SAÚDE

Recorde de contágio por covid-19 impõe mais restrições na China

Mais de 30 mil novos casos foram notificados em todo o país em 24 horas, na pior onda de infecções desde o começo da pandemia – que já impacta a vida de 220 milhões de pessoas
Por Gilson Camargo / Publicado em 25 de novembro de 2022

Imagem: Al Jazeera/ Reprodução

Mais de 220 milhões de pessoas já foram afetados pela nova onda de covid-19, que impõe novas e mais severas regras de controle em toda a China

Imagem: Al Jazeera/ Reprodução

Com um novo recorde de infecções por covid-19 registrado nesta semana, o governo chinês intensificou os protocolos que já vinham sendo adotados na estratégia zero-covid e determinou novos bloqueios, testes diários em massa, rigoroso monitoramento de infectados, rastreamento de contatos e quarentena obrigatória.

A China registrou 31.444 novos casos de covid-19 em 24 horas e bateu seu recorde de contaminações diárias desde o início da pandemia no país, em dezembro de 2019, informou a Comissão Sanitária Nacional na quinta-feira, 24. Uma morte foi registrada nessa nova onda, totalizando 5.232 vítimas da pandemia.

Essa é a segunda onda de infecções por subvariantes do vírus Sars.Cov2. O recorde anterior ocorreu em abril, com quase 30 mil infecções, a maioria 25,5 mil, assintomáticas, que colocou Xangai em lockdown por quase duas semanas.

Desta vez, cerca de 9 mil infecções foram notificadas na província de Guangdong, 8 mil em Chongqing e 1,6 mil na capital, Pequim.

O relatório das autoridades das autoridades sanitárias informa mais 1,2 mil contaminações na província de Sichuan, 1,1 mil em Xinjinag e 946 em Hebei.

Avanço da covid-19 e isolamento por toda a China

Novas medidas foram recentemente impostas em quase todas as principais cidades, incluindo a capital, onde escolas, creches e lojas estão fechadas e os moradores foram convidados a ficar em casa, se possível.

Quem estiver em Xangai por menos de cinco dias não pode entrar em locais públicos como restaurantes, bares, shoppings, supermercados e academias cobertas, de acordo com um comunicado publicado pela administração da maior metrópole do país, com mais de 27 milhões de habitantes, localizada na costa central da China.

Cada vez mais, complexos residenciais também estão sendo completamente fechados. Na metrópole de Guangzhou, no sul da China, particularmente atingida, que sofreu protestos violentos contra as medidas do Covid-19, vários distritos estão em bloqueio total.

Ao todo, 220 milhões de pessoas já foram impactadas pela nova onda da pandemia.

Crise na maior fábrica de celulares do mundo

Imagem: CNN/ Reprodução

Na província de Henan, trabalhadores da maior fábrica de celulares do mundo protestaram contra o confinamento nos locais de trabalho e pelo não pagamento de um bônus para não parar a produção

Imagem: CNN/ Reprodução

Na cidade Zhengzhou, localizada na província de Henan, onde está instalada a taiwanesa Foxconn, maior indústria de iPhone do mundo, foram 700 infectados. O governo impôs lockdown em vários distritos próximos, onde reside a maioria dos funcionários da indústria.

As redes de tevê Al Jazeera e CNN registraram a repressão policial contra trabalhadores que protestaram devido à rigidez dos bloqueios e pelo não pagamento de um bônus prometido pela indústria.

Quem mora no centro de Zhengzhou precisa apresentar teste negativo e autorização das autoridades de saúde locais, o que restringe o acesso aos locais de trabalho.

De acordo com a agência de notícias Ansa, a Foxconn confinou grande parte dos funcionários dentro do complexo para que os trabalhos prosseguissem e prometeu pagar um bônus pelo confinamento.

O pagamento de 3 mil yuans, cerca de 420 dólares por 30 dias de trabalho para recuperar a produção de aparelhos eletrônicos – como o iphone 14 Pro da Apple – afetada pelos surtos de covid, não foi efetivado, o que revoltou os empregados.

Em nota divulgada na quinta-feira, 24, a empresa se desculpou pelo “erro técnico”.

“Nossa equipe está analisando o problema e descobriu um erro técnico durante o processo de integração. Pedimos desculpa pelo erro no sistema informático e garantimos que o salário é o mesmo acordado”, afirma no comunicado.

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