SAÚDE

Parlamentares querem auditoria do TCE nas contas do IPE Saúde

Dirigente do IPE Saúde admitiu prática de sobrepreços na remuneração de médicos conveniados do plano dos servidores do estado
Por Gilson Camargo / Publicado em 6 de março de 2024

Foto: Letícia Solano/ Divulgação

Deputados e representantes das bancadas do PT e do PCdoB formalizaram pedido ao presidente do TCE/RS, Marco Peixoto (C) para auditoria do IPE Saúde

Foto: Letícia Solano/ Divulgação

Parlamentares do PT e do PCdoB entregaram ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/RS), nesta quarta-feira, 6, pedido de Inspeção Especial ou Extraordinária nas contas do IPE Saúde devido a uma suspeita de fraudes ou distorções suscitada após declarações públicas do diretor-presidente do IPE, Paulo Oppermann.

Em entrevista à rádio Gaúcha, do Grupo RBS, no final de fevereiro, o dirigente do IPE Saúde afirmou que a autarquia pratica sobrepreço na remuneração dos médicos conveniados.

“Posso dizer que nós estamos remunerando, estamos pagando os serviços no mesmo nível, no mesmo patamar dessas grandes operadoras”, afirmou, referindo-se aos planos de saúde. “Tanto na parte de hospital, assistencial quanto, e isso é algo que precisa ser dito, na remuneração dos médicos”, revelou Oppermann, que já foi presidente da Unimed Porto Alegre, operadora privada de planos de saúde.

Ao entregar o documento à presidência do TCE/RS, o deputado Pepe Vargas alertou para a grave situação da autarquia e reiterou uma inspeção é necessária e urgente “na medida em que o presidente do IPE Saúde fala de desequilíbrios em contratos, inclusive lança suspeitas que possa haver irregularidades nas contas que são remetidas pelo IPE Saúde”. “Ele afirma, inclusive, que não tem condições de auditar”, aponta o parlamentar.

As lideranças de bancada ressaltaram que o presidente do órgão assumiu a necessidade de uma auditoria para verificar supostas fraudes e distorções no sistema. “Se isso for verdade, é muito grave”, acrescentou Vargas.

Com as alterações na legislação, promovidas pelo governo do estado, o plano de saúde dos servidores ficou mais caro, dificultando, principalmente,  o acesso aos serviços de saúde para as pessoas com menor renda e idade avançada. “Cerca de 30 mil usuários abandonaram o plano porque não têm mais condições de pagar”, lamentou.

A deputada Sofia Cavedon, explicou que o IPE rompeu com um modelo solidário de acesso à saúde, ao onerar o usuário idoso, com o aumento além das mensalidades, também das contrapartidas. “Hoje os idosos pagam muito caro e ainda têm que abrir mão dos seus dependentes”, destacou. A parlamentar lembrou ainda que o reajuste no plano não foi revertido para os serviços de saúde, tanto que os médicos e os hospitais estão se descredenciando. “O que a gente percebe é que não houve retorno para os médicos”, constatou.

A implantação do novo modelo de remuneração para hospitais credenciados pela autarquia foram contestadas pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do RS (Fehosul) e pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS (Federação RS) e hospitais classificados como estratégicos pelo próprio IPE Saúde, que apontaram queda de 10% a 33% no faturamento das instituições.

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