EDUCAÇÃO

Sinpro/RS define políticas para volta de atividades letivas presenciais

Apesar dos números desencorajadores da pandemia, o ensino privado retornou às aulas presenciais, expondo professores, alunos e funcionários ao contágio
Por Gilson Camargo / Publicado em 10 de novembro de 2020

SinproRS define políticas para volta de atividades letivas presenciais

Foto: Governo Federal/Divulgação

Foto: Governo Federal/Divulgação

No final de outubro, dois dos três principais indicadores da pandemia de covid-19 já acenavam uma retomada do alto risco de contágio no Rio Grande do Sul. Os novos casos e internações em UTIs apresentavam alta. Somente o número de óbitos registrava uma diminuição, mantendo-se em um platô alto, o que bastou para boa parte dos gaúchos ceder às pressões pela distensão do isolamento social e o retorno às atividades presenciais. Naquele momento, o estado registrava 243.402 casos confirmados e 5.729 mortes por covid-19, após uma semana em que a pandemia aumentou 47,4%, com 14.640 novas contaminações e 211 mortes em sete dias..

Apesar desse cenário de pandemia, o governo do estado autorizou no dia 29 o reinício das aulas presenciais nos ensinos médio e técnico e anos finais do fundamental na rede estadual. O movimento desencadeou a adesão da maioria das instituições do ensino privado, que retornou às atividades presenciais e/ou adotou o modelo híbrido – intercalando as formas presencial e on-line.

Diante disso, o Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro/RS), que já havia se posicionado contra a retomada da presencialidade sem as condições sanitárias adequadas, definiu políticas no sentido de orientar os professores e as instituições de ensino para uma atenção redobrada aos protocolos de distanciamento e higiene – com o objetivo de garantir a máxima segurança nesse retorno.

“O Sinpro/RS acompanha atentamente o retorno, alertando as escolas para a adoção de todas os equipamentos e EPIs e todos os protocolos de número de alunos em aulas e já enviou orientação aos professores para que, havendo qualquer sinal de surto, entrem em contato com o Sindicato”, enfatiza Cecília Farias, diretora do Sinpro/RS.

Segundo a dirigente, duas questões devem ser observadas atentamente nesse momento: a sanitária, para que os insumos e materiais sejam fornecidos pelas escolas para que todos tenham condições de seguir à risca os protocolos; e o excesso de trabalho imposto aos docentes para dar conta das atividades presencial e on-line. “Os professores devem ficar atentos, porque há uma tendência de duplicidade de trabalho. Caso sejam detectados problemas, o professor deve entrar em contato com o Sindicato, bem como informar eventuais casos de contágios”, orienta.

A maioria das orientações deve ser seguida pelas instituições de ensino e servirá de base para que os docentes possam cobrar execução completa desse regramento pelas escolas. O envio foi feito após o início do retorno de alguns professores e a preocupação destes com a contaminação por covid-19. “O Sindicato tem acompanhado essa retomada e tratado pontualmente as especificações para cada grupo de professores”, explica.

Condições para o retorno nas redes pública e privada

Apesar de todas as orientações quanto aos protocolos de segurança, distanciamento e higiene pessoal, o Sindicato tem recebido denúncias de contágios isolados em algumas instituições, de casos em que as escolas não disponibilizam os insumos e de omissão das direções em relação a essas medidas na rede privada.

Quanto à rede pública, a avaliação é  que as medidas sanitárias ficaram inviabilizadas em muitas escolas por falta de insumos básicos como máscaras, álcool em gel, medidores de temperatura, pela indisponibilidade de pessoal para monitorar o distanciamento e para assegurar as condições sanitárias mínimas. “Lamentamos que, depois de tantos meses de escolas fechadas, o governo não tenha aproveitado esse tempo para organizar as instalações escolares”, ressalta Cecília Farias, do Sinpro/RS.

“As aulas iniciaram no setor privado porque houve na maioria das escolas adequação de espaços e aquisição de equipamentos de proteção individual, o que não é o caso das públicas, que em função do sucateamento e inércia dos governantes não apresentou condições de volta. Muitas escolas públicas não contam com os recursos mínimos, algumas sequer receberam álcool em gel”.

Confira as orientações:

– Os professores deverão utilizar máscaras artesanais ou descartáveis, tipo cirúrgica, e trocá-las a cada turno, ou sempre que estiverem úmidas, sujas ou deterioradas.

As instituições de ensino devem:

– Priorizar as videoconferências. Quando imprescindíveis, as reuniões presenciais devem restringir o número de participantes e ter a menor duração possível.

– Adquirir, manter e fornecer equipamentos tecnológicos e de infraestrutura para a prestação do trabalho presencial.

– Implementar o Plano de Contingência e os protocolos sanitários, observando o limite de 50% da capacidade de alunos por sala de aula.

– Disponibilizar e fiscalizar o uso correto dos EPIs.

– Higienizar ao menos uma vez por turno as superfícies de uso comum, maçanetas, corrimãos, classes, cadeiras, materiais didáticos utilizados em salas de aula etc., com álcool 70% ou preparações antissépticas e sanitizantes de efeito similar.

– As salas de aulas, áreas comuns e entradas das escolas deverão dispor de recipientes e dispensadores de álcool 70% em gel, espuma ou spray.

– Disponibilizar kits de higiene completos nos banheiros, com sabonete líquido, toalhas de papel não reciclado e preparações alcoólicas 70% em gel, espuma ou spray.

– Desativar bebedouros e oferecer dispensadores de água e copos plásticos descartáveis ou higienizados.

– Adotar distanciamento físico de 1,5m entre os alunos em todas as direções em sala de aula, e de 2m entre pessoas sem máscara durante refeições.

– Aferir a temperatura de todas as pessoas antes do ingresso, com termômetro digital infravermelho, e vetar a entrada quando a temperatura corporal for igual ou superior a 37,8 grau.;

– Assegurar que os professores do grupo de risco permaneçam em casa, sem prejuízo da sua remuneração e de acompanhamento das aulas.

Agendamento no Sindicato

O Sinpro/RS ampliou o horário de atendimento presencial aos professores e professoras na Sede estadual, que passou a ser das 9h às 17h, a partir do dia 26 de outubro. “Estamos seguindo todos os protocolos estabelecidos e orientando os professores a agendar atendimento. Esse procedimento visa a proteger tanto os docentes quanto os funcionários do Sindicato. Também sugerimos que, dentro do possível, acessem o Sinpro/RS pelos meios de comunicação disponíveis como telefone, e-mail e Whatsapp”, detalha a diretora.

O atendimento presencial aos professores é feito com hora marcada e restrito a demandas que não possam ser resolvidas de forma virtual.

A medida foi adotada para evitar aglomeração e exposição inapropriada para o atual momento. Além de observar as medidas de distanciamento e adaptação das instalações físicas do Sindicato, funcionários e diretores da Sede estadual estão trabalhando com o uso de máscaras.

Para acessar a Sede estadual e as regionais também é exigido o uso de máscara, a higienização das mãos com álcool gel 70%, disponível na recepção, e a manutenção da distância recomendada.

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