SAÚDE

Mortes por coronavírus já ultrapassam 4 mil e 58,5 mil estão infectados

Nas últimas 24 horas, ocorreram mais de 5,5 mil novos casos de contágio e 346 mortes em todo o país.
Por Gilson Camargo* / Publicado em 25 de abril de 2020
Capitais que adotaram medidas mais brandas de isolamento estão com sistemas de saúde no limite

Foto: Agência Brasil

Capitais que adotaram medidas mais brandas de isolamento estão com sistemas de saúde no limite

Foto: Agência Brasil

O contágio pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), que provoca a Covid-19, vem aumentando em média 7% ao dia no país e, depois de registrar recordes sucessivos de óbitos, as secretarias estaduais de saúde informaram uma redução no total de vítimas fatais entre sexta-feira, 24, e este sábado, 25. O Brasil chegou a 58.509 casos confirmados de contaminação por coronavírus, conforme atualização do Ministério da Saúde divulgada no início da tarde – as notificações continuam sendo enviadas pelos estados ao ministério, ou seja, esses números já estão defasados. Nas últimas 24 horas, entraram nas estatísticas 5.514 pessoas infectadas, um aumento de 7,1% em relação ao último levantamento, de sexta, quando foram registrados 52.995 casos confirmados. Até o momento, 29.160 pacientes deixaram as unidades de saúde depois de se recuperarem da doença, o que equivale a 50% do total de infecções. Outros 25.333 doentes estão em acompanhamento.

O ministério da Saúde anunciou a assinatura de decretos para habilitar 1.740 leitos de UTI adulto e 21 leitos de UTI pediátrica voltados exclusivamente para atendimento aos pacientes graves ou críticos de coronavírus em 64 municípios de 19 estados: Acre, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. Em um post no Twitter neste sábado, o ministro Nelson Teich comunicou que a pasta distribuirá 272 respiradores produzidos pela indústria nacional até o final deste mês. A quantidade de equipamentos a serem enviados aos estados corresponde a menos de 2% do total prometido pela pasta: 14.100 respiradores.

Desde sexta-feira, foram notificadas 346 mortes, totalizando 4.016 o total de vítimas fatais da pandemia em todos os estados. A Covid-19 provocou 9,4% mais óbitos nas últimas 24 horas. De acordo com o ministério da Saúde, outras 1.312 estão em investigação.

São Paulo se mantém como epicentro da pandemia no país, concentrando o maior número de falecimentos (1.667). O estado é seguido pelo Rio de Janeiro (615), Pernambuco (381), Ceará (310) e Amazonas (287). Além disso, foram registradas mortes no Maranhão (100), Pará (86), Bahia (70), Paraná (69), Minas Gerais (58), Paraíba (46), Espírito Santo (47), Santa Catarina (42), Rio Grande do Norte (38), Alagoas (29), Distrito Federal (26), Goiás (25), Amapá (19), Piauí (17), Acre (11), Sergipe (nove), Mato Grosso (nove), Mato Grosso do Sul (sete), Rondônia (sete), Roraima (três) e Tocantins (duas).

RIO GRANDE DO SUL – O estado tem 1.166 notificações por coronavírus, de acordo com a secretaria estadual da Saúde, sendo 428 em recuperação, 703 recuperados, e 35 mortes. Porto Alegre notificou neste sábado 430 casos confirmados, 420 suspeitos, 1.175 descartados, 234 recuperados e 12 óbitos. Do total de infectados na capital gaúcha, 56 são pacientes de UTI, sendo 35 com diagnóstico confirmado e 21 com suspeita de Covid-19.

