POLÍTICA

MST elege seis parlamentares federais e estaduais

De forma coordenada e organizada o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra lançou lançou 15 candidaturas federais e estaduais em 2022
Da Redação / Publicado em 3 de outubro de 2022
MST elege seis parlamentares federais e estaduais

Foto: Reprodução/MST Divulgação

Da esquerda para a direita: Marina do MST, eleita deputada estadual (PT) no Rio de Janeiro; Rosa Amorim, deputada estadual pelo PT em Pernambuco; Valmir Assunção, deputado federal (PT) na Bahia; Missias do MST, eleito deputado estadual (PT) no Ceará; Dionilso Marcon, eleito deputado federal (PT) no Rio Grande do Sul; e Adão Pretto, eleito deputado estadual (PT) pelo Rio Grande do Sul

Foto: Reprodução/MST Divulgação

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela primeira vez na história elegeu um número representativo de deputados comprometidos com o ideário dos pequenos produtores e trabalhadores rurais. Dois deputados federais e quatro estaduais provenientes dos estados de Pernambuco, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, além de levar outras 2 candidaturas no Rio Grande do Sul.

Os/as eleitos/as são: Dionilso Marcon é eleito deputado federal no Rio Grande do Sul; Adão Pretto é eleito deputado estadual (PT) pelo Rio Grande do Sul; Valmir Assunção, deputado federal (PT) na Bahia; Rosa Amorim, deputada estadual pelo PT em Pernambuco; Marina do MST, eleita deputada estadual pelo PT, no Rio de Janeiro; e Missias do MST, eleito deputado estadual (PT) no Ceará.

Ícones como Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda fizeram campanha aberta para que o eleitorado escolhesse candidatos do MST, destacando pautas como agricultura sem veneno e ecológica, que são bandeiras do movimento. Atualmente o MST é um dos maiores produtores de produtos orgânicos do país e por vários anos consecutivos o maior produtor de arroz ecológico e orgânico da América Latina.

Durante a pandemia, o MST se destacou pela distribuição de toneladas cestas básicas às populações vulneráveis em todo o país.

15 candidaturas dos MST

Ao todo, o MST lançou 15 candidaturas próprias em 12 estados brasileiros.

Também é a primeira vez que o movimento postula candidaturas de forma organizada e coordenada pela direção nacional do MST, a partir da percepção de que não basta só mudar os poderes executivos, mas que é preciso promover parlamentares que estejam comprometidos/as com a construção de um projeto popular para o país.

Conforme o MST em seu site, “eleger uma bancada diversa, que represente o povo, é tão importante quanto garantir uma base de governabilidade de um possível governo Lula, que concorre às eleições neste 2º turno”.

Conjuntura exigiu

João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, conta que a decisão de lançar as candidaturas partiu da necessidade de fazer frente diante da grave conjuntura em que se encontra o Brasil nestes últimos anos.

“Posso dizer que foi uma eleição muito dura. Depois de um golpe, uma eleição, saímos vitoriosos politicamente, mesmo que não tivemos as vitórias eleitorais que precisávamos”, afirmou o dirigente minutos após as apurações.

MST saiu maior, avalia coordenação

“O MST sai do processo eleitoral com 6 candidaturas, seis deputados estaduais eleitos e com três federais eleitos, além de um suplente e outro ainda estar esperando uma decisão judicial para validação de elegibilidade. Ou seja, saímos muito maiores do que entramos nessa eleição”, avalia Rodrigues.

Para o coordenador, o MST segue comprometido com a luta pela Reforma Agrária Popular, com a produção de alimentos saudáveis e com a luta pela classe trabalhadora agora ocupando também espaços institucionais importantes para o fortalecimento da nossa luta.

Quem são os eleitos

Deputados federais

MARCON – Com 122.555 votos, Marcon do PT é eleito deputado federal no Rio Grande do Sul, representando o povo Sem Terra e toda a população gaúcha na Câmara. Marcon é agricultor assentado da Reforma Agrária, natural de Rondinha, RS. Iniciou sua trajetória política em 1987 como membro da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e atuou na Paróquia de Ronda Alta com o Padre Arnildo Fritz. Foi acampado por 4 anos, fez parte da direção do MST e assentado em 1994, no Assentamento Capela no município de Nova Santa Rita, onde mora até hoje e integra a COOPAN, uma das maiores produtoras de arroz orgânico da América Latina. Em 1998, foi eleito deputado estadual e cumpriu 3 mandatos até 2010, quando foi eleito pela primeira vez a deputado federal e agora seguirá seu 2º mandato no Congresso Nacional. Em Brasília, já apresentou mais de 180 projetos, além de implementar o Orçamento Participativo nas Emendas Parlamentares. Seu mandato se compromete com uma gestão pública em defesa das trabalhadoras e trabalhadores de todo o país.

