OPINIÃO

Vocação macunaímica

Editorial / Publicado em 9 de outubro de 2019

Imagem: Reprodução

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O Brasil é um país macunaímico, adjetiva o sociólogo e cientista político, professor da Unicamp, Ricardo Antunes, na entrevista do mês. A cada nova crise, se inventa uma saída milagrosa que nada resolve e só faz aprofundar a nossa tragédia, alerta ele ao analisar a conjuntura de desemprego em um país a caminho, entre outras coisas, da recessão. “Assim como ocorreu com a reforma trabalhista, a da Previdência não vai gerar empregos”, projeta Antunes. O milagre da vez: a ideologia do empreendedorismo diante de um Estado incapaz de assegurar direitos e de uma classe empresarial que não gera empregos.

Em ascensão desde o golpe de 2016 que mergulhou o país no obscurantismo, a perseguição aos professores e as tentativas de interdição do debate no ambiente escolar assumiram diversas faces. Possivelmente a mais nefasta e absurda, o projeto Escola sem partido – que atenta contra a liberdade de ensinar e ainda dissemina o ódio e o preconceito em um ambiente que por definição é de liberdade do pensamento, de solidariedade e de incentivo à autonomia – vem sendo derrotado justamente por aquilo que tenta combater. É nesse cenário que profissionais da educação e da sociedade estão valorizando o debate sobre gênero e diferenças como forma de prevenção e enfrentamento à violência e à intolerância, como mostra reportagem desta edição.

Ainda sobre Educação, um recorte sobre a crise que ronda a educação pública e gratuita ofertada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRS) devido aos cortes no orçamento.

Destaque de capa desta edição, a oferta ao mercado, pelo governo do estado, de um lote de imóveis que pertencia ao Instituto de Previdência do RS e foi alienado pelo Executivo por meio de um projeto gestado no próprio Palácio Piratini. O Extra Classe teve acesso exclusivo a documentos que demonstram que o patrimônio dos segurados está sendo liquidado com base em uma subavaliação, a valores defasados em quase uma década.

Vem da sede do governo de Eduardo Leite (PSDB) outra iniciativa polêmica: um projeto que flexibiliza o Código Ambiental e cria facilidades para empresas como a ideia de “autolicença ambiental” – seria uma estratégia para deixar o caminho livre para os controversos projetos de mineração que rondam o estado? O projeto será encaminhado à Assembleia Legislativa para ser votado, sem passar pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Completam a edição os colunistas e chargistas do Extra Classe e as informações do ensino privado, com destaque para as eleições da direção colegiada do Sinpro/RS para o triênio 2020/2022. O pleito será realizado de 5 a 7 de novembro em todo estado por meio de voto eletrônico, envolvendo mais de 22 mil docentes.

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