Cidade de São Paulo decreta luto por três dias

Prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), decretou luto por três dias após registrar a milésima mortemilésima morte

Foto: Leon Rodrigues/PMSP/ Divulgação

Prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), decretou luto por três dias após registrar a milésima morte

Foto: Leon Rodrigues/PMSP/ Divulgação

No estado de São Paulo, um em cada cinco municípios registrou ao menos um caso fatal, totalizando 128 cidades com uma morte em cada uma. A capital teve neste sábado o primeiro registro de óbito de uma criança com menos de um ano de idade. A vítima tinha sete meses e era portadora de comorbidades. Com quase 60% dos leitos de UTI lotados, a capital atingiu mil mortos pela Covid-19 na última sexta-feira.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) decretou luto oficial de três dias e anunciou um plano de emergência em cemitérios para atender ao aumento da demanda em virtude da pandemia. Foram criados um centro de informação e outro de logística para sepultamentos, locação de câmaras refrigeradas, contratação de novos coveiros, novas sepulturas. A prefeitura também autorizou a abertura de agências funerárias dentro dos hospitais municipais e a possibilidade de as famílias contratarem diretamente serviços funerários privados, o que representa 20% de redução a menos sobre o sistema funerário público.

CRIANÇA – Somente neste sábado, o estado teve 1.667 mortes pelo novo coronavírus, 155 a mais em relação à sexta-feira. São 20.004 casos confirmados em 285 municípios, número que representa 44% do território estadual. De acordo com a secretaria estadual de Saúde, a concentração na capital é de aproximadamente 65% dos casos e 66% das mortes, percentual que vem caindo à medida que ocorre o avanço da doença para interior, litoral e Grande São Paulo, que já somam 568 óbitos e 6906 casos. Nas últimas 24 horas, mil novos pacientes foram internados, chegando a 7,4 mil suspeitos e confirmados em hospitais – 2.906 em UTI e 4.546 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos para atendimento de Covid-19 em UTI está em 58,9% na capital e 77,3% na Grande São Paulo.

Curados não estão protegidos de contágio, diz OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou neste sábado alertando que “não há evidências” de que pessoas que se recuperaram da Covid-19 e possuem anticorpos estejam protegidas de uma segunda infecção pelo coronavírus. Em um briefing científico, a agência das Nações Unidas alertou governos contra a emissão de “passaportes de imunidade” ou “certificados de livre de riscos” às pessoas que foram infectadas, uma vez que sua precisão não pode ser garantida.

A prática poderia, na verdade, aumentar os riscos de propagação contínua da doença, à medida que pessoas que se recuperaram podem ignorar conselhos sobre as precauções que devem ser tomadas contra o vírus. “Alguns governos sugeriram que a detecção de anticorpos ao Sars-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19, poderia servir como a base para um ‘passaporte de imunidade’, ou ‘certificado de livre de riscos’, que permitiria a indivíduos viajar ou voltar para casa, assumindo que eles estariam protegidos contra a reinfecção”, disse a OMS. “Atualmente não há evidências de que pessoas que se recuperaram da covid-19 e possuem anticorpos estão protegidas de uma segunda infecção”.

O Chile anunciou na semana passada que começaria a distribuir “passaportes de saúde” para pessoas consideradas recuperadas da doença. Uma vez rastreado o desenvolvimento de anticorpos para torná-las imunes ao vírus, elas poderiam retornar imediatamente ao trabalho.

A OMS disse que continua avaliando evidências sobre as respostas de anticorpos ao vírus, que surgiu na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado. Cerca de 2,8 milhões de pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus em todo o mundo, sendo que mais de 200 mil morreram.

A maior parte dos estudos mostra que as pessoas que se recuperaram da infecção têm anticorpos para o vírus, admite a OMS. No entanto, algumas delas possuem níveis muito baixos de anticorpos neutralizadores no sangue, “sugerindo que a imunidade celular também pode ser fundamental para a recuperação”, concluiu a organização.

Brasil foi excluído de iniciativa global que busca a vacina para a Covid-19 após ataques dos Bolsonaro à OMS e à irrelevância do país com o diplomata terraplanista Ernesto Araújo

Foto: Ministério das Relações Exteriores/ Divulgação

Brasil foi excluído de iniciativa global que busca a vacina para a Covid-19 após ataques dos Bolsonaro à OMS e à irrelevância do país com o diplomata terraplanista Ernesto Araújo

