POLÍTICA

Parlamentares pedem que TCU investigue gasto de R$ 1,8 bi do governo com alimentos

Levantamento com base em dados públicos do Ministério da Economia mostra que só em goma de mascar foram R$ 2.203.681,89 aos cofres públicos; em leite condensado foram gastos R$ 15.641.777,49
Por Gilson Camargo / Publicado em 26 de janeiro de 2021
Ministério da Defesa, que inclui as Forças Armadas concentra maior gasto com alimentos e vinhos

Foto: Johnson Barros/ Ministério da Defesa

Ministério da Defesa, que inclui as Forças Armadas concentra maior gasto com alimentos e vinhos

Foto: Johnson Barros/ Ministério da Defesa

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) protocolaram nessa terça-feira, 26, representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) contra Presidência da República a respeito dos gastos do Executivo em alimentação.

Segundo os parlamentares, é necessária uma análise criteriosa por parte do TCU para averiguar os excessos de gastos.

A representação é uma resposta à reportagem Mais de R$ 1,8 bilhão em compras: “carrinho” do governo federal tem de sagu a chicletes publicada no domingo, 24, pelo portal de notícias Metrópoles, que revelou um aumento de gastos com as compras de caráter alimentício efetuadas pelo governo federal: no último ano, todos os órgãos do Executivo pagaram, juntos, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos – um aumento de 20% em relação a 2019. Para a reportagem assinada pela jornalista Rafaela Lima, e que foi atualizada nesta terça-feira, foram considerados somente os itens que somaram mais de R$ 1 milhão pagos.

De acordo com o levantamento, feito com base em dados públicos, só em goma de mascar foram gastos R$ 2.203.681,89 em dinheiro público. Molho shoyo, molho inglês e molho de pimenta, juntos, somam por exemplo mais de R$ 14 milhões. Em leite condensado foram gastos R$ 15.641.777,49. Pizza e refrigerante também fizeram parte do cardápio do ano: débito de R$ 32,7 milhões aos cofres da União.

A gastança com dinheiro público inclui frutos do mar nas refeições, ao custo de R$ 6,1 milhões, peixes in natura e em conserva a R$ 35,5 milhões, bacon defumado (R$ 7,1 milhões) e embutidos (R$ 45,2 milhões). “Para as sobremesas, muito açúcar: sorvete, picolé, fruta em calda, doce em tablete, cristalizado, para cobertura, granulado ou confeitado. Ao gosto do cliente, por R$ 123,2 milhões”, anota a reportagem.

Em nota, o Ministério da Economia explicou que a Defesa concentra a maior parte das despesas “porque se refere à alimentação das tropas das forças armadas em serviço”

Foto: André Feitosa/ Ministério da Defesa

Em nota, o Ministério da Economia explicou que a Defesa concentra a maior parte das despesas “porque se refere à alimentação das tropas das forças armadas em serviço”

Foto: André Feitosa/ Ministério da Defesa

O Ministério da Economia explicou em nota ao Metrópoles que a maior parte desse tipo de despesa está concentrada no Ministério da Defesa “porque se refere à alimentação das tropas das forças armadas em serviço” e que toda despesa efetuada pela Administração Pública Federal “está dentro do orçamento”. A segunda maior despesa no período foi para as refeições do alto escalão do Ministério da Educação: R$ 60 milhões. O Ministério da Justiça é o terceiro órgão com despesas que superam R$ 2 milhões. “A maior parte foi para a Fundação Nacional do Índio (Funai), que, entre os itens comprados teve milho de pipoca, leite condensado e até sagu”.

Conta alta, cardápio variado

De acordo com os parlamentares, em alguns órgãos a conta pode ter sido mais alta e o cardápio mais variado. A maior parte das compras e o montante mais alto é ligado ao Ministério da Defesa. Foram mais de R$ 632 milhões com alimentação. A compra de vinhos, por exemplo, que somou R$ 2.512.073,59, foi quase toda bancada pela pasta.

No documento, os parlamentares solicitam ao TCU que adote medidas “adoudadas” para verificar a legalidade, legitimidade e economicidade das compras efetuadas a título de alimentação pelo governo federal, “cominando-se as sanções cabíveis”.

Ainda na representação, os parlamentares ressaltaram que, “em meio a uma grave crise econômica e sanitária, o aumento de gastos apontado pela matéria é absolutamente preocupante, tanto pelo acréscimo de despesas como pelo caráter supérfluo de muitos dos gêneros alimentícios mencionados”.

*Com Agência Senado e Portal Metrópoles.

Comentários