EDUCAÇÃO

Brasil investe só um terço do que os países ricos destinam para a educação básica

Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra Brasil nas últimas posições de investimento público no ensino básico
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 14 de setembro de 2023
Brasil destina um terço dos investimentos dos países ricos em educação básica

Foto: Luis Fortes/MEC

Cerimônia que formalizou a adesão ao Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica, Compromisso Nacional Criança Alfabetizada e Escola em Tempo Integral, em setembro, em Goiânia: apesar dos crescentes investimentos em políticas públicas, Brasil investe menos que os ricos em educação básica

Foto: Luis Fortes/MEC

O Brasil investe apenas um terço dos gastos dos países ricos na educação básica pública por aluno e ocupa a terceira pior posição no relatório Education at a Glance 2023 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

NESTA REPORTAGEM
Enquanto a média de investimentos da OCDE fica na ordem de US$ 10.949 por aluno anualmente, o Brasil desembolsa US$ 3.583.

A metodologia aplicada no estudo contempla todos os recursos estatais usados na educação pública no ano de 2020, divididos pelo total de matrículas no ensino fundamental e médio e os comparando com os principais indicadores na área da educação.

Os três primeiros colocados são respectivamente Luxemburgo, Suíça e Bélgica, com U$ 26.370, US$ 17.333 e US$ 16.50. Estados Unidos ocupam a sexta posição, com U$ 15.194.

O ranking contempla os 38 países do organismo e três aspirantes ao bloco, África do Sul, Argentina e o próprio Brasil.

Na frente apenas da África do Sul (40ª posição, com U$ 3.085 de investimento anual) e do México (41ª, com U$ 2.702), o Brasil fica oito casas abaixo dos latino americanos Chile (31ª posição, com U$ 6.774), quatro da Costa Rica (35ª, com U$ 4.958), três da Colômbia (34ª, com U$ 4.269) e duas da Argentina (37ª, com U$ 3.975).

Entre os países da América Latina listados, Chile, Colômbia, Costa Rica e México são integrantes da OCDE.

Os “nem, nem”, o ensino profissionalizante e superior

O estudo aponta que após a Covid-19, o Brasil reduziu 10,5% de seus recursos públicos com educação, enquanto os países integrantes da OCDE realizaram uma elevação média de 2,1%.

Na faixa etária dos 18 a 24 anos, o relatório faz um destaque sobre o número de jovens que não estudam nem trabalham.

O Brasil fica com o sexto pior indicador, com um total de 24,4% diante de uma média de 15%.

Entre os países pesquisados, a Holanda é a melhor posicionada, com apenas 4% de percentual.

No ensino profissionalizante, o Brasil é o terceiro pior em acesso, com 11% dos estudantes de 15 a 19 anos matriculados. A média da OCDE nessa mesma faixa etária é de 37%.

No entanto, a pesquisa destaca que a modalidade tem pouca atenção.

“Programas escolares e práticos combinados permanecem raros em muitos países. Em média, apenas 45% de todos os estudantes de educação profissionalizante do ensino médio superior estão matriculados em tais programas em toda a OCDE”, aponta o relatório.

O estudo afirma que o ensino profissionalizante ainda é visto como “opção alternativa para estudantes com dificuldades para estudar ou que têm pouca motivação”.

A melhor performance do Brasil no ranking se deu no ensino superior. Nele, os investimentos governamentais ficam próximas da média da OCDE, que é de US$ 14.839.

Com US$ 14.735 investidos anualmente por aluno em sua rede pública de ensino superior, o Brasil fica a frente dos sul-americanos e Estados Unidos.

Ranking de investimento na educação básica

  1. Luxemburgo – U$ 26.370
  2. Suíça ­- U$ 17.333
  3. Bélgica – U$ 16.501
  4. Áustria – U$ 16.144
  5. Noruega – U$ 15.551
  6. Estados Unidos – U$ 15.194
  7. Islândia – U$ 15.163
  8. Coreia – U$ 14.525
  9. Suécia – U$ 14.093
  10. Dinamarca – U$ 13.162
  11. Austrália – U$ 12.416
  12. Finlândia – U$ 12.366
  13. Holanda – U$ 12.312
  14. Canadá – U$ 12.260
  15. Reino Unido – U$ 12.064
  16. Itália – U$ 11.178
  17. Espanha – U$ 10.819
  18. Portugal – U$ 10.643
  19. República Checa – U$ 10.616
  20. Irlanda – U$ 9.910
  21. Eslovênia – U$ 9.572
  22. Estônia – U$ 9.265
  23. Israel – U$ 8.865
  24. Nova Zelândia – U$ 8.808
  25. Polônia – U$ 8.457
  26. Lituânia – U$ 8.168
  27. Eslováquia – U$ 8.132
  28. Letônia – U$ 7.400
  29. Croácia – U$ 7.307
  30. Grécia – U$ 7.021
  31. Chile – U$ 6.774
  32. Hungria – U$ 6.586
  33. Bulgária – U$ 5.820
  34. Romênia – U$ 5.129
  35. Costa Rica – U$ 4.958
  36. Colômbia – U$ 4.269
  37. Argentina – U$ 3.975
  38. Turquia – U$ 3.607
  39. Brasil – U$ 3.583
  40. África do Sul – U$ 3.085
  41. México – U$ 2.702

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