SAÚDE

Cultura Doadora promove show e lives pela doação de órgãos

A semana do Dia Nacional de Doação de Órgãos será marcada com show de Los 3 Plantados e dois painéis virtuais que reúnem famílias doadoras e representantes de diferentes religiões para falar sobre o tema
Por Redação / Publicado em 26 de setembro de 2022
Cultura Doadora promove show e lives pela doação de órgãos

Foto: Fernanda Chemale

Los 3 Plantados: Bebeto Alves, King Jim e Jimi Joe

Foto: Fernanda Chemale

Setembro é o mês escolhido para reforçar aos brasileiros como a doação de órgãos e tecidos é um ato de grande generosidade que tem salvado muitas vidas, mas que pode salvar muito mais. Foi com este propósito que foi instituído, em 2007, o Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado em 27 de setembro.

Para se ter uma ideia do quanto a doação pode salvar mais vidas, hoje em lista de espera por um órgão (fígado, coração, rins, pulmão…) estão mais de 52 mil pacientes adultos e crianças. Somente no Rio Grande do Sul, são 2.596 pessoas em lista, sendo 61 crianças.

O projeto Cultura Doadora, instituído pela Fundação Ecarta há 10 anos para reforçar esta frente pela doação de órgãos e tecidos, realiza nesta semana, atividades com a participação de diferentes agentes no processo que vai da doação ao pós-transplante. Todas as atividades são abertas ao público em geral e gratuitas. Confira a agenda:

Live com famílias que autorizaram a doação de órgãos

Nesta terça-feira, 27, às 19h, integrantes de cinco famílias que disseram sim para doação de órgãos de familiares, que tiveram morte encefálica diagnosticada, participarão de uma live, com transmissão ao vivo pelo Canal da Fundação Ecarta no Youtube.

Alessandra Moraes, de Limeira (SP), Carolina Camilo, de Londrina (PR), Caroline Verlindo, de Porto Alegre (RS), Elcinara Keiber (Koka), de Santo Ângelo (RS) e Rejane Schwan, de Novo Hamburgo (RS), contarão como chegaram a esta decisão.

A doação de órgãos e tecidos só pode ocorrer após o diagnóstico de morte encefálica e com a autorização de parentes até segundo grau. “Conversar sobre a doação em vida facilita muito a decisão quando perdemos um familiar”, atesta Koka Keiber, que conhecia a vontade da filha Martina, falecida em 2021.

Show da banda Los 3 Plantados

Já na próxima quarta-feira, 28, às 19h, a banda Los 3 Plantados, que reúne os músicos gaúchos Jimi Joe (transplantado de rim), King Jim e Bebeto Alves (transplantados de fígado), sobe ao palco do Ecarta Musical em Porto Alegre (Avenida João Pessoa, 943) para um show especial, que contará com a participação de Felipe Rota e Julio Cascae. O show terá também transmissão ao vivo pelo Canal da Fundação Ecarta no Youtube.

A banda Los 3 Plantados foi criada há 8 anos pelos músicos, atuantes graças a famílias que em algum momento de extrema tristeza e dor fizeram valer o amor, autorizando a doação de órgãos.

A partir de suas histórias pessoais, King Jim, Bebeto Alves e Jimi Joe reuniram seus talentos, instrumentos e vozes em torno do grupo Los 3 Plantados. Fizeram canções, montaram um espetáculo no intuito de dividir a experiência de quem já esteve na fila dos transplantes e criaram um discurso musical que fala da importância de estimular uma cultura de doação de órgãos como uma cultura de valorização da vida.

Live sobre os que as religiões tem a dizer sobre a doação de órgãos

Representantes católicos, evangélicos, budistas, espíritas e de cultos de matriz africana se reúnem na próxima quinta-feira, 29, às 19h, em um painel virtual, com transmissão ao vivo pelo Canal da Fundação Ecarta no Youtube.

Participam do diálogo o doutor em teologia e vice-presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), pastor Mauro Batista de Souza; o mestre e doutorando em Teologia, padre Talis Pagot; a vice-presidente doutrinária da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, doutora em Educação, Cleusa Schuch; o pastor Guilherme, da Comunidade Cristã Brasa Church; o pesquisador da cultura e religião de matriz africana, integrante do Conselho Nacional Afro Brasileiro, Pingo Borel; e o monge noviço Sotô Zen Seikaku, presidente do Instituto Zen Maitreya – Zen do Diamante.

10 anos do Cultura Doadora

Nesta década de atividade, o projeto Cultura Doadora realizou cerca de 500 ações, entre palestras, caminhadas, reuniões, campanhas, mobilizações, projetos, exposições, shows, workshops e divulgações diversas para tratar dos aspectos que envolvem a doação e o transplante de órgãos.

O projeto constituiu uma grande rede de parceiros especializados na área em todo o país, pacientes em lista de espera,  famílias doadoras e transplantados que disponibilizam seu conhecimento para informar sobre este processo que depende da mobilização da sociedade para acontecer.

CURSOS DA SAÚDE – Nestes 10 anos de atividades, a equipe do projeto  identificou a insuficiente presença do tema dos transplantes nos currículos dos cursos nas áreas da saúde. Buscando inserir esta temática na formação, o Cultura Doadora realiza um ação articulada com as universidades e faculdades por meio da campanha + Doação e Transplante nos Currículos da Saúde.

O diálogo junto às coordenações dos cursos de medicina, enfermagem, psicologia, serviço social, entre outros, amplia a abordagem dessa temática. Um dos exemplos ocorreu em agosto na Feevale, em Novo Hamburgo, com a realização da aula magna de abertura do semestre sobre o assunto para todos os nove cursos da saúde, ministrada pelo médio Valter Garcia, referência nacional na área.

“A possibilidade de uma pessoa ser doadora é de 10%, enquanto a probabilidade de precisar de um órgão é 40%”, destaca Glaci Borges, coordenadora do Cultura Doadora. “A formação de uma cultura para a doação de órgãos é uma tarefa da família, da escola e de toda a sociedade. Oferecemos nossa contribuição de forma gratuita para escolas, universidades, empresas e diferentes instituições”. Contato com a produção do projeto pode ser feito pelo e-mail culturadoadora@fundacaoecarta.org.br.

Apenas pacientes com morte encefálica são doadores de múltiplos órgãos, representando menos de 2% do total de óbitos. Essa circunstância ocorre dentro de ambiente hospitalar, como UTIS ou emergências, e segue protocolos médicos complexos e acompanhados pelos familiares. Mesmo assim, cerca de 50% das famílias nega a doação.

Houve expressiva redução de transplantes na pandemia, resultando no falecimento de muitos pacientes que aguardavam o procedimento. O esforço nacional é para retomar o patamar alcançado antes da crise sanitária.

O exemplo de Montenegro

O município de Montenegro é um exemplo de como a sensibilização para o tema transforma a realidade. O município do Vale do Caí não tinha nenhum doador, mesmo tendo um hospital 100% SUS.

Após um movimento articulado no município a partir de 2018, com gestores, empresas, sociedade e a mídia local, o volume de doadores chegou a 62% em menos de dois anos. Inspirado neste resultado positivo, Campo Bom também deu início a uma campanha similar com grande empenho da gestão municipal.

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