POLÍTICA

Evo Morales reeleito na Bolívia

Presidente boliviano obtém terceira reeleição para o quarto mandato, com 46,87% dos votos contra 36,72% do candidato de oposição Carlos Mesa
Por Gilson Camargo / Publicado em 22 de outubro de 2019
O líder sindicalista indígena Morales foi reeleito para o quarto mandato

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O líder sindicalista indígena Morales foi reeleito para o quarto mandato

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O atual presidente da Bolívia, Evo Morales, do Partido para o Movimento Socialismo (MAS), foi reeleito pela terceira vez para o quarto mandato, nas eleições presidenciais do país no último domingo – com a contagem de votos encerrada na noite de segunda, 21.

A eleição foi decidida em primeiro turno. Morales obteve 46,87% dos votos, ante 36,72% de Carlos Mesa, seu principal opositor, com 96% dos votos apurados, segundo informações da rede de televisão multiestatal Telesur. Bolivianos residentes no exterior também deram ampla vantagem a Morales: 60,35% dos votos, contra 26,73% do principal adversário. Entre aqueles que vivem no Brasil 70,58% votaram pela reeleição.

Indígena da etnia uru-aimará, líder sindicalista dos cocaleiros, Juan Evo Morales Ayma, que completa 61 anos no próximo sábado, é natural do Orinoca, distrito no município de Andamarca, na província boliviana de Sud Carangas, departamento (estado) de Oruro, região oeste da Bolívia. Assumiu a presidência do país de 11 milhões de habitantes em janeiro de 2006, tendo como principal indicador a redução da pobreza extrema, de 36,7% naquele ano para 16,8% em 2015.

A legislação eleitoral boliviana estabelece que são necessários 50% dos votos válidos ou mais de 40% do total com 10% a mais que o segundo colocado. “Todos os dias começamos a trabalhar antes das cinco da manhã e terminamos depois da meia-noite. Entregamos trabalhos em três e até cinco departamentos todos os dias. Não quero ser o melhor presidente da história da Bolívia, quero ser o presidente da melhor Bolívia da história”, disse o presidente durante a campanha, referindo-se a uma eventual reeleição e prometendo manter o país como líder do crescimento econômico na América Latina e referência na distribuição de riqueza. Em novembro 2017, o Tribunal Constitucional da Bolívia autorizou a repostulação de Morales nas eleições presidenciais deste ano.

Mesa, o candidato da direita derrotado ensaia um golpe

Foto: Divulgação

Mesa, o candidato da direita derrotado ensaia um golpe

Foto: Divulgação

AÉCIO BOLIVIANO – Durante a apuração dos votos, no domingo, os resultados parciais das eleições gerais na Bolívia geraram incerteza e tensão no país após a pausa na contagem que já dava vitória ao presidente Evo Morales, embora a oposição e setores da mídia conservadora ainda apostassem numa reação do ex-presidente Carlos Mesa. O candidato oposicionista de direita acabou derrotado e questionou o resultado das eleições – ensaiando uma futura sabotagem ao governo eleito como fez o seu similar brasileiro, Aécio Neves, nas eleições de 2014.

De acordo com os resultados parciais, com 83,7% dos votos contados, Morales, do Partido para o Movimento Socialismo (MAS), liderava o pleito com 45,28% dos votos contra 38,16% do candidato de oposição. Mesa, que governou a Bolívia entre 2003 e 2005 e concorreu pela aliança do Centro de Ciudadana (CC), acusou o Supremo Tribunal Eleitoral (STE) de ocultar resultados eleitorais e pediu uma mobilização nacional. Aos gritos “Evo, você perdeu! Que parte você não entendeu?”, o oposicionista foi recebido no Real Plaza Hotel, em La Paz, onde deu uma coletiva na qual repudiou a interrupção do escrutínio. Ele chegou a pedir uma mobilização popular em frente ao centro de informática do TSE para “tornar transparentes os dados”.

No domingo, o STE interrompeu a recontagem preliminar com 83,7% dos votos registrados, o que provocou as alegações de Mesa de uma tentativa de manipular os resultados e a observação dos veteranos da Organização dos Estados Americanos (OEA) da necessidade de computação ágil e transparente. O órgão eleitoral indicou que os resultados finais serão entregues em sete dias.

Sindicatos se mobilizam pela legitimação do pleito

Movimento operário declarou estado de emergência contra ações da direita que ignoram o resultado da participação popular

Foto: Divulgação

Movimento operário declarou estado de emergência contra ações da direita que ignoram o resultado da participação popular

Foto: Divulgação

A Coordinadora Nacional para el Cambio (Conalcam), que reúne as principais organizações sociais do país, anunciou nesta terça-feira, 22, em entrevista coletiva, uma série de ações para defender o resultado das eleições gerais que levaram à reeleição do presidente Evo Morales.

O movimento operário boliviano declarou estado de emergência, o que implica mobilizações pacíficas na próxima quarta-feira, em rejeição às ações da direita que ignoram o resultado da participação popular. “Eles estão aproveitando e querem aproveitar essa situação eleitoral e isso não permitiremos”, afirmou o secretário executivo da Central Obrera Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi.

O anúncio do Conalcam ocorreu após reunião com o presidente Evo Morales, o vice Álvaro García Linera, o ministro Juan Ramón Quintana e o vice-ministro de Coordenação de Movimentos Sociais, Alfredo Rada, na Casa Grande del Pueblo, sede do governo em La Paz.

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