POLÍTICA

Atentado a bomba em Brasília foi ação de grupo bolsonarista

George Washington, o empresário preso por tentativa de atentado a bomba em Brasília participava de acampamentos bolsonaristas, não agiu sozinho e mais pessoas serão presas, diz delegado
Da Redação / Publicado em 26 de dezembro de 2022
Atentado a bomba em Brasília foi ação de grupo bolsonarista

Foto: Reprodução/Vídeo

Empresário do Pará, que participa dos movimentos de extrema-direita em apoio ao presidente Jair Bolsonaro foi preso por tentativa de atentado

Foto: Reprodução/Vídeo

Na manhã da véspera de natal, por volta das 7h30 da manhã, do dia 24 de dezembro, os policiais militares do Corpo de Bombeiros e da PM do Distrito Federal, em Brasília, foram acionados por uma suspeita de atentado a bomba nas proximidades do aeroporto. A Polícia Civil e Polícia Federal também foram mobilizados. No local, as forças de segurança constataram não se tratar de apenas uma suspeita, mas de uma ameaça real.

Duas bananas de dinamite foram removidas do local pelo esquadrão antibombas. O artefato, não foi explodido pela polícia, mas recolhido e enviado para perícia da Polícia Civil do Distrito Federal. Durante o processo, uma das vias de acesso ao aeroporto foi interditada.

Na noite do mesmo dia, um empresário do Pará, que participa dos movimentos de extrema-direita em apoio ao presidente Jair Bolsonaro foi preso com um arsenal de armas e bombas na capital federal e confessou ter colocado uma bomba em um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília.

George Washington foi autuado pelos crimes de terrorismo e posse e porte ilegal de arma de fogo e de uso restrito.

De acordo com a Lei 13.260/2016, é enquadrado como terrorismo “usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa”. A pena para o crime varia de 12 a 30 anos de reclusão.

Em coletiva à imprensa, o delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Robson Cândido, informou que o preso é um empresário do Pará, de 54 anos, que faz parte do grupo acampado em frente ao Quartel General do Exército e confessou que pretendia cometer um atentado na capital federal para chamar atenção do movimento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que quer impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República.

Homem confessou atentado

“Ele confessou que realmente tinha a intenção de fazer um crime no aeroporto, que seria destruir um porte ou algo do tipo para causar o caos e o objetivo dele era justamente chamar atenção para o movimento político que eles estão empenhados (de apoio a Jair Bolsonaro contra a posse de Lula)”, disse Cândido.

O homem foi preso após tentativa de explodir um caminhão-tanque, que estava próximo ao aeroporto de Brasília. A prisão ocorreu após denúncia à polícia da presença de um artefato explosivo, que logo em seguida foi detonado. O caso aconteceu da tarde de sábado.

“Ele é morador do Pará e veio justamente para participar de manifestações no Quartel General do Exército (QG). Ele faz parte desse movimento de apoio ao atual presidente Jair Bolsonaro e estão imbuídos nessa missão, segundo ele, ideológica, mas que saiu do controle e as autoridades policiais, principalmente aqui em Brasília, iremos tomar todas as providências”, acrescentou.

O delegado-geral afirmou ainda que atentados com bombas nunca foram registrados em Brasília. A PCDF encontrou armas, munições e outras emulsões explosivas com o homem em um apartamento no bairro do Sudoeste. Apesar de ter registro como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), o material encontrado estava irregular.

“Nós não iremos permitir que nenhum tipo de manifestação possa causar mal às pessoas ou ao patrimônio público”, assegurou. “Ele é CAC, porém está tudo fora das normas e será autuado por posse, porte de arma ilegal de fogo, munições e artefatos explosivos e crime contra o Estado Democrático de Direito”, completou.

Atentado a bomba em Brasília foi ação de grupo bolsonarista

Foto: PCDF/Divulgação

Arsenal ilegal foi apreendido pela polícia no apartamento em que o terrorista foi preso

Foto: PCDF/Divulgação

Ministro da Justiça

Na tarde de hoje, o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, publicou de forma protocolar nas redes sociais que “oficiou à Polícia Federal para acompanhar a investigação e, no âmbito de sua competência, adotar as medidas necessárias quanto ao artefato encontrado ontem (24) em Brasília. Importante aguardarmos as conclusões oficiais, para as devidas responsabilizações”.

Por meio do Twitter, o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública do governo eleito, Flávio Dino, classificou de “terrorismo” a tentativa de explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília investigada pela polícia de Brasília.

