JUSTIÇA

STF autoriza quebra de sigilo bancário de Bolsonaro e Michelle no caso das joias

Medida foi solicitada pela PF que investiga associação criminosa de advogado e militares ligados ao ex-presidente para a prática de peculato e lavagem de dinheiro
Por Gilson Camargo / Publicado em 18 de agosto de 2023
STF autoriza quebra de sigilo bancário de Bolsonaro e Michelle no caso das joias

Foto: Agência Brasil

Quebra de sigilos bancário e fiscal de Michele e Jair Bolsonaro foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes a pedido da PF na investigação da venda de joias do Planalto

Foto: Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou na noite de quinta-feira, 17, a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

A medida foi solicitada na semana passada pela Polícia Federal (PF) no âmbito da investigação da Operação Lucas 12:2, que apura o suposto funcionamento de uma organização criminosa para desviar e vender presentes recebidos pelo ex-presidente de autoridades estrangeiras.

Segundo as investigações, os desvios começaram em meados de 2022 e terminaram no início deste ano.

Mauro Cid vai admitir à justiça que vendeu joias e repatriou dinheiro que foi entregue por ele em espécie a Bolsonaro

Foto: Alan Santos/PR

Mauro Cid vai admitir à justiça que vendeu joias e repatriou dinheiro que foi entregue por ele em espécie a Bolsonaro

Foto: Alan Santos/PR

Entre os envolvidos estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o pai dele, o general de Exército, Mauro Lourena Cid. O militar trabalhava no escritório da Apex, em Miami, e comercializava as joias desviadas.

Até onde a PF apurou, a lojinha do general rendeu mais de R$ 1 milhão à quadrilha. No inquérito, há a transcrição de um diálogo de Mauro Cid que coloca Bolsonaro na cena do crime: “MAURO CID, apesar de já saber que FREDERICK WASSEF já estava nos Estados Unidos, diz: “liga para o PR”, se referindo ao ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO”.

Conforme regras do Tribunal de Contas da União (TCU), os presentes de governos estrangeiros deviam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), setor da Presidência da República responsável pela guarda dos presentes. Esses itens não poderiam ficar no acervo pessoal de Bolsonaro, nem deixar de ser catalogados.

Em entrevista à revista Veja que circula nesta sexta-feira, Mauro Cid complica ainda mais a vida de Bolsonaro.

O tenente-coronel que foi ajudante de ordens do ex-presidente adianta que vai admitir à justiça que vendeu joias nos Estados Unidos, remeteu de forma clandestina o dinheiro obtido com essas transações para o Brasil e, para não deixar pistas, entregou o valor em espécie a Bolsonaro.

A confissão, de acordo com a reportagem, foi confirmada pelo advogado de Mauro Cid, o criminalista Cézar Bittencourt: “O dinheiro era de Bolsonaro”.

Delgatti prestará novo depoimento à PF

STF autoriza quebra de sigilo bancário de Bolsonaro e Michelle no caso das joias_1

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Delgatti: hacker acusou Bolsonaro de pedir a ele grampo de Moraes e fraude no processo eleitoral

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O hacker Walter Delgatti Netto deverá prestar novo depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira, 18.

O advogado dele, Ariovaldo Moreira, confirmou a convocação e afirmou que os esclarecimentos serão prestados na sede da PF, em Brasília. A defesa não confirmou o horário da nova oitiva.

Na última quarta-feira, 16, Delgatti prestou depoimento à corporação afirmando que recebeu R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas do Judiciário brasileiro e inserir falsos documentos e alvarás de soltura. A deputada nega as acusações.

Na quinta-feira, o hacker compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos de 8 de janeiro e afirmou que recebeu do ex-presidente Jair Bolsonaro a promessa de indulto caso assumisse a autoria de um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O indulto significa o perdão da pena, efetivado mediante decreto presidencial.

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