ECONOMIA

Custo de vida em novembro tem a maior alta em cinco anos

Todos os produtos do mercado varejista pesquisados nas regiões metropolitanas tiveram altas recordes, com destaque para alimentação, bebidas e transportes
Da Redação* / Publicado em 25 de novembro de 2020
Supermercado na zona sul do Rio de Janeiro: alimentação mantém alta de preços na pandemia

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Supermercado na zona sul do Rio de Janeiro: alimentação mantém alta de preços na pandemia

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Mais importante indicador criado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para aferir a variação de preços do mercado varejista com incidência direta no aumento do custo de vida da população, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,81% em novembro. O aumento registra 0,13 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de outubro (0,94%), mas expressa a maior variação para um mês de novembro desde 2015, quando o aumento do IPCA-15 foi de 0,85%.

Infográfico: Dieese/ Divulgação

Infográfico: Dieese/ Divulgação

No ano, o índice acumula alta de 3,13%. O acumulado dos últimos 12 meses é de 4,22%, acima dos 3,52% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2019, a taxa foi de 0,14%.

Alimentação e bebidas

Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em novembro, com destaque para Alimentação e bebidas (2,16%), que contribuiu com 0,44 p.p. no índice do mês. O segundo maior impacto (0,20 p.p.) veio dos Transportes (1,00%), que desaceleraram frente ao mês anterior (1,34%). Já os grupos Artigos de residência (1,40%) e Habitação (0,34%) apresentaram resultados próximos aos de outubro, quando variaram 1,41% e 0,40%, respectivamente. Os demais ficaram entre o 0,01% de Educação e o 0,96% de Vestuário.

O grupo Alimentação e bebidas variou 2,16% em novembro e acumula alta de 12,12% no ano. Os preços dos alimentos para consumo no domicílio subiram 2,69%, influenciados pela alta de alguns itens importantes na cesta das famílias, como as carnes (4,89%), o arroz (8,29%) e a batata-inglesa, que passou de -4,39% em outubro para 33,37% em novembro. O tomate (19,89%) e óleo de soja (14,85%) também subiram, embora este último tenha desacelerado em relação ao mês anterior (22,34%). No lado das quedas, o destaque foi o leite longa vida, cujos preços caíram 3,81%.

Já a alimentação fora do domicílio acelerou de 0,54% em outubro para 0,87% em novembro, principalmente em função da alta do lanche (1,92%). A refeição, por sua vez, variou 0,49%, frente à alta de 0,93% no mês anterior.

Alta dos combustíveis

Infográfico: Dieese/ Divulgação

Infográfico: Dieese/ Divulgação

Em Transportes (1,00%), o maior impacto (0,06 p.p.) veio da gasolina (1,17%), subitem de maior peso na composição do IPCA-15. Os preços de outros combustíveis, como o etanol (4,02%), o óleo diesel (0,53%) e o gás veicular (0,55%) também subiram. A segunda maior contribuição no grupo (0,03 p.p.) veio do automóvel novo, com alta de 1,07%. Cabe mencionar ainda a desaceleração observada nas passagens aéreas, que passaram de alta de 39,90% em outubro para 3,46% em novembro.

Ainda em Transportes, as principais quedas foram observadas nos preços das passagens dos ônibus interestaduais (-0,52%) e dos ônibus intermunicipais (-0,40%).

Mobiliário e eletrodomésticos

Os preços dos alimentos para consumo no domicílio subiram 2,69%, influenciados pela alta de alguns itens importantes na cesta das famílias, como as carnes (4,89%), o arroz (8,29%) e a batata-inglesa, que passou de -4,39% em outubro para 33,37% em novembro

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Os preços dos alimentos para consumo no domicílio subiram 2,69%, influenciados pela alta de alguns itens importantes na cesta das famílias, como as carnes (4,89%), o arroz (8,29%) e a batata-inglesa, que passou de -4,39% em outubro para 33,37% em novembro

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em Artigos de residência (1,40%), as maiores contribuições vieram dos itens mobiliário (2,40%) e eletrodomésticos e equipamentos (2,23%), ambos com impacto de 0,02 p.p. Em particular, destaca-se a alta de 11,23% nos preços do ar-condicionado. Os itens de tv, som e informática, por sua vez, desaceleraram na comparação com o mês anterior, passando de 1,68% em outubro para 0,10% em novembro.

Taxas de água e esgoto

No grupo Habitação (0,34%), a variação positiva da taxa de água e esgoto (0,33%) reflete os reajustes tarifários de 3,04% em Belo Horizonte (1,33%), vigente desde 1º de novembro, e de 5,88% em uma das concessionárias de Porto Alegre (1,69%), vigente desde 1º de outubro. Já o resultado do item energia elétrica (-0,04%) foi influenciado por dois reajustes e uma redução tarifária: Brasília (-0,01%), redução de 0,63%, a partir de 22 de outubro; Goiânia (0,79%), reajuste de 2,57%, a partir de 22 de outubro; e São Paulo (-0,39%), reajuste de 3,87% em uma das concessionárias pesquisadas, vigente desde 23 de outubro.

Em São Paulo, apesar do reajuste tarifário, houve redução na alíquota de PIS/Cofins em uma das concessionárias pesquisadas, o que fez com que o resultado da área tenha ficado negativo.

Vestuário acelerou de 0,84% em outubro para 0,96% em novembro. Enquanto as roupas femininas passaram de -0,10% para 0,97%, as roupas masculinas (1,49%), infantis (0,74%) e os calçados e acessórios (0,33%) apresentaram alta pelo segundo mês consecutivo. As joias e bijuterias (2,27%) também seguem em alta e acumulam no ano 13,19%.

Infográfico: Dieese/ Divulgação

Infográfico: Dieese/ Divulgação

Quanto aos índices regionais, todas as regiões pesquisadas apresentaram variação positiva. O menor resultado foi verificado na Região Metropolitana de Recife (0,31%), especialmente por conta da queda nos preços da gasolina (-1,37%). Já a maior variação foi observada no município deGoiânia (1,26%), onde a alta de 3,25% nos preços da gasolina foi a principal responsável pelo resultado observado no mês.

Regiões metropolitanas

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 14 de outubro a 12 de novembro de 2020 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 12 de setembro a 13 de outubro de 2020 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

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