POLÍTICA

Nova denuncia de uso de WhatsApp em massa pró-Bolsonaro

Empresário espanhol relata que durante a campanha eleitoral brasileira em 2018, empresas nacionais contrataram sua agência de marketing digital para disparos em massa de mensagens
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 18 de junho de 2019

Matéria que estampa a capa do jornal Folha de São Paulo dessa terça-feira, 18, diz que Luis Novoa, dono da Enviawhatsapps, afirma em áudio que “empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” do Brasil usaram seu software para a campanha de Jair Bolsonaro, mas só tomou conhecimento quando teve linhas telefônicas cortadas pelo WhatsApp sob alegação de mau uso.

A Folha revelou em 2018 que um pool de empresários brasileiros tinham pago impulsionamento de mensagens no WhatsApp contra o então candidato Fernando Haddad e o seu partido, o PT. Na nova matéria, o jornal ainda destaca que “até agora, ninguém foi ouvido na ação que apura os disparos contra o PT”.

O processo é relatado pelo corregedor-geral eleitoral, ministro Jorge Mussi, que excluiu do processo o proprietário da agência Quickmobile, Peterson Rosa Querino, considerado uma das peças-chave para a apuração, porque o mesmo não teria sido localizado.

O argumento do ministro Mussi é preciso manter a celeridade do processo, apesar da corte ainda não ter recebido nenhum relatório da Polícia Federal sobre a investigações que abriu também no ano passado sobre a possibilidade uso irregular de WhatsApp durante a campanha eleitoral.

Entre os então candidatos somente Haddad foi multado, em março deste ano, sob alegação de ter impulsionando trechos de uma reportagem do The New York Times sobre o candidato do PSL.

Na ocasião, Haddad manifestou “incredulidade e surpresa” pela decisão e afirmou que ele foi vítima de fake news ao longo da disputa eleitoral toda e que o conteúdo do jornal americano tratava-se de “reprodução de matéria jornalística amplamente divulgada, que se mostrou inapta a desequilibrar a disputa eleitoral”.

Colômbia

O empresário Novoa disse nunca ter sido contratado para uma campanha política brasileira, mas somente por brasileiros que se identificavam como empresas. “Estávamos tendo muitíssimos cortes, fomos olhar os IPs, era tudo do Brasil, olhamos as campanhas, eram campanhas brasileiras”, afirma.

Segundo apuração da Folha, brasileiros compraram cerca de 40 licenças de software no e-comerce da Enviawhatsapps e cada linha tinha o poder de disparar até 500 mensagens por hora. O pacote permitiu até 20 mil disparos políticos por hora nas últimas eleições.

Segundo a jornalista Patrícia Campos Mello, alguns números da Colômbia foram usados para enviar mensagens a números do Brasil, também por meio do software comprado de Novoa.

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