ADÃO PRETTO – Adão Pretto foi o segundo representante Sem Terra eleito no Rio Grande do Sul, candidato  pelo PT levou 64.975 votos. O candidato eleito deputado é gestor público e ex-vereador de Viamão, RS. É filho do ex-deputado estadual e federal Adão Pretto e chegou a ser candidato a vice-prefeito, representando um dos maiores movimentos populares da região, apoiado pelo MST e pelos movimentos do campo e da cidade. Adão se elege comprometido com a luta da agricultura familiar, pelo fortalecimento do SUS, pelo fim da violência contra as mulheres, ao lado da juventude, da classe estudantil, trabalhando para construir mais empregos, renda, moradia e educação para todos e todas.

VALMIR ASSUNÇÃO – Filho de agricultores familiares, Valmir Assunção nasceu no povoado de Nova Alegria, em Itamaraju, BA, e iniciou sua militância ainda na juventude a partir de grupos dentro da Igreja Católica. De família humilde, sempre vivenciou na pele as contradições do capital e a falta de oportunidades enquanto negro e Sem Terra. Diante disso, a luta por direitos para si e sua família forjaram um militante engajado na denúncia ao coronelismo e às desigualdades sociais. Valmir participou das primeiras lutas do MST na Bahia, contribuindo no trabalho de base, organização das famílias e ocupação de latifúndios. E agora é reeleito com mais de 90 mil votos apurados, ao cargo de deputado federal representando a Bahia, o povo Sem Terra e todo o povo brasileiro.

Deputados/as estaduais

ROSA AMORIM – A primeira Sem Terra eleita na apuração de votos foi Rosa Amorim, eleita deputada estadual pelo PT em Pernambuco com mais de 42 mil votos. A jovem que é militante do MST desde quando criança, quando Sem Terrinha, foi o nome escolhido para representar o povo na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Rosa nasceu no Assentamento Normandia, em Caruaru, agreste pernambucano, mas vive na capital, Recife, onde cursa Teatro pela UFPE. Neste domingo as famílias assentadas estão em festa, porque a jovem Sem Terra de 25 anos, negra e lésbica será a 1ª Sem Terra a ocupar uma das 49 cadeiras da Alepe, alcançando o feito em sua primeira candidatura e sendo também a candidata mais jovem do MST disputando as eleições.

MARINA DO MST – Com mais de 46 mil votos em todo estado, Marina do MST foi eleita deputada estadual pelo PT, no Rio de Janeiro. O mandato será formado por um amplo arco de movimentos populares em defesa da alimentação saudável para matar a fome, dos direitos sociais para quem mais precisa, da Democracia e pelas Mulheres. Marina do MST é paranaense de família mineira e se mudou para o Rio de Janeiro em 1996 para ajudar a fundar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Sou filha e parteira do MST e esta conquista expressa os quase 40 anos de acúmulo das lutas que nosso Movimento tem. Vamos cumprir com muita responsabilidade a condução desse legado”, afirma a recém eleita deputada.

MISSIAS DO MST – O candidato Missias do MST também foi eleito no Nordeste, Ceará, como deputado estadual pelo PT com mais de 43 mil votos válidos antes do término da apuração. Manoel Missias Bezerra é assentado da Reforma Agrária, administrador, agricultor e com 29 anos de história no MST chega agora a representar o Movimento e todo o povo cearense na Assembleia Legislativa do estado. As propostas de seu mandato visam fortalecer a agricultura familiar camponesa, o cooperativismo, as agroindústrias, entre suas propostas o candidato também se comprometeu a desenvolver um Plano Estadual de Adaptação Climática e de Combate à Desertificação, além de gestionar políticas para Energias Renováveis, habitação popular, entre outros segmentos importantes para as classes populares de trabalhadores tanto do campo quanto das cidades.

 

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