CULTURA

Vitor Ramil lança Avenida Angélica em Porto Alegre

O artista lança seu novo álbum físico em espetáculo multimídia durante as comemorações dos 250 anos de Porto Alegre   
Por César Fraga / Publicado em 31 de maio de 2022
Vitor Ramil lança Avenida Angélica em Porto Alegre

Foto: Marcelo Soares/Satolep Music/Divulgação

O espetáculo celebra o lançamento do álbum físico Avenida Angélica, que contém 17 canções de Vitor Ramil a partir de poemas da poeta Angélica Freitas, a parceria iniciou em 2008

Foto: Marcelo Soares/Satolep Music/Divulgação

Vitor Ramil volta ao palco principal do Theatro São Pedro nos próximos dias 4 e 5 de junho, depois de dois anos afastado do público porto-alegrense, por conta da pandemia de covid-19.

Ele lança o álbum físico de seu mais recente trabalho intitulado Avenida Angélica, inteiramente dedicado à poesia de Angélica Freitas em formato de canção.

Vitor, embora já tenha musicado poemas de Borges e João da Cunha Vargas, pela primeira vez dedica um álbum/espetáculo inteiro a uma autora; e a partir de um eu lírico feminino.

Ramil conheceu o trabalho de Angélica em 2008. De lá para cá o projeto foi tomando forma lentamente (leia entrevista no final nesta matéria).

O espetáculo e o álbum

O espetáculo abrirá as comemorações do aniversário do Theatro São Pedro e faz parte da programação oficial dos 250 anos de Porto Alegre.

O álbum Avenida Angélica foi gravado em áudio e vídeo em agosto de 2021, sem público presente, no canteiro das obras de restauro do Theatro Sete de Abril, em Pelotas, o terceiro mais antigo do Brasil.

Ao todo, são 17 canções criadas por Vitor para poemas de sua conterrânea, publicados originalmente nos livros Rilke Shake Um útero é do tamanho de um punho, mais a leitura do poema Ítaca pela própria poeta em vídeo gravado em Berlim, onde vive.

No show, Vitor Ramil se apresenta no formato voz e violão.  A ambientação visual – multimídia – foi criada por Isabel Ramil. Iluminação, cenário e vídeos funcionam como uma segunda camada de leitura para os poemas.

Este é o décimo segundo título da discografia de Ramil, o álbum físico de Avenida Angélica é em formato compact disc (CD) com capa e encarte em formato diferenciado dos convencionais (18×12,5 cm). Trata-se de um documento com apresentação gráfica elaborada, e que reúne fotos em seu enquadramento original, poemas e canções. Além de ser uma edição histórica e limitada, traz o encontro dos artistas no teatro da cidade natal de ambos.

O álbum também está disponível nas plataformas de streaming.

Vitor Ramil lança Avenida Angélica em Porto Alegre

Foto: Marcelo Soares/Satolep Music/Divulgação

O álbum Avenida Angélica foi gravado em áudio e vídeo em agosto de 2021, sem público presente, no canteiro das obras de restauro do Theatro Sete de Abril, em Pelotas

Foto: Marcelo Soares/Satolep Music/Divulgação

Discografia

Vitor Ramil é compositor, letrista, cantor e escritor. Em sua discografia anterior à Avenida Angélica lançou outros onze álbuns: Estrela, Estrela (1981), A paixão de V segundo ele próprio (1984), Tango (1987), À beça (1995), Ramilonga – A estética do frio (1997), Tambong (2000), Longes (2004), Satolep Sambatown (com Marcos Suzano – 2007), délibáb (CD+DVD – 2010), Foi no mês que vem (duplo – 2013) e Campos Neutrais (2017).

Literatura

Na literatura, publicou as novelas Pequod (1995), Satolep (2008) e A primavera da pontuação (2014), além do ensaio A estética do frio – Conferência de Genebra (2004). Também têm dois songbooks com obras suas: Vitor Ramil (2013) e Campos Neutrais (2017).

Autor e parceiro

Ele é autor de música e letra da maior parte de seu repertório. Também musicou e gravou poemas de Jorge Luis Borges, João da Cunha Vargas, Angélica Freitas, Fernando Pessoa, António Bótto, Allen Ginsberg, Juca Ruivo, Paulo Leminski, Arnaut Daniel e Emily Dickinson; compôs em parceria com Chico César, Jorge Drexler, Kleiton e Kledir, Zeca Baleiro, André Gomes e Joãozinho Gomes, entre outros parceiros; e versionou quatro canções de Bob Dylan e uma de Xöel Lopez.

