SAÚDE

Programa de Imunizações comemora 50 anos e enfrenta movimento antivacina

Média de vacinação no país, que era superior a 70% despencou para 52,1% após a pandemia
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 18 de setembro de 2023
Programa de Imunizações faz 50 anos e enfrenta movimento Antivax

Foto: Paulo Pinto/ Agência Brasil/ Arquivo

Movimentos antivax estimulados por Bolsonaro reduziram média de vacinação no país

Foto: Paulo Pinto/ Agência Brasil/ Arquivo

O cinquentenário do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (MS) é comemorado nesta segunda-feira, 18. Referência mundial em vacinação pública, o programa tem à sua frente o desafio de correr atrás do tempo perdido após o golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e nos quatro de governo Bolsonaro.

De 2001 a 2015 a média nacional de cobertura vacinal esteve sempre acima dos 70%. Mas caiu para 59,9% em 2016, ano em que a presidente Dilma Roussef foi afastada do poder por meio de um golpe para que Michel Temer (MDB/SP) assumisse a presidência da República.

Com Bolsonaro no poder, o cenário se agravou mais. Foram quedas paulatinas devido à ascensão de movimentos antivacinas (antivax) estimulados pelo ex-presidente que fazia campanha contra medidas sanitárias de combate à covid-19.

Esforço conjunto

“O movimento nacional pela vacinação não tem dona, não tem dono. Não é do Ministério da Saúde, é da sociedade! Entre as resoluções da 17ª Conferência Nacional de Saúde está o aumento da cobertura vacinal no Brasil e a importância dessa atuação conjunta de governo federal, estados e de municípios para que atinjamos esse objetivo”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao participar de um evento promovido no último dia 12 pela Frente Parlamentar em Defesa da Vacina.

Além de registrar que a ampliação da cobertura vacinal no país tem que ser um esforço conjunto, Nísia apresentou resultados que o país vem colhendo com a implantação do Movimento Nacional pela Vacinação no início do ano.

Segundo ela, de 2022 para este ano já houve um aumento de 80% na vacinação contra HPV e de 100% contra a meningite no Brasil.

Desafio

Por outro lado, dados do Observatório de Saúde na Infância da Fundação Oswaldo Cruz (Observa Infância – Fiocruz/Unifase) apontam a necessidade de se retomar esforços na cobertura vacinal para crianças com menos de dois anos.

Especificamente se trata das quatro vacinas essenciais para essa faixa etária (BCG, Pólio, DTP e MMRV) que, após anos de declínio, tiveram leve reação entre 2021 e 2022.

Mas, em geral, nos últimos quatro anos, a procura por vacinas que integram o PNI despencou.

São baixas verificadas na campanha anual contra a Influenza (gripe), que não chegou a 70% do seu público-alvo neste ano, e até mesmo contra doenças erradicadas que ameaçam retorno ao Brasil, como a própria pólio.

Enquanto a meta preconizada pelo ministério é de 95% do público-alvo imunizado para manter a poliomielite sob controle, em 2022, só 77,2% foram atingidos. 

Campanha contra Antivax

A última vez em que o Brasil alcançou a meta de vacinação contra a pólio que foi erradicada em 1989 foi em 2015. Desde 2019, a marca de 80% não é ultrapassada.

Com uma cobertura contra a pólio, até o momento, em 54,4%, o MS atribui como um dos motivos para o mau desempenho o movimento Antivax que não existia no Brasil.

“Isso foi criado artificialmente durante a pandemia”, ressalta a secretária de Vigilância em Saúde do ministério, Ethel Maciel.

Contra a desinformação, no próximo dia 29 de setembro, o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra Nísia lançarão uma ofensiva contra as redes de boatos que foram estimuladas por negacionistas.

O PNI surgiu sob inspiração da cruzada promovida pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz contra a varíola que abatia parte significativa da população do Rio de Janeiro no início do século 20.

Hoje, ao todo, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece de forma gratuita à população 20 vacinas. Todas seguindo recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

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