ECONOMIA

Com aumento de 3,34%, Porto Alegre tem a cesta básica mais cara do país

Alimentação básica acumula alta de quase 13% no ano e já consome 139,5 horas de trabalho. Segundo Dieese, salário mínimo deveria ser de R$ 6,5 mil, mais de cinco vezes o valor vigente
Da Redação / Publicado em 7 de novembro de 2022

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O ministro da economia, Paulo Guedes, fala a empresários no Rio de Janeiro em setembro, em meio ao descontrole de preços e aumento da cesta básica em todas as capitais

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Porto Alegre tem a cesta básica mais cara entre as capitais do país.

Para comprar os itens da alimentação básica, um trabalhador na capital gaúcha precisa trabalhar 139 horas e 33 minutos, ou seja, para bancar os R$ 768,82 da cesta básica são necessários 68,58% do salário mínimo, que está estagnado em R$ 1.212,00.

O aumento da alimentação mínima em outrubro foi de 3,34%, alta de 12,58 só em 2022. Considerando os últimos 12 meses corridos (outubro a outubro), o aumento é um pouco menor, de 11,25%, o que não representa qualquer alento para a maioria dos trabalhadores, já que o descontrole de preços atinge todos os setores da economia e não apenas a alimentação.

Para fazer frente a essa inflação fora de controle, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula que o salário mínimo deveria ser de R$ 6.458,86, isto é, 5,33 vezes maior que o piso nacional vigente, que está estagnado nos últimos quatro anos em R$ 1.212,00.

Batata, banana e tomate mais caros

Tabela: Dieese

Tabela: Dieese

Dos 13 produtos que compõem o conjunto de gêneros alimentícios essenciais, oito ficaram tiveram aumento: a batata (24,70%), a banana (16,31%), o tomate (13,39%), o pão (2,06%), o açúcar (0,67%), o arroz (0,44%) o café (0,33%) e a carne (0,26%).

Por outro lado, cinco itens ficaram mais baratos: o leite (-9,69%), a manteiga (-1,72%), o feijão (-1,23%), a farinha de trigo (-0,80%) e o óleo de soja (-0,46%).

De janeiro a outubro de 2022, a cesta acumula alta de 12,58%. Dos 13 produtos pesquisados 11 registraram alta: a batata (52,21%), a banana (45,92%), o leite (37,37%), a farinha de trigo (35,78%), a manteiga (25,39%), o café (22,66%), o pão (19,02%), o arroz (6,79%), o óleo de soja (3,86%), a carne (4,50%) e o açúcar (0,67%). O feijão (-12,30%) e o tomate (-4,65%) ficaram mais baratos.

Em doze meses, a cesta básica registrou aumento de 11,25%. Dez itens ficaram mais

caros: a banana (64,03%), o café (37,35%), a farinha de trigo (35,78%), o leite (34,86%), a manteiga (28,15%), o pão (20,35%), a batata (14,79%), o óleo de soja (8,47%), a carne

(6,35%) e o açúcar (4,16%). O tomate (-20,10%), o feijão (-13,46%) e o arroz (-1,08%) ficaram mais baratos.

O valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em 12 das 17 capitais onde o Dieese realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.

Entre setembro e outubro, as altas mais expressivas ocorreram em Porto Alegre (3,34%), Campo Grande (3,17%), Vitória (3,14%), Rio de Janeiro (3,10%) e Curitiba e Goiânia (ambas com 2,59%). Já as reduções mais importantes ocorreram em algumas cidades do Norte e Nordeste: Recife (- 3,73%), Natal (-1,40%), Belém (-1,16%), Aracaju (-0,61%) e João Pessoa (-0,49%).

Porto Alegre foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 768,82), seguida por São Paulo (R$ 762,20), Florianópolis (R$ 753,82), Rio de Janeiro (R$ 736,28) e Campo Grande (R$ 733,65). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 515,51), Recife (R$ 558,40), João Pessoa (R$ 559,57) e Salvador (R$ 562,59).

A comparação dos valores da cesta, entre outubro de 2022 e outubro de 2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 5,48%, em Vitória, e 15,38%, em Salvador.

Em 2022, o custo da cesta básica apresentou aumento em todas as cidades, com destaque para as variações acumuladas em Campo Grande (14,39%), Goiânia (13,15%), Porto Alegre (12,58%), Brasília (12,47%) e Curitiba (10,80%). Em Recife, foi observado o menor percentual (4,89%).

Corrosão do salário mínimo

Tabela: Dieese

Tabela: Dieese

Com base na cesta mais cara, que, em outubro, foi a de Porto Alegre, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Em outubro de 2022, esse mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.458,86, ou 5,33 vezes o mínimo de R$ 1.212,00.

Em setembro, o valor necessário era de R$ 6.306,97 e correspondia a 5,20 vezes o piso mínimo.

Em outubro de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 5.886,50 ou 5,35 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.

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