Suas canções já foram interpretadas por Mercedes Sosa, Chico César, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Fito Paez, Jorge Drexler, Kátia B, Kleiton e Kledir, Adriana Maciel, Tommy Körberg, Gal Costa, Zeca Baleiro, MPB4, Pedro Aznar, Lenine, Ceumar, Maria Rita, Gutcha e Ian Ramil, entre outros

Conversando com Vitor Ramil

Vitor Ramil lança Avenida Angélica em Porto Alegre

Foto: Marcelo Soares/Satolep Music/Divulgação

“Tenho material para mais de um disco”, afirma Vitor

Foto: Marcelo Soares/Satolep Music/Divulgação

Extra Classe – O que te levou, artisticamente, a mergulhar no universo de outro artista e extrair dali uma terceira expressão, que são as canções a partir dos poemas?
Vitor Ramil – Eu conheci a poesia da Angélica em 2008, quando estava em São Paulo para o lançamento do meu livro Satolep; e a nossa editora era a mesma Cosac & Naif. Certo dia, o Augusto Massi me deu um livro da Angélica e ele me disse: “essa é uma conterrânea tua; este é o primeiro livro dela e você vai gostar muito. Ele me contou que ela Morava na Holanda e tal. Aí eu cheguei no hotel, comecei a ler o livro dela e logo senti que era muito musical.

EC – Deu liga?
Vitor – Alguns poetas a gente sente uma conexão. Eu já sinto de cara uma atração, vamos dizer assim, para compor,  para musicar. Então, não dá para dizer que foi uma ideia propriamente dita, ou algo programado. Foi essa primeira intuição. Depois, quando cheguei em casa, em Pelotas, eu fiz Vida Aérea, nossa primeira parceria. Aí eu quis me comunicar com ela. Eu não sabia se la me conhecia. Eu fiz contato. Ela achou legal.

EC – Como a Angélica Freitas reagiu?
Vitor – No fim, ela curtiu a ideia e eu segui musicando. Até porque eu senti que iria seguir musicando os poemas dela. Depois, ela veio ao Brasil, acabou voltando a morar em Pelotas por um tempo (em 2010). Aí, descobri que ela era minha vizinha e acabamos convivendo muito. E foi assim que começou nossa parceria.

EC – É como uma parceria comum entre dois artistas – pelo fato dela ser uma poeta viva – diferente de Borges, que também já te inspirou algo semelhante ou são processos criativos distintos?
Vitor – Sim, eu já tinha feito isso com os poemas do Borges E do João da Cunha Vargas, que musiquei pro Ramilonga (álbum), depois pro délibáb. Claro que em nenhum desses álbuns eu fiz vinte canções como fiz para Avenida Angélica. Mas a sensação, a relação foi a mesma.

EC – Em que difere dessas experiências anteriores?
Vitor – A diferença, no caso da Angélica é isso. Ela estava presente, como contei antes. Ela era minha vizinha. Ela morava praticamente a menos uma quadra da minha casa. Na verdade meia quadra e depois dobrava mais meia quadra e já era a casa dela. Então, pude contar com ela o tempo todo. Eu fazia uma canção e já chamava ela para ouvir.

EC – Houve licença poética para transformar poesia em letra?
Vitor – Ela também me deu liberdade para eventualmente mexer nos poemas. Alguns que eram curtos eu achava que podiam ser mais desenvolvidos. Então, foi interessante porque os poemas ganharam um pouco uma cara de letra de música. Que é uma coisa, que na verdade, eu acho que os poemas da Angélica já têm na origem.  Ela gosta muito de canção, de letra, de música e já tem essa pegada na poesia dela. Ela foi, portanto, uma excelente letrista no decorrer dos trabalhos.

EC – Já existe algum outro projeto teu em andamento, musical ou literário ou o foco agora é viajar com Avenida Angélica?
Vitor – O foco agora é viajar com Avenida Angélica. Mas, sim, têm outros projetos em andamento. Eu estou escrevendo sobre a Estética do Frio, uma espécie de aprofundamento do ensaio que lancei em 2004, que era uma conferência que eu havia dado em Genebra. E como essa conferência tinha um tempo específico de uma hora, o texto ficou bem sucinto. E, de lá para cá, também deixei o tempo correr. As ideias se desenvolverem. E agora, então, estou trabalhando nisso. Na verdade, sempre estive trabalhando nisso, inclusive durante a pandemia, e vou continuar. Só não tenho previsão de lançamento. Durante a pandemia eu também compus muito. Tenho material, para mais de um disco. E o próximo que eu estou inclinado a fazer é com poemas do Paulo Leminski, com quem eu já tenho umas 15 ou 16 parcerias.

SERVIÇO

Vitor Ramil – Avenida Angélica

Espetáculo e lançamento do álbum físico

4 e 5 de junho, às, 21 e 18h, respectivamente

Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n° Centro Histórico Porto Alegre)

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: LIVRE

Recomenda-se o uso de máscaras dentro das dependências do Theatro São Pedro.

Ingressos on-line

Os ingressos já estão disponíveis na plataforma Sympla. Maiores informações pelo (51) 3227.5100.

Realização: Satolep Music e Ramil e Uma Produções

Produção local: Cida Cultural

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