MOVIMENTO

Protesto em evento pró-Reforma Trabalhista

Jornada Brasileira das Relações de Trabalho, promovida pela Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados será recebida com protestos em Porto Alegre
Por Gilson Camargo / Publicado em 22 de junho de 2018
Coordenadas pelo ex-ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira (C) , as Jornadas foram lançadas na Câmara dos Deputados no dia 19

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Coordenadas pelo ex-ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira (C) , as Jornadas foram lançadas na Câmara dos Deputados no dia 19

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Um jantar para empresários no Personal Royal Hotel, na noite de quinta-feira, 21, em Caxias do Sul, marcou o início, no estado, das Jornadas Brasileiras das Relações de Trabalho – conjunto de conferências que percorre o país em defesa da reforma trabalhista. Do lado de fora do hotel, sindicalistas alertavam sobre os retrocessos criados pela reforma trabalhista. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e seus sindicatos filiados organizaram uma agenda de atos públicos para protestar nos locais das conferências.

Lançado dia 19 na Câmara dos Deputados, o evento é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Cultura e Ensino (Ibec), com coordenação do ex-ministro do Trabalho e atual presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS). A proposta da “Jornada” é defender os “avanços” da reforma trabalhista – Lei 13.467/2017 promulgada em 13 de julho de 2017.

As conferências contam com a parceria de confederações e federações patronais, empresas, redes de comunicação e universidades privadas, incluindo várias instituições gaúchas. O público-alvo são advogados, juízes, integrantes do Ministério Público e auditores fiscais do Trabalho, responsáveis pela aplicação direta da nova legislação, além de universitários, docentes e pesquisadores de Direito. Entre os palestrantes, ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Alexandre Agra, Aloysio Corrêa, Douglas Alencar, Ives Gandra Martins Filho, Maria Cristina Peduzzi e Gelson Azevedo, e os desembargadores do trabalho Sérgio Torres e Vólia Bonfim.

No Rio Grande do Sul estão previstas 16 conferências. Em Porto Alegre, o evento será no dia 13 de julho, às 12h30min, no Hotel Sheraton.

Confira o calendário das Jornadas:

– 29/06 – 12h30 – Passo Fundo: Clube Comercial
– 30/06 – 12h30 – Erechim: Clube do Comércio
– 02/07 – 19h30 – Santa Rosa: Hotel Imigrantes
– 03/07 – 19h30 – Uruguaiana: Clube do Comércio
– 04/07 – 19h30 – Bagé: Hall 1031
– 05/07 – 19h30 – Pelotas: M.Tower
– 06/07 – 12h30 – Cachoeira do Sul: Sindilojas
– 07/07 – 19h30 – Capão da Canoa: Hotel Araçá
– 09/07 – 19h30 – Canoas: Canoas Parque Hotel
– 10/07 – 12h30 – Santa Cruz do Sul: Hotel Águas Claras
– 12/07 – 19h30 – Rio Grande: Villa Moura Executivo
– 13/07 – 12h30 – Porto Alegre: Hotel Sheraton

Reforma trabalhista escraviza trabalhadores, diz presidente da CUTRS

Para o presidente em exercício da CUT-RS, Marizar de Melo, a reforma trabalhista “é indefensável”, pois “escraviza a mão de obra e cria as condições ideais para que os empresários aumentem seus lucros”. O dirigente aponta que as Jornadas têm o apoio “dos mesmos empresários que ajudaram o ex-ministro do trabalho a destruir os direitos da classe trabalhadora e agora estão em campanha para a sua reeleição como deputado”.

Melo aponta que o primeiro ano de vigência da reforma trabalhista coincide com o aumento do desemprego. A taxa de desemprego do Brasil cresceu para 13,1% no primeiro trimestre de 2018, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que totaliza 13,7 milhões de desempregados no primeiro trimestre deste ano, o mais alto nível de desocupação desde 2012. “Nós sabemos que milhares de trabalhadores perderam seus empregos por conta da reforma e não aparecem nas estatísticas do governo, o que pode elevar o desemprego para até 30 milhões de brasileiros”, alerta.

O secretário de Relações do Trabalho da CUT-RS, Antonio Güntzel, considera que a nova legislação promove o desmonte da CLT, limita o acesso à Justiça do Trabalho “e veio para quebrar os sindicatos para acabar com a rede de proteção do trabalhador, o elo mais fraco nas relações entre capital e trabalho”. “Se essa reforma trabalhista fosse boa, essa gente não iria gastar tempo e dinheiro para viajar pelo Brasil em defesa dessa legislação”, questiona.

O diretor da CUT-RS e do Sinpro/RS, Amarildo Cenci, vê com preocupação o apoio de universidades gaúchas a um evento que visa mudar a narrativa sobre a reforma trabalhista. “O Sinpro/RS vê com estranheza que instituições de ensino superior como URI, Unisc, Urcamp, UCS e Unijuí sejam apoiadoras de um evento que quer demonstrar modernidade de uma reforma que só traz prejuízos aos direitos dos trabalhadores e que, a pretexto de gerar empregos, o que se tem visto é a precarização do trabalho, a diminuição da renda, o aprofundamento do desemprego e o retorno da miséria”, afirma.

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