MOVIMENTO

Ato contra Bolsonaro reúne milhares no centro de Porto Alegre

Retomada das manifestações de rua no último ano de governo é marcada por críticas ao custo de vida e desemprego recordes e em defesa da educação e do SUS
Por Flávio Ilha e Igor Sperotto (fotos) / Publicado em 9 de abril de 2022

As principais palavras de ordem das manifestações foram contra os aumentos do gás e da gasolina, além da fome e do desemprego

Foto: Igor Sperotto

Milhares de pessoas participaram na tarde deste sábado, 9, do “9A” em Porto Alegre, ato unificado das centrais sindicais de trabalhadores em protesto contra o governo Bolsonaro.

O ato marcou a retomada das manifestações de rua, justamente quando a inflação bate recordes e o desemprego é um dos mais altos da história do país, atingindo cerca de 20 milhões de trabalhadores. A mobilização foi batizada de “Bolsonaro Nunca Mais”.

A manifestação se concentrou no Largo Glênio Peres e depois percorreu as principais ruas do centro da capital, em uma marcha que terminou no Largo Zumbi dos Palmares. Com faixas e palavras de ordem criticando a carestia nesse governo, além da defesa da educação pública e do SUS, os manifestantes ostentavam bandeiras de partidos, movimentos e do Brasil. Ambulantes vendiam bandanas e bonés, além de botons, por preços que variavam de R$ 10,00 a R$ 50,00.

Após concentração no Largo Glênio Peres, manifestantes percorreram as principais ruas do centro da capital, em uma marcha que terminou no Largo Zumbi dos Palmares

Foto: Igor Sperotto

Também eram vendidas bandeiras com a estampa do ex-presidente Lula, pré-candidato do PT à presidência. Políticos e lideranças sindicais se revezaram na tribuna do carro de som. O presidente da CUT, Amarildo Cenci, disse que os protestos não vão deixar as ruas até que Bolsonaro seja “varrido” do poder. “Quiseram acabar com a nossa raça, mas continuamos resistindo aqui. Nossa mensagem é de vida e de esperança”, discursou.

Foram as primeiras manifestações antiBolsonaro deste ano. Um botijão de gás gigante foi inflado junto ao caminhão de som com a inscrição “gás a preço justo, Petrobras fica no RS”. As principais palavras de ordem foram contra os aumentos do gás e da gasolina, além da fome e do desemprego.

O representante da Força Sindical, Cláudio Correa, destacou a unidade da classe trabalhadora num momento “fundamental” do país. “É hora de resgatar nossa dignidade. Enquanto o povo compra osso e pé de galinha para se alimentar, o presidente come camarão e ainda se atrapalha”, ironizou.

Militantes da União Juventude Socialista na Esquina Democrática

Foto: Igor Sperotto

A sindicalista Neiva Lazzarotto, da CSP-Conlutas, mencionou a necessidade de derrotar o novo ensino médio, implantado em 2022 pelo governo federal e que, segundo ela, “é do Itaú-Unibanco e do (empresário Jorge Paulo) Lemann”. Também criticou a implantação das escolas cívico-militares, que servirão para “recrutar jovens pobres de periferia para o fascismo”.

A marcha teve palavras de ordem contra o governo, além de charangas e uma encenação artística que representou miseráveis famintos atacando banqueiros e burgueses. Um forte aparato policial acompanhou a manifestação, mas não foram registrados tumultos.

Encenação artística confrontou famintos com banqueiros, burgueses e militares

Foto: Igor Sperotto

O 9A foi convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo e estava previsto para ocorrer em pelo menos 60 cidades brasileiras. Também foram registradas manifestações de brasileiros em Portugal e na Suíça.

No Rio Grande do Sul, além de Porto Alegre, foram realizados atos em Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, São Leopoldo, Santana do Livramento e Tramandaí.

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