SAÚDE

Estudo projeta que 100 mil mortes poderiam ser evitadas

As razões são o congelamento dos gastos federais na atenção básica promovida por lei no governo Temer e a paralisação do Mais Médicos
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 29 de abril de 2019
Desarticulação do programa Mais Médicos é um dos fatores de mortes, ao lado do congelamento dos investimentos em atenção básica

Foto: Agência Brasil

Desarticulação do programa Mais Médicos é um dos fatores de mortes, ao lado do congelamento dos investimentos em atenção básica

Foto: Agência Brasil

Estudos feitos pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com a participação de pesquisadores do Imperial College de Londres, Inglaterra, e da universidade americana de Stanford apontam que até 2030 poderão haver 100 mil mortes que para a medicina seriam consideradas evitáveis. As razões, segundo os estudiosos, são o congelamento dos gastos federais na atenção básica promovida por lei no governo Temer e uma possível paralisação do programa Mais Médicos.

Um dos trabalhos da UFBA acabou sendo publicado na última sexta-feira, 26, em uma das mais prestigiadas revistas médicas do mundo, a BMC Medicine, com o título Mortality associated with alternative primary healthcare policies: a nationwide microsimulation modelling study in Brazil que em tradução literal é Mortalidade associada a políticas alternativas de atenção primária: um estudo de modelagem de microimulação em âmbito nacional no Brasil.

Com uma amostragem extremamente expressiva, analisando informações de 5.507 dos 5.570 municípios brasileiros, o estudo da UFBA projeta que os óbitos poderão se verificar em uma janela de 13 anos, contados a partir de 2017 e não inclui o falecimento de pessoas maiores de 70 anos. A correlação do trabalho com a Emenda Constitucional 241 que ficou conhecida como PEC da Morte, é evidente. Aprovada em 2016, a lei começou a valer efetivamente em 2017, congelando por 20 anos o limite das despesas do governo federal.

Conhecida por seu rigor científico, a BMC Medicine recebeu o estudo da universidade brasileira que registra que as principais causas das mortes seriam por doenças infecciosas e deficiências nutricionais em setembro de 2018.

DENGUE – Considerada uma doença infecciosa, a dengue já é epidemia no estado mais rico do Brasil. Na mesma sexta-feira em que a BMC Medicine divulgou o trabalho da UFBA, um boletim da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou a existência de 85,4 mil casos, com 60 mortes confirmadas.

O Ministério da Saúde informou em janeiro desse ano que o número de casos prováveis de dengue no Brasil mais que dobrou em comparação ao mesmo período de 2018. Até o dia 2 de fevereiro, foi registrado aumento de 149%, passando de 21.992 para 54.777 casos prováveis da doença.

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