EDUCAÇÃO

Aulas remotas no RS deixam milhares sem acesso e expostos ao vírus

Alardeada como um sucesso, a plataforma Google Classroom deixa um terço dos alunos à margem das aulas on-line. Professores reclamam da imposição e dizem que estão pagando para trabalhar
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 8 de julho de 2020

Aulas remotas no RS deixam milhares sem acesso e expostos ao vírus

Foto: Reprodução/Google

Foto: Reprodução/Google

A Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul já chegou a afirmar que a Google via o estado como um case mundial da sua plataforma educacional, a Classroom. Só  que o que vinha sendo anunciado como uma bela forma de atenuar os efeitos da pandemia na grade curricular das escolas gaúchas não está surtindo totalmente o efeito esperado.

E quem revela isso não é o Centro dos Professores do Estado (Cpers-Sindicato), que sempre viu com desconfiança e denunciava a adoção repentina do sistema. São dados da GetEdu,  parceira oficial do Google for Education no Brasil, que aponta a falha. Segundo a empresa, mais de 285 mil estudantes da rede estadual gaúcha ainda não realizaram o primeiro acesso na plataforma da gigante do Vale do Silício.

O número preocupa, apesar de levar em consideração que no último censo escolar gaúcho realizado há três anos os estabelecimentos de ensino da rede estadual congregavam 930.616 alunos.

Mesmo em uma hipótese de não ter ocorrido uma ampliação da base escolar, esses 70% de utilização da Google Classroom sofrem forte questionamento.

Na opinião de Helenir Aguiar Schürer, presidente do Cpers-Sindicato,  na realidade o governo do estado promove um “grande faz de conta”.

Segundo a dirigente sindical, de maneira imposta, sem discussão prévia, toda a comunidade escolar foi submetida a “verdadeiras gincanas digitais”.

O Cpers-Sindicato, lembra Helenir,  tem dito que as direções escolares têm se desdobrado para atender as “ordens vacilantes e contraditórias do governo Leite”.

Ainda segundo a presidente do Cpers-Sindicato, existe uma parcela de professores que não têm equipamentos adequados, como computadores, tablets os smartphones que suportem a ferramenta da Google. Entre os que têm, denuncia Helenir, “há os que estão contando dinheiro para comer, tirando do próprio bolso para arcar com dados móveis e dar aulas”.

As aglomerações nas escolas persistem

Para os cerca de um terço de alunos que não têm acesso ao Google Classroom, a Secretaria de Educação estabeleceu que materiais didáticos, como apostilas, trabalhos, fossem entregues às famílias nos estabelecimentos de ensino.

Isso, segundo Helenir, tem propriciado verdadeiras aglomerações. São pais e alunos em fila para retirar e entregar trabalhos; professores à disposição para os coletar. “Tudo isso,com funcionários de limpeza e outros setores trabalhando diariamente sem protocolos claros ou treinamento específico”, relata.

O saldo, para a presidente do Cpers-Sindicato já está sendo contabilizado. “Nesse vai e vem, já temos o conhecimento de dois diretores, dois professores e dois funcionários infectados”.

A mais recente notícia está deixando o Cpers ainda mais de alerta: a infecção por Covid-19 de um coordenador Regional de Ensino na capital e de um coordenador Regional e seu adjunto no interior.

O Extra Classe tentou ouvir a versão da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul mas não teve sucesso mesmo buscando contato por oito telefones diferentes. O mesmo ocorreu com a GetEdu que é sediada em Brasília.

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