JUSTIÇA

Temer se entrega à Polícia Federal

Após nova ordem de prisão, ex-presidente se entrega à PF. É acusado de chefiar organização criminosa que negociou R$ 1,8 bilhão em propina nas obras da usina nuclear de Angra 3
Por Gilson Camargo* / Publicado em 9 de maio de 2019
Temer foi detido em sua casa, na Zona Oeste, e escoltado por agentes federais até a Superintendência da PF

Foto: Reprodução

Temer foi detido em sua casa, na Zona Oeste, e escoltado por agentes federais até a Superintendência da PF

Foto: Reprodução

O ex-presidente Michel Temer (MDB), de 78 anos, se entregou à Polícia Federal (PF) em São Paulo na tarde desta quinta-feira, 9, para cumprir prisão após revogação de um habeas corpus que havia garantido sua liberdade até agora.

Na noite de quarta-feira, 8, a 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidiu, por 2 votos a 1, pela revogação do habeas corpus e o retorno de Temer e de João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo do ex-presidente, para a prisão. Os dois estavam em liberdade desde 25 de março por força de uma liminar do desembargador Ivan Athié.

Temer foi detido em sua casa, na Zona Oeste, e escoltado por agentes federais até a Superintendência da PF. O comboio com o ex-presidente saiu da casa dele às 14h40 e chegou antes das 15h à sede da PF, na Lapa, também na Zona Oeste de São Paulo. A defesa de Temer requereu que ele fique detido na Superintendência na capital paulista, e não na do Rio de Janeiro, onde ficou detido em março. O destino será definido pela Justiça. Em nota, a Polícia Federal informou que não tem condições de abrigá-lo por se tratar de ex-presidente, com direito a uma sala de Estado Maior. Esse espaço não existe no prédio da Lapa. Em petição enviada à Justiça do Rio de Janeiro, a defesa do emedebista argumentou que ele responde a outros processos e que há “imprescindibilidade” de que permaneça na capital paulista, para que possa manter contato constante com seus advogados.

Acusado de comandar uma organização criminosa que teria negociado R$ 1,8 bilhão em propina nas obras da usina nuclear de Angra 3, operada pela Eletronuclear, o ex-presidente, que assumiu a presidência da República após participar das articulações para derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de quem era vice, foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em março, Temer foi preso por policiais federais em um desdobramento da operação Lava Jato no Rio. Desta vez, ele se entregou.

BLOQUEIO DOS BENS – O juiz da 12ª Vara de Justiça Federal, Marcus Vinícius Reis, a pedido da Força-Tarefa (FT) Greenfield, determinou, o último dia 29 de abril, o bloqueio de bens de Michel Temer, do coronel Lima e de Carlos Alberto Costa, no âmbito do inquérito dos portos. As empresas Argeplan, Elliand do Brasil e PDA também tiveram recursos bloqueados. O limite para sequestro de bens e valores ultrapassa o montante de R$ 32,6 milhões. As buscas no CPF e no CNPJ dos envolvidos resultaram na indisponibilidade de 15 veículos, imóveis, com valores ainda não divulgados, e cerca de R$ 514 mil. O sigilo dos autos foi levantado nesta quarta-feira, 8 de maio.

*Com agências.

Comentários