“Os graves acontecimentos em Brasília comprovam que os tais acampamentos patriotas viraram incubadoras de terroristas. Medidas estão sendo tomadas e serão ampliadas, com a velocidade possível”, afirmou Dino. “O armamentismo gera outras degenerações. Superá-lo é uma prioridade”.

Dino agradeceu a rapidez da Polícia Civil do DF

“Reitero o reconhecimento à Polícia Civil do DF, que agiu com eficiência. Mas, ao mesmo tempo, lembro que há autoridades federais constituídas que também devem agir, à vista de crimes políticos”, disse. “Não há pacto político possível e nem haverá anistia para terroristas, seus apoiadores e financiadores”.

Em uma nova postagem, o futuro ministro postou que pretende propor que o Procurador Geral da República e o Conselho Nacional do Ministério Público constituam grupos especiais para combate ao terrorismo e ao armamentismo irresponsável. “O Estado de Direito não é compatível com essas milícias políticas.”

Quem é o terrorista confesso

Atentado a bomba em Brasília foi ação de grupo bolsonarista

Foto: Redes Sociais

Foto: Redes Sociais

O empresário bolsonarista que tentou realizar o atentado à bomba na área do Aeroporto Internacional de Brasília, no sábado, 24, usou explosivos oriundos de garimpos e pedreiras no Pará.

O homem tem 54 anos e se chama George Washington De Oliveira Sousa.

Ele e se deslocou do Pará para Brasília para participar dos atos em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Em depoimento na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), ele admitiu a motivação política do crime.

George é dono de uma empresa de vestuário em Santarém, no Pará. Ele veio para Brasília logo após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições, em 31 de outubro. Desde então, participa de atos em frente ao QG do Exército e mora em um apartamento alugado no Sudoeste.

“Ele estava em uma caminhonete, carro próprio, e trouxe os armamentos por lá. Mas as emulsões explosivas foram encaminhadas para ele posteriormente. Será investigado quem enviou, mas de antemão elas são oriundas de pedreiras e garimpos do Pará, mas iremos investigar essa conexão”, falou o diretor geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Robson Cândido.

De forma espontânea, o criminoso confessou tentativa de atentado e  que queria chamar atenção para as questões políticas que tem defendido. “Não temos noção de quantas pessoas colaboraram com ele, mas as investigações vão se aprofundar. Nós respeitamos as manifestações, mas quando elas fogem de princípios constitucionais e ferem a liberdade do próximo, a PCDF vai agir, e agir com rigor”, concluiu Robson.

“Se esse material adentrasse o Aeroporto de Brasília, próximo a um avião com 200 pessoas, seria uma tragédia aqui dentro de Brasília, jamais vista, seria motivo de vários noticiários internacionais, mas nós conseguimos interceptar”, disse Robson Cândido.

“Ele confessou que tinha intenção de cometer um crime no Aeroporto, com objetivo de chamar atenção para o movimento a favor do atual presidente Jair Bolsonaro, que eles estão empenhando no QG”, disse Robson Cândido.

Segundo a PCDF, o criminoso tem registro de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC). Questionado, o delegado Robson Cândido explicou que ele tem a licença, porém tudo que foi apreendido,está fora das normas.

Mais gente envolvida em atentado

O depoimento mostra ainda que plano foi traçado com o auxílio de outros manifestantes golpistas acampados em frente ao quartel do Exército em Brasília. A intenção do grupo, diz o homem, era ainda explodir parte das instalações elétricas do Distrito Federal.

“Uma mulher desconhecida sugeriu aos manifestantes do QG que fosse instalada uma bomba na subestação de energia em Taguatinga para provocar a falta de eletricidade e dar início ao caos que levaria à decretação do estado de sítio”, contou Sousa no depoimento.

Ele foi preso após o motorista do caminhão identificar o explosivo no veículo. Segundo a polícia, o artefato só não explodiu por uma falha técnica na operação do detonador pelo bolsonarista. Sousa é empresário, morador do Pará e está capital federal ecoando pedidos de golpe para que Lula não assuma o poder.

“Tem outras pessoas envolvidas (no planejamento do atentado) que serão identificadas e presas. Ele queria, o grupo dele, gostaria de chamar a atenção, justamente ir para o aeroporto explodir lá esse artefato para causar um tumulto dentro da nossa cidade com esse objetivo ideológico deles, político”, disse o diretor-geral da Polícia Civil do DF, delegado Robson Cândido, em coletiva imprensa.

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