SAÚDE

Uso da membrana amniótica em tratamento clínico é autorizada pelo Conselho Federal de Medicina

Mas a utilização do tecido, que substitui a pele no tratamento de queimaduras, ainda depende de análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS e do Sistema Nacional de Transplante
Por Redação / Publicado em 22 de outubro de 2021

Foto: Igor Sperotto

Foto: Igor Sperotto

O plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou, nesta quinta-feira, 21, o uso da membrana amniótica, tecido que envolve a placenta, em queimaduras, úlceras diabéticas, oftalmologia e ginecologia. O parecer deverá ser publicado em uma semana, mas a aprovação para o uso no tratamento clínico no Brasil ainda depende de aprovação na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e do Sistema Nacional de Transplante (SNT).

A decisão do Conselho Federal de Medicina veio ao encontro da expectativa das equipes que atuam nos bancos de pele do país. O cirurgião plástico e diretor do Banco de Pele da Santa Casa de Porto Alegre  (RS), Eduardo Chem, protagoniza, desde 2013, após o incêndio da Boate Kiss, que deixou 242 mortos e 690 feridos, um movimento nacional para garantir o uso da membrana amniótica e realiza há oito anos uma verdadeira cruzada pela normatização.

Atualmente, os quatro bancos de pele do Brasil suprem somente 10% das necessidades deste curativo biológico. Dependem da doação de pele para transplante. Segundo Eduardo Chem, a utilização da membrana amniótica supera em cicatrização, qualidade e em custo qualquer outro curativo biológico e possibilitará o atendimento de 100% das necessidades por pele no país.

A membrana amniótica é captada somente no parto cesariana e com o consentimento da família. Após a captação, ela é levada a um banco de tecidos para que seja feita a descontaminação, como se faz com a pele.

“Como existe em abundância, podemos usar não só em grandes queimados com queimaduras extensas de terceiro grau grave, mas, também, em queimaduras menores de segundo grau e nas zonas doadoras do auto enxerto que costuma doer bastante. Enfim, aumenta muito a gama da utilização dela”, explica o médico.

“Trata-se de uma conquista importante em prol das milhares de vítimas de queimaduras que ocorrem no Brasil todos os anos”, destaca Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta, que atua há nove anos, por meio do projeto Cultura Doadora, na sensibilização da sociedade brasileira pela doação de órgãos e tecidos e pela qualificação do sistema de transplante do país.

No início desta semana, a Fundação Ecarta havia encaminhado oficio ao presidente do Conselho Federal de Medicina pedindo empenho pela aprovação da portaria normativa que viabilize a utilização da membrana amniótica pelos bancos de pele. “O processo estava parado para análise do Conselho há vários anos”, observa Fuhr.


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