POLÍTICA

Redes sociais impulsionam ativismo por impeachment de Bolsonaro

Omissão e sabotagem em relação ao combate à pandemia, entre outros crimes motivam pressão e ações pelo afastamento do presidente. Só na Câmara, são 61 pedidos trancados por Rodrigo Maia
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 20 de janeiro de 2021
Campeão de pedidos de impeachment na Câmara, Bolsonaro desdenha da pandemia e perde apoio até do Centrão

Foto: Carolina Antunes/ PR

Campeão de pedidos de impeachment na Câmara, Bolsonaro desdenha da pandemia e perde apoio até do Centrão

Foto: Carolina Antunes/ PR

O impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é uma proposta que ganha corpo nas redes sociais e entre a sociedade em geral.

Além de ações protocoladas, pedindo o afastamento do mandatário, os mais variados canais como Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp, entre outros, são utilizados por aqueles que acreditam que somente com Bolsonaro fora do governo o Brasil pode sair da crise fomentada no processo de combate à covid-19.

"Pedaladas fiscais?", ironiza a atriz Maria Flor em séria de videos que tem mais de 2 milhões se seguidores no Instagram

Foto: Reprodução

“Pedaladas fiscais?”, ironiza a atriz Maria Flor em séria de videos que tem mais de 2 milhões se seguidores no Instagram

Foto: Reprodução

Até no Linkedin, uma rede focada em contatos corporativos, na qual seus membros evitam ao máximo se expor politicamente, o debate nesse sentido está sendo feito.

Bolsonaro, desde o início, mostrava leniência com a pandemia. Mas os fatos mais recentes é que foram o estopim. O desabastecimento de oxigênio em Manaus (AM), que fez com que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedisse abertura de investigações sobre o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, por inação, é um dos casos.

Outro motivo foi a derrota do governo que não conseguiu trazer da Índia um lote de dois milhões de doses da vacina da AstraZeneca para iniciar o Plano Nacional de Imunização (PNI). Isso acabou, entre uma justifica e outra, fazendo com que o governo ficasse como única alternativa a CoronaVac. A vacina da chinesa Sinovac que será produzida no Brasil pela Fundação Butantan desde o início era desdenhada pelo presidente por se tratar e um possível trunfo do governador Paulista João Dória, a ser apresentado na campanha presidencial de 2022.

Placar do Impeachment

Placar do Impeachment

Imagem: Reprodução

Placar do Impeachment

Imagem: Reprodução

A movimentação fez com que o perfil do Twitter @sos_impeachment lançasse na última sexta-feira, 15, o Placar do Impeachment.

Por meio de monitoramento das redes sociais de parlamentares, a ferramenta contabiliza que 110 dos 513 deputados já se manifestaram favoravelmente ao afastamento de Bolsonaro. Ainda de acordo com o Placar do Impeachment, 53 deputados são contrários a uma abertura de processo contra o presidente e 350 não opinaram, mas nas últimas horas até parlamentares do Centrão já ensaiam abandonar o barco de Bolsonaro. Para que um processo de impeachment presidencial seja aprovado pela Câmara é necessário o voto de pelo menos 342 deputados.

É essa a aposta do movimento que criou o Placar do Impeachment. Na ferramenta, além de mapear os posicionamentos dos parlamentares, os internautas também encontram um canal para exercer pressão. O site do Placar apresenta o e-mail de cada parlamentar e um modelo para que seja manifestada a posição do cidadão que quiser se utilizar do mecanismo.

Sabotando a vacinação

Campanha no Facebook mobiliza para ato pelo afastamento de Bolsonaro no dia 24

Imagem: Reprodução

Campanha no Facebook mobiliza para ato pelo afastamento de Bolsonaro no dia 24

Imagem: Reprodução

A pressão também se volta contra a PGR. Uma petição assinada por 352 pessoas, entre juristas, intelectuais, artistas e ambientalistas, solicitou também na sexta-feira, 15, a abertura de ação criminal contra o presidente da República no Supremo Tribunal Federal (STF).

A ação responsabiliza Bolsonaro por “sabotar e frustrar” o processo de vacinação, o que pode colocar em risco a saúde pública. A petição foi protocolada na PGR e é endereçada ao Procurador-Geral, Augusto Aras,  única autoridade com competência para denunciar o presidente da República na possibilidade da prática de crime comum.

“O presidente da República tem fomentado toda sorte de subterfúgios e sabotagens para retardar ou mesmo frustrar o processo de vacinação, embora o país seja historicamente reconhecido como referência internacional de prevenção de doenças por meio imunobiológico”, diz o texto.

“O Bolsonaro está no poder há dois anos. Você quer que eu te diga tudo que ele já fez? Cadê o impeachment? Pedalada fiscal é uma coisa que nesse país dá impeachment, mas deixar gente morrer, fazer pouco caso da pandemia, não usar máscara, deixar as pessoas sem oxigênio, interferir na Polícia Federal, todos os laranjas dos filhos, tudo isso não dá impeachment”, ironiza a atriz Maria Flor em sua série de videos Maria Pistola, no Instagram, que já tem mais de 2 milhões de acessos.

Histórico na Câmara

Ato de julho do ano passado contra Bolsonaro

Foto: Agência Câmara

Ato de julho do ano passado contra Bolsonaro

Foto: Agência Câmara

Desde o início de seu mandato, Bolsonaro é alvo de 61 pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados. Seis foram rejeitados sumariamente pelo presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Agora, mesmo sentado sobre 56 pedidos, Maia às vésperas de encerrar seu mandato na presidência, chegou a dizer recentemente que considera inevitável a discussão sobre um pedido de impeachment de Bolsonaro no futuro.

Dos 61 pedidos de impeachment protolados na Câmara, seis foram rejeitados e 56 estão na gaveta de Maia, que deixa a presidência da Casa no final de janeiro

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dos 61 pedidos de impeachment protolados na Câmara, seis foram rejeitados e 56 estão na gaveta de Maia, que deixa a presidência da Casa no final de janeiro

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda nessa semana, o bloco de oposição ao governo na Câmara (Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT) pretende protocolar outro pedido para o afastamento do presidente. A base é a negligência do governo em relação ao colapso no sistema de saúde, com mortes de pacientes covid-19 por asfixia devido ao desabastecimento de oxigênio no Amazonas.

“O presidente da República deve ser política e criminalmente responsabilizado por deixar sem oxigênio o Amazonas, por sabotar pesquisas e campanhas de vacinação, por desincentivar o uso de máscaras e incentivar o uso de medicamentos ineficazes, por difundir desinformação, além de violar o pacto constitucional entre União, Estados e Municípios”, disseram os partidos em nota conjunta.

Comentários