SAÚDE

Amazonas tem 903 casos confirmados de dengue

Surtos da doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti ameaçam 11 estados, com 300 mil notificações no primeiro trimestre
Por Gilson Camargo / Publicado em 16 de março de 2020
Combate à larca do mosquito mobiliza equipes de vigilância em saúde no Amazonas. Dos 62 municípios do estado, 45 registraram incidência do mosquito, o que indica risco de uma nova epidemia

Foto: José Nildo/ Semsa/ Divulgação

Combate à larca do mosquito mobiliza equipes de vigilância em saúde no Amazonas. Dos 62 municípios do estado, 45 registraram incidência do mosquito, o que indica risco de uma nova epidemia

Foto: José Nildo/ Semsa/ Divulgação

O número de pessoas infectadas por dengue nos dois primeiros meses do ano no estado do Amazonas triplicou desde o ano passado. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) sobre Arboviroses, doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti, são 903 casos confirmados de dengue no período de janeiro a fevereiro de 2020. Nesse mesmo período no ano passado foram 301 contágios confirmados. Os vírus da dengue, chikugunya e zika provocam sintomas parecidos, como febre, manchas vermelhas, dor de cabeça, dor nas articulações e diarreia. A dengue é considerada a mais grave entre as três. No Amazonas, circulam quatro sorotipos diferentes do vírus, e as formas mais graves podem levar à morte. Segundo dados do Ministério da Saúde, o país enfrentou um aumento de quase 500% nos casos de dengue de 2018 para 2019 e nos primeiros três meses de 2020 já são 300 mil notificações.

No Amazonas, os reservatórios e utensílios para armazenamento de água são os principais focos de reprodução do mosquito. Neste ano, a FVS-AM adquiriu e distribuiu 17 mil capas protetoras para caixas d’água no Amazonas. Dos 62 municípios do estado, 45 registraram incidência do mosquito, o que indica risco de uma nova epidemia. A última grande incidência da dengue no estado ocorreu em 2011, quando foram notificados 65 mil casos na capital e em 24 municípios infestadas pelo aedes aegypti. De janeiro a fevereiro deste ano, a doença atingiu 18 cidades.

A diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Costa, destaca que nos últimos cinco anos, enquanto outros estados enfrentavam epidemias mais graves da dengue, o Amazonas reduziu de forma sustentada o número de pessoas infectadas, o que levou a um aumento de pessoas susceptíveis ao contágio.

De janeiro a fevereiro deste ano, a dengue atingiu 18 municípios do Amazonas: Atalaia do Norte (1), Boca do Acre (17), Carauari (240), Codajás (1), Eirunepé (55), Envira (10), Guajará (218), Humaitá (82), Iranduba (4), Lábrea (4), Manaus (137), Manicoré (1), Parintins (5), Presidente Figueiredo (11), São Gabriel da Cachoeira (52), São Paulo de Olivença (3), Tabatinga (60), Tefé (2).

O resultado do 1º Levantamento do Índice Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa) de 2020, aponta para cinco municípios com alto risco de infestação (São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Lábrea, Novo Aripuanã, Novo Airão), 15 com médio risco (Boca do Acre, Borba, Carauari, Coari, Guajará, Humaitá, Iranduba, Itacoatiara, Jutaí, Manaus, Maués, Nova Olinda do Norte, Santo Antonio do Içá, Tabatinga e Tefé) e 23 com baixo risco (Alvarães, Apuí, Anori, Autazes, Barcelos, Benjamin Constant, Beruri, Boa Vista do Ramos, Careiro, Codajás, Eirunepé, Japurá, Manacapuru, Manaquiri, Manicoré, Nhamundá, Parintins, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Paulo de Olivença, Tapauá, Tonantins, Urucurituba).

De acordo com o chefe do Departamento de Vigilância Ambiental (DVA-FVS), Elder Figueira, o LIRAa é uma importante ferramenta para que as secretarias municipais de saúde adotem as medidas de combate ao Aedes aegypti, de forma mais eficaz, principalmente considerando o tipo de criadouro predominante e os imóveis com maior número de focos do mosquito.

“Estamos no período chuvoso no Amazonas, e o LIRAa é a bússola para orientar a intensificação constante do controle de todas as doenças transmitidas pelo mosquito”, avaliou Elder.

Em todo o país, houve um aumento de 70% nos casos de dengue, de acordo com o Ministério da Saúde. Com mais chuvas e menos calor na maior parte das regiões em janeiro, é provável, de acordo com o ministério, que as epidemias ocorram a partir de março. No começo do ano, 11 estados já apresentavam indícios de surto de dengue, sendo que a região Nordeste, o Rio de Janeiro e o Espírito Santo podem ter epidemia do sorotipo 2.

De janeiro a dezembro de 2019, foram quase 1,55 milhão de notificações, o que representa um aumento de quase 500% na comparação com 2018. Somente em São Paulo, foram 444.593 contágios. Nos primeiros três meses de 2020 foram notificados 300 mil casos ao Ministério da Saúde. De acordo com boletim divulgado na última sexta-feira pela Vigilância Epidemiológica de Mogi Mirim, o município teve um aumento de 37,14% de casos confirmados em uma semana, de 700 para 960 infectados de janeiro até o início de março. Outras 3,3 mil notificações são investigadas pela Secretaria de Saúde.

ZIKA E CHIKUNGUNYA – Nove casos de zika, doença transmitida pelo mesmo inseto transmissor da dengue, foram confirmados no primeiro bimestre de 2020 em Manaus. No ano passado, eram sete no período, sendo seis na capital e um em Novo Airão. O boletim aponta ainda que houve um caso de Chikungunya no bimestre, contra seis no primeiro bimestre de 2019.

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