POLÍTICA

10 mil mortos por Covid-19 e Bolsonaro anuncia churrasco

No mesmo sábado em que o pais deverá ultrapassar a marca dos 10 mil óbitos por coronavírus, o presidente da República anunciou um churrasco para 30 pessoas
Por César Fraga / Publicado em 8 de maio de 2020
Presidente nuncia churrasco para 30 pessoas com direito pelada no sábado, 9 de maio

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Presidente anuncia churrasco para 30 pessoas com direito à pelada no sábado, 9 de maio, em meio a pandemia

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

No final da tarde da última quinta-feira, 7, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez ironizou e contrariou as medidas de isolamento social recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ao anunciar que fará um churrasco neste sábado, 9, para uns 30 convidados.

“Vou fazer churrasco sábado aqui em casa (Palácio da Alvorada). Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha. Devem ser uns 30 (convidados). Não vai ter bebida. Vai ter vaquinha, R$ 70”, declarou o presidente enquanto retornava para o Palácio da Alvorada.

Menos de 24 horas depois, nesta sexta-feira, 8, o Ministério da Saúde do seu governo anunciou novo recorde de mortes por coronavírus em 24 horas, com 751 óbitos, totalizando 9.897. Representa um acréscimo de 8,2% em relação a ontem, quando foram contabilizados 9.146 falecimentos.

O número levou a um novo patamar, depois de uma semana na casa dos 600 óbitos ao longo da semana, o que projeta romper a marca dos 10 mil já no sábado. A letalidade ficou em 6,8%.

Com 10.222 novos casos confirmados de covid-19, o Brasil chegou a 145.328 pessoas infectadas, um aumento de 7,5% em relação a ontem, 7, quando foram registradas 135.106 pessoas nessa condição. O número foi o segundo mais alto, abaixo apenas do recorde de quarta-feira, 6, quando os novos casos atualizados somaram 10.503.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado nesta noite, 8, até hoje foram identificadas 107 mil hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), cerca de 606% em relação ao mesmo período do ano anterior. Deste total, 27.086 são por covid-19, sendo 37.101 classificados como não especificados e 38.096 em investigação. Ou seja, o número de hospitalizações pode crescer caso essas investigações atestem o diagnóstico de infecção com o novo coronavírus.

A doença no país

Sobre o perfil das hospitalizações por covid-19, 54,8% são brancos, 36,3% são pardos, 6,7% são pretos, são 1,9% amarelos e 0,3%, indígenas.

São Paulo se mantém como epicentro da pandemia no país, concentrando o maior número de falecimentos (3.416). O estado é seguido pelo Rio de Janeiro (1.503), Ceará (966), Pernambuco (927) e Amazonas (874).

Durante coletiva na tarde desta sexta-feira, o Governador de São Paulo, João Dória, prorrogou o isolamento social até final de maio e voltou a criticar a conduta do presidente da república. “O presidente deveria liderar a população com foco em salvar vidas, mas infelizmente dá péssimo exemplo para as pessoas”, disse.

Dória também reclamou do Ministro da Saúde Nelson Teich, que deveria visitar o epicentro da pandemia no país, que é São Paulo. “Faz oito dias que fizemos uma série de pedidos urgentes ao ministro e ele sequer nos respondeu”, concluiu.

Além de São Paulo foram registradas mortes no Pará (515), Maranhão (330), Bahia (183), Espírito Santo (165), Minas Gerais (139), Paraíba (114), Alagoas (108), Paraná (106), Rio Grande do Sul (91), Rio Grande do Norte (81), Santa Catarina (63), Amapá (66), Goiás (49), Rondônia (39), Acre (38), Piauí (37), Distrito Federal (37), Sergipe (28), Roraima (16), Mato Grosso (14), Mato Grosso do Sul (11), e Tocantins (9).

Os estados com maior incidência (número de casos por um milhão de habitantes) são o Amapá (2.746), Amazonas (2.588), Roraima (1.684), Ceará (1.638) Acre (1.335) e Pernambuco (1.212).

FALTA DE LEITOS – Na entrevista coletiva no Palácio do Planalto, a secretária substituta de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Cleusa Bernardo, explicou que o órgão não conseguiu êxito nos editais para a contratação de dois mil novos leitos anunciados no mês de abril. Até o momento, foram locados 540 leitos aos estados.

“A empresa que tinha feito o compromisso de entregar 2.540 leitos não conseguiu. Já estamos no 3º edital para entregar o restante”, explicou.

Além disso, também não saiu, até o momento, o levantamento de ocupação de leitos. No dia 14 de abril, o ministério editou norma que obriga os hospitais a fornecerem essas informações às respectivas secretarias de saúde.

“Em relação à disponibilização dos leitos, está prevista para semana que vem um painel em que vamos colocar os dados. Dos hospitais, já tivemos preenchimento do sistema por 416 unidades. E por que a dificuldade? Porque os hospitais estão sobrecarregados nos atendimentos. Não é fácil para eles ter tempo de fazer essa informação, eles estão encontrando dificuldades”, justificou Cleusa Bernardo.

De acordo com a gestora, foram habilitados novos 116 leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). Para cada um, a receita diária será de R$ 1,6 mil. A habilitação consiste no custeio pelo governo federal de leitos abertos pelos estados e municípios. Uma lista de quantos leitos cada estado recebeu pode ser conferida no site do MS.

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