OPINIÃO

Desafios da escola real

Denise Alves Schwochow * / Publicado em 18 de abril de 2010

Mais um ano letivo e as esperanças e frustrações permanecem. Nas escolas eclodem as angústias de uma categoria sofrida que vê, dia a dia, aumentar a responsabilidade de formar alunos para enfrentar um mundo de desigualdades sociais, violento e com graves problemas ambientais. E é nesse momento que se levanta a questão da avaliação e recompensa ao professor.

Não ignoro a importância das teorias pedagógicas nem sou contra a avaliação diagnóstica para intervenção do sistema educacional como suporte na busca de melhorias. Mas o que vejo é um sistema com uma visão desconexa da realidade do professor e do funcionário, tratando-os muito mais como adversários do que como parceiros no educar.

A tão alardeada inclusão ocorre sem as escolas estarem supridas de serviço pedagógico especializado. O número de alunos por sala, a necessidade de trabalhar em várias escolas, os baixos salários e a falta de pessoal de apoio não permitem que o professor atenda plenamente todos seus alunos. Numa turma de 35 ou 40 alunos, às vezes dois ou três podem passar de uma atitude desafiadora a um acesso de raiva contra o professor, o colega ou o patrimônio.

No momento em que o Conselho Estadual de Educação aprova parecer que orienta a inserção de normas de convivência nos regimentos escolares, se estabelece um excelente momento para o debate com a sociedade e o estado. Um professor afetivo, com domínio de conteúdo e com jogo de cintura dificilmente se depara com problemas mais graves de conduta. Mas eles existem. Como agir sobre um aluno que persistentemente impede a aprendizagem dos outros? Não raro, após esgotados os recursos, a escola e os pais desistem, estabelecendo uma crise de autoridade.

Os professores se sentem impotentes e angustiados frente à desautorização e tomam atitudes diversas: uns ficam apáticos, outros somatizam a frustração, ficando doentes, e outros lutam para procurar um novo caminho. Práticas inovadoras são eficazes quando educadores motivados se sentem respeitados e integrantes de uma equipe. Requer que o poder público entenda Educação como investimento, forneça suporte pedagógico, condições de trabalho e que veja o aluno como educando e não como cliente.

*Professora da Escola Estadual Glicério Alves, Porto Alegre.

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