EDUCAÇÃO

Ministro da Educação hostiliza estudantes e defende cobrança de mensalidades na pós-graduação

Deputados governistas impediram que estudantes e lideranças da UNE e da UBES questionassem Weintraub em sessão da Comissão de Educação
Da Redação / Publicado em 22 de maio de 2019
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, participou de audiência pública das comissões de Educação e Trabalho da Câmara, onde hostilizou e negou-se a ouvir lideranças estudantis

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, participou de audiência pública das comissões de Educação e Trabalho da Câmara, onde hostilizou e negou-se a ouvir lideranças estudantis

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Em sessão marcada por tumultos na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que defende a proposta de estender as verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), porém, pretende “cobrar metas” como contrapartida de estados e municípios. O ministro, em sua terceira audiência no Congresso, também defendeu a cobrança de mensalidades na pós-graduação. A sessão começou às 9h30 e teve que ser encerrada às 14h devido ao enfrentamento entre parlamentares favoráveis e contrários ao pronunciamento de lideranças estudantis. Representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) tentarem fazer perguntas ao ministro, mas foram impedidos por parlamentares do PSL e de outros partidos da base do governo. O ministro hostilizou parlamentares, xingou e insultou estudantes e foi contra a manifestação de lideranças estudantis que foram agredidas pela polícia parlamentar.

A deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP), que presidia a sessão, questionou Weintraub se ele aceitaria ouvir os estudantes. O ministro respondeu que não. “Eu não quero falar com a UNE, eles não são eleitos. Eu nunca fui filiado à UNE”, atacou. Em seguida, Marcivania informou que pretendia conceder dois minutos aos representantes dos movimentos estudantis, o que desencadeou o tumulto na sessão. O ministro também se recusou a pedir desculpar por ter usado o termo “balbúrdia” para se referir a universidades federais, após ser interpelado pelo deputado federal por Marcelo Freixo (PSol-RJ). O deputado Delegado Waldir (PSL), líder do PSL na Câmara, o deputado Éder Mauro (PSD), e a deputada Professora Dayane Pimentel (PSL), vanguarda da tropa de choque de Bolsonaro na Câmara, foram alguns dos parlamentarem que se manifestaram contra a fala das entidades estudantis. Em meio às discussões, o presidente da Ubes, Pedro Lucas Gorki, foi afastado por seguranças. A confusão teve como principal protagonista o goiano Delegado Waldir – o mesmo parlamentar que em fevereiro desfilava armado com uma pistola no plenário.

Durante a audiência, Weintraub foi questionado por deputados de oposição sobre a “falta de propostas” do MEC para a educação básica, e sobre o bloqueio de verbas das universidades e institutos federais. Citou a Política Nacional de Alfabetização, que foi lançada por decreto pelo ministro antecessor, Ricardo Vélez Rodriguez, mas ainda não implementada; e insistiu que o “contingenciamento” poderá ser revertido em troca da aprovação da reforma da Previdência.

A audiência teve vários momentos tensos, com discussões fora da pauta entre parlamentares. A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) anunciou que pretende processar Weintraub por danos morais. A parlamentar acusou o ministro pela exposição de informações pessoais dela ao distribuir, na comissão, conversas que mostram convites informais para reuniões no MEC durante a gestão de Véles.

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