EDUCAÇÃO

Governo do Estado ignora comunidade escolar e mantém planos para o Instituto de Educação

No último dia 18 de janeiro, o governador Eduardo Leite (PSDB/RS) assinou ordem de serviço para reiniciar as obras de restauro do prédio que é tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 21 de janeiro de 2022

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

    Além do governador, estiveram presentes a secretária da Educação, Raquel Teixeira, o secretário de Obras e Habitação, José Stédile, o secretário de Planejamento, Governança e Gestão, Claudio Gastal, e a diretora de operações da Concrejato, Maria Aparecida Nasser

O governo do Estado do Rio Grande do Sul publicou em seu site na manhã desta sexta-feira, 21 de janeiro, que o restauro do prédio histórico do Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE) recomeça na próxima semana.

A comunidade escolar que é contrária aos planos de se instituir no local um museu e centro de formação de professores gerido pela iniciativa privada não foi convidada nem tomou conhecimento do ato de assinatura da ordem de serviço no último dia 18.

“Não fomos convidadas para o ato. E, pior que isso, ainda foi apresentado que perderemos o dobro do espaço que diziam até agora que seria ocupado pelo projeto deles”, diz Ceniriani Vargas da Silva, presidente do Conselho Escolar do IE.

“Entregamos para a Secretária de Educação e na Casa Civil o abaixo assinado com cerca de 10 mil assinaturas de apoiadores que defendem que seja executado o projeto original de restauro da escola, aquele que foi construído junto com a comunidade escolar, licitado e iniciado. A obra foi abandonada por este governo que agora quer ‘dar um novo destino ao prédio’, contra a vontade da comunidade escolar e da sociedade gaúcha que defende a manutenção do IE como escola”, lamenta Ceniriani.

A presidente da Comissão de Restauro do Instituto de Educação diz que o governo segue com a fala que “23 milhões é demais para apenas uma escola”. Isto, registra ela, foi dito em 2019, quando se paralisou a obra e, agora, no próprio vídeo divulgado pelo Palácio Piratini.

Farol gerido pela iniciativa privada

 O contexto apresentado pelo governador Eduardo Leite é que, diante do tamanho do recurso, a ideia é fazer do IE um “farol para toda a nossa rede de ensino”. Nos planos de Leite, lá, além de alunos, será ainda abrigado o Centro Gaúcho de Educação Mediada por Tecnologias e o Museu Escola do Amanhã.

O Extra Classe revelou que em outubro passado o governador assinou um protocolo de entendimento com o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). O IDG é uma entidade privada que é responsável pela gestão de iniciativas como o Museu do Amanhã no Rio de Janeiro.

Uma das principais críticas da comunidade escolar está no número de estudantes.

Enquanto o governo informa que o IE tem 1.086 alunos matriculados, os defensores do projeto originalmente concebido para o restauro e que foi licitado no governo Sartori (MDB) informam que o número de alunos até o momento da paralisação das atividades no prédio ultrapassava os 2.000.

Para a ex-presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado que acompanhou o processo de formatação do restauro da edificação construída no então governo Tarso Genro com a comunidade escolar, Sofia Cavedon (PT), Leite “mantém o seu propósito de interferir numa conquista da comunidade escolar, apesar da reunião que tivemos na semana passada com a secretária de Educação”.

Para a deputada, “não nos estranha que não tenham chamado a comunidade escolar. Ninguém está apoiando essa interferência, esse oportunismo, esse desrespeito do governo com a história do Instituto de Educação. Vamos seguir a luta. Nós queremos acompanhar as obras e vamos continuar exigindo que o projeto seja plenamente dedicado a escola”.

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