POLÍTICA

CPI pede à Justiça Federal apreensão de passaporte e condução coercitiva de empresário que faltou a depoimento

Lobista e financiador do “gabinete paralelo” que influenciou decisões do governo sobre a pandemia, Carlos Wizard obteve habeas corpus para ficar em silêncio, mas não foi à CPI
Da Redação / Publicado em 17 de junho de 2021
O empresário Carlos Wizard Martins foi apontado como um dos membros mais influentes e um dos financiadores do gabinete paralelo e foi convocado para a CPI

Fabiano Accorsi/Divulgação

O empresário Carlos Wizard Martins foi apontado como um dos membros mais influentes e um dos financiadores do gabinete paralelo e foi convocado para a CPI

Fabiano Accorsi/Divulgação

O presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM) pediu à Justiça Federal a retenção, pela Polícia Federal, do passaporte do empresário Carlos Wizard Martins, apontado como principal articulador e financiador do gabinete paralelo montado no governo federal para influenciar decisões do Ministério da Saúde em relação à pandemia. O “gabinete das sombras”, que fez lobby para que o ministério adotasse a recomendação de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19 como política pública, é citado em depoimentos da CPI. Wizard não compareceu ao depoimento previsto para esta quinta, 17, na comissão.

O empresário fez chegar à CPI a informação que estaria nos Estados Unidos. Aziz determinou que o passaporte seja devolvido apenas após a prestação de depoimento e acrescentou que vai oficiar o juiz criminal para “requisitar à autoridade policial a apresentação da testemunha faltosa”, eventualmente com auxílio da força pública.

O empresário obteve na quarta-feira, 16, um habeas corpus, concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, concedendo-lhe o direito de não responder a perguntas que o incriminassem. O presidente da CPI criticou com indignação a decisão do empresário de não aparecer no Senado depois disso. “A secretaria da comissão recebeu pedido dos advogados de Carlos Wizard de audiência com esta presidência para tratar de “redesignação de data’”. É uma brincadeira dele, né? Uma data combinada para ele vir”, reagiu Aziz. “O que me espanta é um cidadão procurar o STF para conseguir um habeas corpus para vir a esta CPI e ficar em silêncio, e não aparecer. Então para que foi ao Supremo, se não vinha? O ministro Barroso com certeza tem muitos afazeres. O sr. Carlos Wizard está achando que conseguir habeas corpus no Supremo é que nem ir à quitanda comprar bombom”, ironizou.

Auditor do TCU

Devido à sessão deliberativa do Plenário para discutir a MP da privatização da Eletrobras, foi adiado o depoimento de Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU). Ele seria ouvido a respeito de um relatório não oficial de sua autoria, usado pelo presidente Jair Bolsonaro para lançar dúvida sobre o número oficial de brasileiros mortos pela covid-19.

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