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Jornal da Universidade completa 23 anos e promove debates sobre jornalismo

Integram a programação comemorativa, duas lives-debate, o lançamento do projeto Memória JU e uma edição especial que foi publicada no último dia 24 e pode ser acessada on-line
Por César Fraga / Publicado em 25 de setembro de 2020

Foto: Flavio Dutra/JU/Divulgação

Foto: Flavio Dutra/JU/Divulgação

Neste mês de setembro, o Jornal da Universidade (JU) completa 23 anos. Para marcar o momento, a publicação abordará o tema Jornalismo na Atualidade durante a quarta edição do Esquinas – Ciclo de Debates, tendo como convidado o jornalista José Roberto de Toledo, da revista Piauí e do podcast Foro de Teresina. A atividade online será realizada no dia 29 de setembro, às 19h30min, com transmissão da UFRGS TV pelo YouTube e pelo Facebook do JU. O Esquinas é uma coprodução do Jornal com o Instituto Latino-americano de Estudos Avançados (ILEA) da UFRGS e prevê participação significativa do público presente com perguntas e provocações, desta vez recebidas por meio das plataformas digitais nas quais se fará a transmissão.

Ainda como atividade comemorativa das mais de duas décadas do JU, será realizado um debate sobre Imprensa e democracia na live Controvérsias NUPERGS, que acontece no dia primeiro de outubro, às 17h, pelo Facebook e Youtube do IFCH-UFRGS. Participam o jornalista Emmanuel Colombié, diretor regional da Repórteres Sem Fronteiras na América Latina, e a pesquisadora Sônia Virgínia Moreira, professora da UERJ e ganhadora do Prêmio Adelmo Genro Filho 2020, concedido pela Associação Brasileira de pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). A mediação é do jornalista Everton Cardoso, editor-chefe do JU. O Controvérsias é uma promoção do Núcleo de Pesquisa e Documentação da Política Rio-grandense, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFRGS.

Mudanças

Sobre as mudanças implementadas nos últimos anos, o jornalista Everton Cardoso, editor-chefe à frente do Jornal da Universidade nos últimos três anos explica: “Em Jornalismo a gente está sempre correndo atrás da agenda. Resolvendo as coisas do dia, da semana, do mês. Por outro lado, equipe do jornal tem perfil bastante reflexivo sobre o próprio trabalho. E, quando o jornal completou 20 anos, em 2017, iniciamos um processo de mudanças e adaptações. Nos demos conta de que naquela forma em que estávamos, não dava para continuar. Éramos apenas um jornal impresso e mensal”. Cardoso, além de técnico administrativo concursado na Ufrgs, também é professor no Curso de Comunicação Social da Unisinos.

Enganando os algoritmos

“O primeiro passo foi voltarmos a ter rede sociais. Algo que já havia acontecido e depois foi abandonado. Chegamos, inclusive, a produzir conteúdo específico para redes sociais, coisa que estava em voga na época e que depois, com a mudança do algoritmo nos demos conta de que precisávamos gestar um projeto, que não dependesse dos algoritmos nem das redes sociais. Não havia dinheiro para patrocinar isso. Daí veio a necessidade de publicar on-line e off-line de forma a burlar as redes sociais. Foi aí que começamos um processo bem intenso de mudanças”, conta.

Edição digital

Na última quinta-feira, o Jornal da Universidade em sua publicou sua vigésima sétima edição digital, um número especial com reportagens, entrevista e artigos que debatem questões do jornalismo de modo geral – interesse público, diversidade, qualidade da informação – e do fazer jornalístico dentro do contexto universitário.

Memória

Além disso, também é lançado hoje o projeto Memória JU, que pretende reunir e tornar pública e de livre acesso toda a coleção física e digital do jornal, além de trazer a trajetória do veículo e sua contribuição para o registro da história da UFRGS. 

Foto: Flavio Dutra/JU/Divulgação

Foto: Flavio Dutra/JU/Divulgação

O ínício

O JU é editado desde 1997 como projeto jornalístico da Secretaria de Comunicação Social da Ufrgs, no sentido de ser um espaço de construção da imagem da Universidade como instituição voltada para o conhecimento e para o desenvolvimento cultural e científico. Desde a sua criação, conta com o trabalho de jornalistas profissionais e com a colaboração de bolsistas e estagiários de Jornalismo.

Desde o início do distanciamento social, em março deste ano, as edições têm-se concentrado apenas no formato digital. Durante esse período, já foram lançadas 27 edições online, incluindo 127 reportagens e entrevistas, além de 82 artigos da comunidade acadêmica sobre diversos temas da atualidade.

Versão impressa

Na sua versão impressa, o Jornal da Universidade faz parte do cotidiano acadêmico da UFRGS com pontos de distribuição gratuita em diversos espaços e marca presença importante, com circulação específica, em momentos como o ingresso dos calouros, o Portas Abertas, o Salão UFRGS e eventos acadêmicos e culturais que acontecem na Universidade.

