CULTURA

Vamos ver se a arte morreu

Luiz Carlos Barbosa / Publicado em 7 de outubro de 1997

Muitos críticos, entre os quais o também poeta Ferreira Gullar, já polemizaram sobre a morte das artes plásticas e visuais, devido à sua desumanização. Afinal, ao longo deste século, as paisagens impressionistas, os retratos realistas e, de modo geral, a arte figurativa e representativa cederam lugar a toda sorte de experimentação artística que necessita de explicação. Quer dizer, a arte passou a referir a si mesmo e, digamos, afastar-se daquilo que é imediatamente humano.

A I Bienal do Mercosul – a exemplo de outros eventos artísticos da mesma natureza – ganha a rua e, com o apoio da mídia, aproxima o cidadão comum desta arte contemporânea, marcada pelo ecletismo que a torna de compreensão inacessível a quem não pertence à comunidade dos próprios artistas e espectadores iniciados.Mas esta é um discussão infindável e o que importa é que, humanizados ou não, estes objetos definidos como artísticos estão ao alcance do cidadão comum. Com exceção dos espaços fechados da Bienal, onde o ingresso é cobrado.

Quem trabalha no centro, por exemplo, circula pela Rua Sete de Setembro e pelo Largo Glênio Peres e o Mercado Público, pode reservar alguns momentos para conhecer e testar algum diálogo com estas obras. Elas também estão no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, contíguo à Praça da Alfândega e uma visita à exposição pode ser combinada com uma passada pela 43ª Feira do Livro de Porto Alegre. Mais adiante, pela Andradas, outros espaços reservados para a Bienal estão na Casa de Cultura Mário Quintana.

Quem chega do interior para compras ou lazer e costuma visitar locais com programação cultural regular pode partir do shopping DC Navegantes, seguir para o centro e visitar as instalações no Centro Cultural do Trabalho Usina do Gasômetro. Seguindo pela avenida Beira Rio em direção ao bairro, pode visitar o Jardim das Esculturas, uma mostra ao ar livre no Parque Marinha do Brasil, perto do Gigantinho.

Segundo a organização da Bienal, ao todo, são cerca de 24 mil metros quadros de exposições, instalações e intervenções efêmeras – obras que se desfazem com o tempo.

Com 275 artistas, a Bienal do Mercosul, no entanto, não expõe exclusivamente obras de linguagem contemporânea. Nos espaços fechados como o Margs, a Casa de Cultura, o Centro Cultural Edel (na av. Loureiro da Silva) e o antigo prédio da Mesbla, na rua Coronel Vicente, mostram exposições de obras consagradas. Praticamente todos os espaços e instituições culturais da cidade estão envolvidos com a Bienal ou expondo mostras paralelas, inclusive galerias de arte e lojas comerciais.

Além das exposições propriamente ditas, na maioria com monitores preparados para acompanhar visitantes, a programação paralela oferece oportunidades de formação informal, através de cursos rápidos, seminários e palestras com artistas e pesquisadores da área. A Bienal prossegue até o dia 30 de novembro. Informações sobre a programação paralela e diária pode ser obtida no Museu de Comunicação Hipólito José da Costa, na Rua dos Andradas, 959, fones (051) 225.1195/225.1111 /225.1218.

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