficial. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, também rejeitaram veementemente a ação do secretário. “Passou de todos os limites”, disse Maia.

Mais cedo, ainda nesta sexta-feira, Roberto Alvim classificou como “coincidência retórica” a semelhança entre as frases usadas por ele e o discurso de Goebbels. “Não há nada de errado com a frase”, completou em seu Facebook. Em entrevista Alvim disse ter explicado ao presidente Bolsonaro sua fala e que ambos teriam se entendido. Horas depois, o presidente o exonerou. “Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência”, diz a nota enviada pela Secretaria de Comunicação da Presidência de República.

Alvim disse desconhecer a origem da frase semelhante à declaração de Goebbels. “O discurso foi escrito a partir de várias ideias ligadas à arte nacionalista, que me foram trazidas por assessores”. Entretanto, os mesmos assessores afirmaram ao portal de notícias G1 que o secretário sabia da informação e que, também por isso, a estética do vídeo era parecida com a propaganda nazista.

AS FRASES – Roberto Alvim disse que “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada.”

Já Joseph Goebbels, em sua época, disse “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada.”