ECONOMIA

Economia deve crescer 2,31% em 2023, projeta Banco Central

Banco Central mantém taxa de juros mais alta do planeta, mas faz previsões otimistas para o triênio, com crescimento de até 2% do PIB em 2026
Por Gilson Camargo / Publicado em 28 de agosto de 2023
Economia deve crescer 2,31% em 2023, projeta Banco Central

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Campos Neto, que defende taxa de juros mais alta do planeta, é investigado pelo TCU por inconsistências de mais de R$ 1 trilhão no BC comandado por ele em 2019

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Apesar de sustentar a taxa de juros mais alta do planeta, o Banco Central (BC) comandado pelo economista Roberto Campos Neto mantém a previsão de inflação em 4,9% e projeta crescimento do PIB e dólar em alta neste ano.

A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira este ano subiu de 2,29% para 2,31%. A estimativa está no boletim Focus desta segunda-feira, 28. A pesquisa é divulgada semanalmente pelo BC com a projeção para os principais indicadores econômicos.

Para o próximo ano, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país) é de crescimento de 1,33%. Para 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,9% e 2%, respectivamente.

No primeiro trimestre do ano o PIB cresceu 1,9% na comparação com os três meses imediatamente anteriores.

O resultado do segundo trimestre será divulgado na próxima sexta-feira, 1°, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que mede a inflação oficial do país, foi mantida em 4,9% neste ano, a mesma da semana passada.

Para 2024, a estimativa de inflação ficou em 3,87%. Para 2025 e 2026, as previsões são de 3,5% para os dois anos.

A estimativa para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC.

Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%.

Segundo o BC, no último Relatório de Inflação, a chance de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023 é de 61%.

A projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Segundo o IBGE, o IPCA de julho ficou em 0,12%, influenciado pelo aumento da gasolina. A taxa ficou acima das observadas no mês anterior (-0,08%) e em julho de 2022 (-0,68%).

Com o resultado, a inflação oficial acumula 2,99% no ano. Em 12 meses, a inflação é de 3,99%, acima dos 3,16% acumulados até junho.

Ciclo de redução da Selic

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Diante da forte queda da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, iniciou, neste mês, um ciclo de redução da Selic.

A última vez em que o BC tinha diminuído a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19.

Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2023 em 11,75% ao ano. No final de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 9% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 8,5% ao ano para os dois anos, projeta o boletim.

Efeito cascata

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

Por fim, a previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar está em R$ 4,98 para o fim deste ano. Para o fim de 2024, o BC projeta que a moeda americana deve ficar em R$ 5,00.

*Com agências.

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