Foto: Ministério das Relações Exteriores/ Divulgação

BRASIL EXCLUÍDO – A OMS anunciou na sexta-feira, 24, uma “colaboração emblemática” para acelerar o desenvolvimento, a produção e o uso de medicamentos, testes e vacinas seguros e eficazes para prevenir, diagnosticar e tratar a Covid-19. A iniciativa Access to Covid-19 Tools Accelerator ou ACT Accelerator, irá tornar as tecnologias contra a doença “acessíveis a todos que precisam delas, no mundo inteiro”. Desde janeiro, a organização trabalha com milhares de pesquisadores em diversos países para o desenvolvimento emergencial de vacinas, desde o teste em cobaias até ensaios clínicos. “Também desenvolvemos diagnósticos que estão sendo usados ​​em todo o mundo e estamos coordenando um estudo global sobre a segurança e eficácia de quatro terapêuticas contra o Covid-19”, revelou o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus. O programa visa acelerar a produção e distribuição de tratamentos para enfrentar a pandemia e garantir uma vacina em tempo recorde, com um fundo superior a R$ 45 bilhões. Devido aos ataques do presidente Bolsonaro e de seus filhos à OMS e à irrelevância a que a sua diplomacia foi relegada sob a gestão do ministro terraplanista das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o Brasil que sempre liderou iniciativas globais de acesso a medicamentos acabou excluído da iniciativa.

Isolamento na cidade do Rio de Janeiro está em 78%

Estado do Rio de Janeiro inaugurou neste sábado o hospital de campanha no Leblon. Na capital, 60% dos leitos de enfermaria e 74% de UTI estão lotados

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Estado do Rio de Janeiro inaugurou neste sábado o hospital de campanha no Leblon. Na capital, 60% dos leitos de enfermaria e 74% de UTI estão lotados

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Dados estatísticos de monitoramento de pedestres, captados por câmeras espalhadas pela capital fluminense, indicam que o isolamento social no Rio de Janeiro ficou em 77%, de 12 a 18 de abril, na semana epidemiológica número 16. Nos hospitais públicos da cidade do Rio, 60% dos leitos de enfermaria e 74% de UTI estão ocupados. O Governo do estado inaugurou neste sábado o primeiro hospital de campanha dedicado exclusivamente a pacientes do SUS infectados pela Covid-19. A estrutura foi erguida em 19 dias num terreno ao lado do 23º BPM, no Leblon, Zona Sul da capital. Tem 200 leitos, metade de UTI e será operado pela Rede D´Or. A unidade iniciará com 30 leitos, sendo 10 de UTI.

Na primeira semana de imposição das medidas restritivas na cidade, devido à pandemia do novo coronavírus, entre 13 e 21 de março, a queda na circulação de pessoas chegou ao pico de 85%, índice repetido na semana seguinte, mas que vem diminuindo desde então.

Os dados de hoje (25) mostram um isolamento social de 78% em toda a cidade, indo de 70% em Copacabana a 91% no Flamengo.

As informações são da empresa de inteligência artificial Cyberlabs, que faz o monitoramento desidentificado de transeuntes por meio de 400 câmeras do Centro de Operações Rio (COR), desde dezembro do ano passado, em uma parceria não onerosa com a prefeitura. Com isso, é possível comparar a movimentação habitual pelas ruas da cidade verificada no começo do ano com a diminuição da circulação depois da pandemia.

De acordo com o sócio fundador da Cyberlab Felipe Vignoli, o dado é uma amostragem, feita com base na contagem de pessoas nas ruas captadas pelas câmeras a cada minuto. Ele lembra que não são todas as ruas que têm câmeras, os equipamentos que estão concentrados na zona sul da cidade.

“Esse número absoluto não indica a população, ele indica uma amostra. Nosso trabalho indica uma magnitude, e não uma precisão do número. Agora, isso estatisticamente é bastante acurado para você medir o nível de isolamento social do bairro.”

Vignoli explica que o dado estatístico representa, em diferenças percentuais, a circulação atual de pessoas comparada ao que era medido antes da quarentena.

“O dado é sempre comparativo. Por exemplo, hoje, um sábado, compara com um sábado comum de antes do covid-19. No centro, por exemplo, pego a comparação de uma segunda-feira com uma segunda-feira de antes, e de um sábado com outro sábado, para ser uma comparação justa. E sempre só naquele bairro”.

*Com informações da Agência Brasil e secretarias estaduais da Saúde.

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