MPT-SC move ação contra dono das lojas Havan por coação

Em dois dias MPT recebeu mais de 20 denúncias contra Luciano Hang por vídeo em que ameça cortar empregos e investimentos e faz propaganda política para Bolsonaro
Da Redação / Publicado em 3 de outubro de 2018
MPT de Santa Catarina moveu ação cautelar contra Hang, da rede Havan, por constranger funcionários a votarem no candidato escolhido pelo empresário

Foto: Facebook/ Reprodução

MPT de Santa Catarina moveu ação cautelar contra Hang, da rede Havan, por constranger funcionários a votarem no candidato escolhido pelo empresário

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Após receber mais de 20 denúncias em dois dias, o Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT-SC) moveu uma ação cautelar contra o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, por coação aos seus funcionários. Em vídeo direcionado aos colaboradores da empresa, publicado na segunda-feira, 1º de outubro, Hang ameaça cortar investimentos e fechar unidades caso a esquerda chegue ao poder e assume seu posicionamento pró-Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL. “Você está preparado para deixar a Havan?”, diz o empresário, em tom ameaçador, na gravação.

A ação determina que Luciano abstenha-se de coagir voto de seus empregados, tanto no primeiro quanto no segundo turno, que divulgue em suas redes sociais e em todas as lojas da Havan no país um comunicado ressaltando a liberdade de voto de seus funcionários e estabelece multa de R$ 500 mil por infração, acrescida de R$ 10 mil por trabalhador prejudicado. No texto da ação, o MP considera que a empresa “descumpre a finalidade social do emprego, que não deveria refletir em ferramenta eleitoral ou coação financeira, mas sim em meio de subsistência das famílias brasileiras e instrumento essencial para a circulação de mercadorias e capital na nossa sociedade”.

Foto: Reprodução Facebook

Grupo de funcionário participa de vídeo em que Hang discursa sobre as eleições

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Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Hang nega a coação. “Jamais coagi […]. Você pode dizer em quem você acha que deve votar, mas nunca obrigar. Só tem duas opções agora: Bolsonaro ou PT. Eu vou rever o plano estratégico se a esquerda vencer e me preparar para deixar o país, como fizeram na Venezuela”, argumentou.

Grupo Condor investigado pelo MP Eleitoral do Paraná
O Ministério Público Eleitoral do Paraná (MPE-PR) instaurou procedimento preparatório eleitoral contra o Grupo Condor e seu presidente, Pedro Joaniz Zonta, após a divulgação de carta direcionada aos trabalhadores da rede varejista. Na terça-feira, 2 de outubro, viralizou nas redes sociais o conteúdo da carta direcionada aos colaboradores do grupo, que tem atuação no Paraná e Santa Catarina. Na mensagem, o empresário diz estar preocupado com o rumo das eleições e lista uma série de motivos para que não seja eleito um candidato de esquerda, como “agravamento da crise econômica” e “transformação do Brasil em uma Venezuela”, segundo ele. Da mesma forma, Zonta elenca qualidades ao candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro. Ele assume seu voto e pede que seus empregados façam o mesmo. “Acredito no Bolsonaro, votarei nele e peço que confiem em mim e nele para colocar o Brasil no rumo certo”, declara o empresário na carta. Veja aqui a íntegra do texto. A intenção do MPE é conferir se as declarações constantes na carta podem, de alguma forma, constranger os funcionários do grupo.

Foto: divulgação Condor

Foto: divulgação Condor

Acordo no MPT – Pedro Zonta assinou, também na terça-feira, 2, um acordo com o MPT-PR para a divulgação de nota de esclarecimento sobre a carta encaminhada aos trabalhadores nesta semana. “A rede Condor, em respeito à intimidade e à liberdade do cidadão trabalhador, vem informar que respeita as leis brasileiras e os tratados de direitos humanos, e que não tolera a imposição ou direcionamento nas escolhas políticas dos empregados durante o processo eleitoral”, diz a nota. Leia a íntegra.

O documento foi encaminhado via WhatsApp, em grupo que recebeu o comunicado original, e será também enviado para todos os trabalhadores que tenham acesso ao e-mail institucional da rede. A carta deverá ser impressa e afixada junto aos sistemas de registro de ponto, em substituição à anterior. Em caso de descumprimento do acordo, o MPT estabeleceu multa diária de R$ 100 mil.

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