EDUCAÇÃO

Entidades protestam nesta quarta-feira, 19, contra o retorno das aulas

Representantes de vários segmentos da comunidade escolar farão ato público nesta quarta-feira, 19, em frente ao Palácio Piratini
Por César Fraga / Publicado em 18 de agosto de 2020
Proposta do governador Eduardo Leite foi rejeitada por prefeitos, professores e representantes de pais de estudantes

Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

Proposta do governador Eduardo Leite foi rejeitada por prefeitos, professores e representantes de pais de estudantes

Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

Na manhã desta quarta-feira, 19 de agosto, às 10h, Sinpro/RS, Adufgrs, Simpa, Cpers-Sindicato, CUT/RS e representantes de várias entidades ligadas à comunidade escolar e movimentos sociais realizarão ato público diante do Palácio Piratini, em Porto Alegre. O protesto é contra a proposta de retorno às aulas no dia 31 de agosto.

O calendário de retorno apresentado a prefeitos na semana passada pelo governador Eduardo Leite (PSDB) prevê aulas presenciais iniciando já no dia 31 de agosto para educação infantil e com adesão progressiva nos demais níveis.

Cássio Bessa, diretor do Sinpro/RS

Foto: AssCom/SinproRS/Arquivo

Cássio Bessa, diretor do Sinpro/RS

Foto: AssCom/SinproRS/Arquivo

“O Sindicato dos Professores do Ensino Privado participará ao lado das demais entidades ligadas à educação, com poucas pessoas, devido ao nosso respeito ao distanciamento social, mas com muita representatividade”, explica Cássio Bessa, diretor do Sinpro/RS.

Segundo Bessa, a intenção é mostrar ao Governo do Estado e à sociedade que é um equívoco retornar neste momento.

“Estamos no pico da pandemia. Os hospitais estão lotados. As UTIs estão cheias. Muita gente está morrendo e outros contraindo a covid-19. Portanto, este não é o momento de volta às aulas presenciais. A gente quer lutar pela vida e entendemos que devemos seguir as orientações da área médica para evitar aglomerações. Não é agora com 16 zonas em bandeira vermelha, no pico da pandemia no estado, que tem de se discutir a volta às aulas para o final de agosto. É preciso esperar a estabilização e um grau mais baixo de contaminação, para dentro dos protocolos realizar esse retorno. Nosso protesto é para mostrar isso ao governo e para a sociedade”, explica o sindicalista.

Tema será alvo de debate no final da tarde

Mais tarde, às 19 horas, sob o mote de “Volta às aulas, vidas em risco”, a CUT-RS promove uma videoconferência (live) sobre a proposta de calendário escalonado de retorno às aulas presenciais do governador Eduardo Leite  a partir do próximo dia 31 de agosto.

Participarão a presidente do Cpers Sindicato, Helenir Schürer, o diretor do Sinpro-RS, Cássio Bessa, o presidente da Adufrgs Sindical, Lúcio Vieira, e a presidente da Associação de Mães e Pais pela Democracia, Aline Kerber.

A mediação será feita secretária de Movimentos Sociais da CUT-RS e presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul, Silvana Piroli.

Haverá transmissão aberta nas páginas da CUT-RS e CUT Brasil no Facebook, com publicação cruzada em várias entidades.

Segundo pesquisa da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) respondida por 367 dos 497 prefeitos e revelada nesta segunda-feira (17), 93,75% rejeitam o calendário de volta às aulas do governo Leite. O maior problema apontado é o risco para alunos e professores. O transporte também foi indicado como grande empecilho.

Os números da Famurs vão ao encontro da análise preliminar da consulta online “Educação e Pandemia no RS”, realizada pelo Cpers Sindicato” e divulgada na última quinta-feira (13). Entre os 1,7 mil participantes, 86% responderam “não” à pergunta “Você acha possível retomar as aulas antes do advento e disponibilização de uma vacina eficaz contra a Covid-19?”. Apenas 6% responderam que é possível; os demais afirmaram não saber.

Outra pequisa, produzida pelo Comitê Popular Estadual de Acompanhamento da Crise Educacional no RS e pela Associação Mães & Pais Pela Democracia, em conjunto com o Sinpro/RS, Cpers-Sindicato, Assers, Aoergs, Simpa, FGEI, Sinasefe-IFSul vai na mesma direção.
Segundo o estudo, 89% das mães, pais e responsáveis consideram importante que os poderes públicos forneçam uma vacina gratuita e em massa para viabilizar o retorno presencial às escolas em Porto Alegre. 

Segundo os últimos dados da Secretaria Estadual de Saúde, o coronavírus já levou à morte 2.744 pessoas e o total de infectados atingiu 98.007 no Estado. Dos 497 municípios, 480 já registram casos da doença.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

PARTICIPANTES DA LIVE

Cássio Bessa – É professor do ensino privado e diretor de Assuntos Jurídicos do Sinpro-RS. Foi secretário-geral da CUT-RS.

Helenir Aguiar Schürer – É professora da rede estadual e presidente reeleita do Cpers Sindicato. Foi diretora do 23º Núcleo do Cpers, em Santana do Livramento, e secretária de Formação da CUT-RS.

Lúcio Vieira – É professor do IFRS Campus Porto Alegre e presidente do Sindicato Intermunicipal dos Professores de Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul (ADUFRGS).

Aline Kerber – É socióloga, diretora executiva do Instituto Fidedigna e presidente da Associação Mães e Pais pela Democracia.

Mediação

Silvana Piroli – É professora da rede municipal, secretária de Movimentos Sociais da CUT-RS e presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv).

Retomar as aulas agora seria um desprezo pela vida

Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS e diretor do Sinpro/RS mediará o debate

Foto: Vanessa Schneider/ OAB/RS

Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS e diretor do Sinpro/RS

Foto: Vanessa Schneider/ OAB/RS

Para o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci  é um absurdo propor a volta às aulas num cenário de agravamento da pandemia, com taxa de ocupação de cerca de 89% dos leitos de UTIs em Porto Alegre.

“Querer o retorno às aulas é colocar em risco a vida de alunos, professores e funcionários de escolas, além de mães, pais e demais familiares. Seria um desprezo pela vida. Se antes a política do governador submisso às pressões das federações empresariais era de empurrar a responsabilidade pelo controle da doença para o colo dos prefeitos, agora ele adota a política genocida de Bolsonaro de descaso com a vida das pessoas”, denuncia Amarildo.

“Temos que lembrar que escola não é laboratório. Não podemos testar modelos de ensino que custem vidas humanas. Sem aulas presenciais na pandemia, estamos salvando vidas e evitando que mais gaúchos sejam contaminados, enquanto não chega uma vacina”, salienta.

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