JUSTIÇA

Juíza manda internar adolescente suspeito de planejar massacre em escola no Rio

Videos anunciando um atentado foram rastreados pela Interpol e Polícia Federal. Já em São Paulo, adolescente que matou professora tinha histórico de violência, mas ficou livre
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 28 de março de 2023

Foto: TJRJ/ Reprodução

Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e da Juventude do Rio, determinou apreensão preventiva de adolescente que divulgou videos anunciando que faria massacre em uma escola

Foto: TJRJ/ Reprodução

A Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro determinou a internação provisória de um adolescente que planejou um ataque a uma escola e teve suas postagens interceptadas pela polícia.

De acordo com alerta do Google para a Interpol, o jovem havia publicado no Youtube, exibindo armas de fogo e relatando planos para realizar um massacre em uma escola.

Em trabalho conjunto com a Polícia Federal (PF) a Interpol rastreou as publicações e localizou o autor e a escola ameaçada que teve seu nome mantido em sigilo para evitar pânico.

As informações foram enviadas à justiça. Além de determinar a internação provisória do adolescente por comportamento suspeito, a juíza da Infância e da Juventude do Rio, Vanessa Cavalieri, autorizou a busca e a apreensão dos equipamentos eletrônicos encontrados na casa dele e a quebra do sigilo de dados e comunicações.

Data simbólica massacre em escola

De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), a data em que o adolescente apreendido provisoriamente pretendia realizar o atentado era o dia 20 de abril.

Em 20 de abril de 1999 aconteceu no estado norte-americano do Colorado o que foi conhecido como Massacre de Columbine.

Na ocasião, dois estudantes da Columbine High School protagonizaram um atentado com armas de fogo contra colegas que resultou na morte de 12 adolescentes, um professor e o ferimento de 24 outras pessoas.

Planejada em detalhes, a ação só se encerrou após o suicídio da dupla, que chegou a trocar tiros com a polícia local.

Na Dark Web, o dia 20 de abril é cultuado por extremistas e associada ao incentivo de ataques semelhantes.

Negligência em São Paulo

Se a ação da justiça fluminense acionada pela Interpol e pela PF foi ágil, já há questionamentos à postura do governo do estado de São Paulo em relação ao autor do ataque de segunda-feira, 27.

O adolescente que matou a facadas a professora Elisabeth Tenreiro e feriu outras cinco pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro na capital paulista tinha um Boletim de Ocorrência (BO) registrado em 28 de fevereiro passado o classificando como alguém de perfil agressivo.

No BO registrado por uma funcionária da Escola Estadual José Roberto Pacheco, em Taboão da Serra, Grande São Paulo, de onde o adolescente foi transferido no começo deste mês, foi dito que o jovem vinha tendo comportamento suspeito nas redes sociais, “postando vídeos comprometedores, por exemplo, portando uma arma de fogo e simulando ataques violentos”.

O adolescente fazia referências nas redes sociais ao autor do atentado que deixou oito mortos em uma escola de Suzano (SP) em 2019.

Ele, em sua conta no Twitter, chegava a usar o nome Taucci e uma sequência de números. Taucci é o sobrenome do adolescente que atirou contra colegas em Suzano.

Consta ainda no documento policial que os seus responsáveis foram convocados para ir à escola e que a direção os orientou a tomar providências, pois ele teria encaminhado mensagens e fotos de armas aos demais alunos por WhatsApp.

“Alguns pais estão se sentindo acuados e amedrontados com tais mensagens e fotos”, descreve trecho do boletim.

Apesar dos alertas, nada foi feito e o jovem consumou o atentado.

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