POLÍTICA

CPMI das Fake News entra hoje na fase de depoimentos

Um dos mais esperados é o deputado federal Alexandre Frota, expulso do partido do presidente Bolsonaro, o PSL. Na opinião de analistas, ele tem potencial para causar problemas ao mandatário do Planalto
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 29 de outubro de 2019

Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Alexandre Frota marcará o primeiro depoimento à comissão de alguém notoriamente envolvido com conflitos virtuais.

Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Próximo de completar quatro meses desde sua criação, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News inicia na tarde dessa terça-feira, 29, sua fase de depoimentos com a participação do delegado da Polícia Civil Alessandro Barreto, Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio, e Thiago Tavares Nunes de Oliveira, da Safernet. Os olhos dos interessados, no entanto, estão mirando o depoimento que acontece um dia depois, quando o deputado federal Alexandre Frota marcará o primeiro depoimento à comissão de alguém notoriamente envolvido com conflitos virtuais.

Atualmente no PSDB, após uma série de desavenças que culminou com sua expulsão do partido do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Frota na opinião da oposição e de analistas políticos tem potencial para causar problemas ao mandatário do Palácio do Planalto. O próprio deputado, que se elegeu por São Paulo umbilicalmente vinculado à Bolsonaro não esconde sua indignação. “Quem se atreve a criticar o Governo é alvo de ofensas e fake news orquestradas pela internet”, falou recentemente ao portal Catraca Livre do jornalista Gilberto Dimenstein.

O novo desafeto do clã Bolsonaro ainda diz que o radicalismo e as ameaças físicas aos críticos “não foram tão comuns nem mesmo nos governos do PT”, partido que fez feroz oposição e se disse enganado, ao mesmo tempo que promete remediar seu erro. “Peço desculpas ao Brasil por ter me enganado e prometo que vou ajudar o Congresso Nacional a colocar o país no rumo certo”, desabafou.

Minoria

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Deputada federal Joice Hasselmann

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Se Frota pretende ser uma pedra no sapato de Jair Bolsonaro, ela não deverá ser a única. Com minoria na CPMI, o governo ainda verá o depoimento de outros aliados de primeira hora do governo que, de certa forma, nutrem uma certa mágoa: o ex-ministro Carlos Alberto Santos Cruz, o empresário Paulo Marinho, o ex-líder do PSL na Câmara, o deputado goiano Delegado Waldir, e a deputada pelo PSL de São Paulo Joice Hasselmann.

Vitimados na disputa entre Bolsonaro e o presidente do PSL, Luciano Bivar, os depoimentos de Waldir e Joice deverão expor ainda mais as desavenças. Joice, inclusive, tem falado muito na utilização de dinheiro público na contratação de assessores que operam o que ela diz “Gabinete da Maldade”, um núcleo que opera de dentro do próprio Planalto criando memes e espalhando fake News com o objetivo de “destruir reputações”.

Possivelmente nessa lógica é que seis integrantes do staff palaciano também serão ouvidos: o chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten, o Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, um dos discípulos mais fieis de Olavo de Carvalho, Filipe Martins, e os assessores Rebecca Félix da Silva Ribeiro Alves, Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz.

Leque ampliado

Os governistas, com 5 integrantes na comissão, contra 9 da oposição em um universo onde ainda gravitam 17 parlamentares considerados de centro, tem como objetivo tirar o foco da família presidencial. A ideia, conforme analistas é arrastar o PT também para o centro das investigações.
Dessa forma, a CPMI que foi criada em 3 de julho passado, ante uma série de disputas, tem 152 requerimentos aprovados.
Entre os depoimentos, serão ouvidos autoridades como a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, a ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge e a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber.

Nos chamados Influenciadores digitais, estarão o youtuber Felipe Neto, a blogueira feminista Lola Aronovich e influenciadores da nova direita.

Também foram convocados 36 representantes de empresas como Facebook, Google, WhatsApp, Telegram, Twitter, teles e empresas de impulsionamento de mensagens.

Celebridades

Ainda no universo de depoentes da CPMI celebridades como a apresentadora Maju Coutinho, o médico Drauzio Varella, o compositor e cantor Caetano Veloso, a empresária Paula Lavigne e os atores globais Carolina Dieckmann, Taís Araújo, Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank prometem animar a discussão.

A audiência da CPI das Fake News integra um plano de trabalho iniciado em 22 de outubro, para embasar os trabalhos do colegiado. As reuniões estão marcadas para a sala 19 da Ala Senador Alexandre Costa. O presidente da comissão é o senador Angelo Coronel (PSD-BA)

Comentários