EDUCAÇÃO

Professores de São Paulo paralisam contra retirada de direitos

Mais de 35 instituições de ensino tiveram as aulas suspensas hoje. Sindicato dos Professores acusa patronal de intransigência ao não aceitar nova proposta do TRT para conciliação
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 23 de maio de 2018

À noite, os professores saíram em caminhada até a frente do Masp, na Avenida Paulista, seguindo para a Augusta e Praça Roosevelt

Foto: Marcelo Menna Barreto

Cerca de três mil professores da educação básica das escolas privadas de São Paulo realizaram nesta quarta-feira, 23, um dia de paralisação para protestar contra a retirada de direitos proposta pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp). Em Assembleia realizada à tarde, na rua em frente ao Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro/SP), os docentes descartaram a proposta de greve por três dias a partir do dia 28. Na avaliação, a necessidade de aumentar a mobilização da categoria antes de uma greve total. Nesta próxima terça-feira, dia 29, haverá nova paralisação. Após o término da Assembleia, os professores rumaram em direção da avenida Paulista onde realizaram ato no vão livre do Museu de Artes de São Paulo (Masp).

Levantamento do Sindicato dos Professores (Sinpro/SP) registrou 37 instituições de ensino sem aulas. Em escolas como Equipe, Vera Cruz, São Domingos, Nossa Senhora das Graças e Santa Cruz os pais apoiaram a suspensão das aulas e se solidarizaram com os professores de seus filhos através de abaixo assinados, prometendo participar em atos de apoio aos docentes. Durante o período da manhã foram realizadas manifestações nas portas dos colégios Bandeirantes, Móbile e Alberto Einstein. Carros de som ainda circularam nas regiões de maior concentração de escolas.

Pais e alunos apoiam mobilização

Foto: Marcelo Menna Barreto

Os professores querem a manutenção dos 30 dias de recesso no final do ano (o sindicato patronal quer reduzir para 23 dias), manter o número de duas bolsas de estudo para os filhos dos professores (o Sieeesp quer reduzir de duas para uma em escolas com menos de 200 alunos, desde que o professor dê pelo menos 10 aulas na escola). Os professores também lutam contra o fim ou a inviabilização da garantia semestral de salários (que regula o valor recebido em caso de demissão), das férias coletivas e a possibilidade de redução de salários por acordo.

O Sinpro/SP acusa o sindicato das escolas particulares de intransigência ao recusar a proposta de conciliação feita pelo vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na audiência de 17/05 e continuar insistindo na eliminação de direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos professores.

A diretora do Sinpro/SP, Silvia Barbara, diz que as instituições de ensino querem a redução do recesso da licença-remunerada, que normalmente é entre 22 de dezembro e 21 de janeiro. “Na prática, voltaríamos a trabalhar no começo de janeiro. Além disso, querem acabar com as férias coletivas. Como os professores geralmente dão aula em mais de uma escola, sem férias coletivas eles nunca terão férias de escolas diferentes em períodos que coincidam”, explica a dirigente.

Para sindicato dos professores resultado é positivo

Ao todo, a cidade de São Paulo tem 2.500 escolas de educação básica na rede particular. No entanto, a paralisação de hoje chamou a atenção devido ao fato de tradicionais instituições de ensino, como o Colégio Santa Cruz, onde estudaram personalidades como Chico Buarque de Holanda, terem aderido prontamente ao movimento (Veja aqui a relação atualizada das escolas).

O resultado da mobilização foi positivo e a mobilização deve aumentar daqui pra frente, segundo avaliação do Sindicato dos Professores. “A radicalização do sindicato patronal também contribui para ampliar o movimento dos professores”, destacou o Sinpro/SP em nota no seu site.

A  mobilização dos professores recebeu o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes. Segundo o presidente das entidades, Miguel Torres, os metalúrgicos também estão sofrendo pressão dos “maus patrões”. Conclui o dirigente metalúrgico: “Esperamos que os professores, liderados pelo sindicato da categoria (Sinpro) consigam avançar com a paralisação, superando a intransigência patronal, barrando os efeitos nefastos da reforma trabalhista e conquistando as melhores condições de trabalho reivindicadas. Oferecemos nosso total apoio às manifestações”.

Comentários