GERAL

A complacência do grande império

Renato Dalto / Publicado em 13 de maio de 2002

O governo norte-americano, especialista em ações militares internacionais, fez o jogo de cena do politicamente preocupado. Enviou o secretário de Estado Colin Powell a Jerusalém para tentar, diplomaticamente, um acordo de cessar-fogo. Era a diplomacia a passos lentos enquanto se prolongava a guerra. “Creio que a análise da posição tateante e não muito explícita dos Estados Unidos, as dificuldades de Colin Powell, ilustram, mais uma vez, as influências poderosas dos lobbys israelenses nos Estados Unidos”, analisa Araújo. “Sem essa firmeza, combinada com posições mais firmes da União Européia, pouco poderá fazer a ONU”, complementa.

O pesquisador norte-americano Michael Lind, do centro de pesquisas New América Fundation, entrevistado pelo revista Época, confirma.”O lobby pró-Israel é o mais poderoso em Washington e distorce a política externa norte-americana. A razão, para ele, é simples: o uso de dinheiro “levantado entre doadores ricos para intimidar senadores, deputados e outros políticos americanos em todas as regiões do país”. Lind calcula que, no ano de 2000, foram doados US$ 2 milhões para candidatos ao congresso.

Aliam-se a essa influência da comunidade judaica outros interesses no Oriente Médio. “A própria política norte-americana no que se refere aos seus interesses pelo petróleo no Oriente Médio, faz com que aquela região deva permanecer sob total controle do governo norte-americano. E o conflito naquela região favorece tal controle; e assim o aliado Israel deve ser apoiado”, explica Mohamed Habib.

No jogo de cena, entretanto, não há demonstração de apoio explícito. É na sutileza da omissão que repousa o fermento para a continuidade da guerra. “Bush praticamente, afastou os Estados Unidos do conflito, numa atitude irresponsável, na medida em que, como país hegemônico, os Estados Unidos têm a obrigação de buscar o equilíbrio na região”, afirma Antônio Celso Pereira. Enquanto isso, a tendência é de uma guerra sem vencedores. E uma paz distante. Para Braz de Araújo, a supremacia militar de Israel não significa a derrota da Palestina. “O exército de Israel está acabando momentaneamente com a resistência palestina na Cisjordânia. Vale perguntar: por quanto tempo?”.

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