Considerações do editor-chefe

Foto: Cristiane LH/Facebook/Reprodução

Foto: Cristiane LH/Facebook/Reprodução

O editor-chefe do Jornal da Universidade, Everton Cardoso, conversou com o Extra Classe sobre o aniversário do JU e sobre o atual contexto que envolve as festividades.

EC – Como se deu o processo de atualização do projeto nas plataformas digitais?
Everton Cardoso –
 Foi mais intenso a partir do segundo semestre de 2018 e agora começa a tomar sua forma final. E isso se deve ao fato de que a gente também vai aprendendo ao longo do processo a fazer esse jornalismo novo e diferente. De certa forma, sempre correndo em desvantagem, pois assim que dominamos uma forma de fazer, logo surge algo diferente para ser aprendido. Há todo um aprendizado tecnológico. E, falamos de um jornal todo feito na redação, exceto a impressão. Somos em apenas quatro jornalistas, um repórter fotográfico, um revisor e uma programadora visual. Além desses, temos cinco estudantes de jornalismo entre  estagiários e bolsistas.

EC – Em que modelos vocês buscaram referência?
Everton –
A gente começou a olhar para grandes exemplos de publicações que a gente considerava referência na Imprensa brasileira. Folha de São Paulo e Piauí fazem parte desses modelos de êxito no ajuste de forma e conteúdo.

EC – O que mudou no conteúdo?
Everton –
Do ponto de vista de conteúdo, passamos a investir em narrativas, que é uma coisa que o jornal já trazia muito e acrescentamos a isso mais  jornalismo de dados, como mapeamentos, levantamentos de informações, etc.

EC – Informações não perecíveis?
Everton –
Exatamente. Até para fornecer à Ufrgs dados que a própria universidade não tinha de forma consolidada. Um exemplo disso é que o primeiro lugar em que havia informação sobre ofertas de cotas para pessoas trans em toda a pós-graduação da Ufrgs foi no JU. O mesmo ocorreu no ano passado, quando publicamos e houve uma reunião sobre as políticas culturais de todas as universidades federais do país.

EC – Uma forma de estabelecer uma ponte entre a produção de conhecimento da Ufrgs e os leitores?
Everton –
Isso mesmo. Temos oscilado entre essa abordagem e os impactos da Universidade, dos projetos, das pesquisas na sociedade. Mas, como a Ufrgs já tem um site especializado em divulgação científica, que é o Ufrgs Ciência, a gente acabou deslocando o foco para a reportagem.

EC – Formatos diferentes?
Everton –
Fomos também mexendo nos formatos. Tínhamos um tipo de texto que chamávamos de ‘debate’. Ouvíamos quatro ou cinco pesquisadores sobre um determinado tema, desgravávamos, editávamos em forma de debate e era publicado.  Entendemos que estava na hora de transformar esse conteúdo num evento. Isso permite a transmissão por vídeo. Inclusive, é o que estamos divulgando para a semana próxima, e que fazem parte das comemorações do aniversário do Jornal.

EC – E para buscar leitores?
Everton –
Lançamos também um projeto sobre as leituras obrigatórias para o vestibular Ufrgs, que foi uma forma de buscar dialogar com o público leitor do ensino médio, coisa que não fazíamos. Porque esse leitor olha para a Universidade como um objetivo a ser alcançado. E esses textos tem atraído a atenção desse leitor. Todos os anos a gente faz uma série de reportagens com a leituras obrigatórias e algumas atividades são organizadas a partir disso.  Por exemplo: saraus, distribuição de jornais no programa Portas Abertas (de visita de estudantes secundaristas à Ufrgs). E até para que esse leitor perceba que no jornal também se trata de atualidades, que também caem no vestibular. As provas de história, geografia e redação trabalham muito com temas que abordamos. Nesse sentido o JU acaba sendo um canal interessante para esse leitor mais jovem. A gente só precisa que eles cheguem até nós.

EC – E a parte digital.
Everton –
Nisso começamos a trabalhar também  a parte digital. Ainda não sabemos no que vai dar, porque ainda precisamos saber como será a volta da pandemia. Este ano lançamos uma newsletter semanal e edições semanais on-line. Quando voltarmos para as atividades presenciais na Ufrgs é que entenderemos como fazer a interação entre o impresso e o digital. Até porque optamos por interromper a impressão do Jornal durante a pandemia por questões sanitárias. Até porque o Jornal é industrializado na gráfica da própria Universidade. A tiragem é de 7 mil exemplares.

Confira a agenda de eventos

Esquinas – Ciclo de Debates com José Roberto de Toledo

DATA: 29/09

HORA: 19h30min

ONDE: www.facebook.com/jornaldaufrgs/  e www.youtube.com/user/ufrgstv

Controvérsias NUPERGS com Emmanuel Colombié e Sônia Virgínia Moreira

DATA: 01/10

HORA: 17h

ONDE: www.facebook.com/IFCHdaUFRGS  e www.youtube.com/ifchdaufrgs

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