EDUCAÇÃO

Fundo de investimento pioneiro para universidades comunitárias pode iniciar no Rio Grande do Sul

Gestora de recursos independentes de São Paulo formata fundo para comprar ativos imobilizados de Instituições Comunitárias de Ensino Superior e trazer para o setor a prática do 'vender para locar de volta'
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 20 de janeiro de 2022

Foto: Pedro Bregolin/Assessoria de Imprensa UPF

Já há tratativas avançadas para a compra de parte de dois prédios da Universidade de Passo Fundo (UPF), de Passo Fundo

Foto: Pedro Bregolin/Assessoria de Imprensa UPF

Conhecida no mercado como Sale & Leaseback (SLB), essa operação financeira e imobiliária está dando passos rumo às Instituições Comunitárias de Educação Superior (Ices).

A gestora de recursos independente 3R Investimentos se prepara para lançar até o início de fevereiro um fundo de R$ 150 milhões com o objetivo de comprar imóveis de universidades comunitárias para explorar o recebimento de aluguéis.

Já há tratativas avançadas para a compra de parte de dois prédios da Universidade de Passo Fundo (UPF), Rio Grande do Sul.

De uma forma simples e direta, a SLB nada mais é do que uma empresa ou instituição vender todo ou parte do seu ativo imobilizado (prédios, terrenos) e permanecer no local via pagamento de aluguel. Foi o que recentemente fez a Rede Globo de Televisão com sua sede na cidade de São Paulo.

Redução de custos

Se há muito tempo a venda de patrimônio fazia pairar no ar suspeitas de dificuldades financeiras em uma empresa, não é de agora que ela é encarada como uma estratégia para redução de custos com impostos e eventuais manutenções.

Praticamente não há hoje no Brasil uma grande corporação que não se utilize do SLB. O foco é o lucro. No caso de organizações sem fins lucrativos como as Ices, mais recursos para ser destinado à sua atividade fim.

Ação pioneira

De acordo com analistas de mercado ouvidos pela reportagem, raros são os fundos imobiliários focados em imóveis de universidades. Nenhum em Ices.

O presidente da Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF), Luiz Fernando Kramer Pereira Neto, disse ao Extra Classe que “por causa de cláusulas pré-contratuais de confidencialidade, nos pronunciaremos apenas após a finalização de todas as etapas, isto se firmadas”. Procurada, a 3R Investimentos optou também por não comentar o assunto.

Apesar do sigilo, algo compreensivo nesse setor econômico por questões regulatórias, corre entre operadores e gestores educacionais que já há diversas instituições de ensino superior em processos parecidos com o da UPF.

Nicho de mercado

O SLB projetado pela 3R não é a primeira iniciativa da gestora com as Ices. Em outubro passado, a empresa divulgou o lançamento de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) voltado às universidades comunitárias.

A primeira carteira de ativos do fundo foi composta por recebíveis da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e o Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob), de São João da Boa Vista (SP).

Na ocasião, a 3R disse que o produto estava alinhado com as tendências ESG e era o primeiro do mercado com este foco e voltado para crédito estudantil.

“Estamos comprando carteiras já constituídas pelos próprios programas de financiamento das universidades. São créditos que a instituição dá para alunos que potencialmente não conseguiriam estudar se não tivessem esse crédito. Isso tudo sem intermediação de instituições financeiras, o que acabaria elevando os custos”, disse na ocasião Adriano Bernardi, sócio da 3R e responsável pela área de Produtos Estruturados.

Segundo o executivo, a ideia é proporcionar mobilidade social e facilitar “a expansão dos programas de financiamentos próprios das Universidades Comunitárias”.

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