EDUCAÇÃO

Dossiê revela início do ano letivo com sérios problemas estruturais em escolas do estado do RS

Documento foi apresentado à Secretaria de Estado da Educação pela deputada Sofia Cavedon (PT). Parlamentar também irá acionar o Ministério Público em busca de solução coordenada para os problemas
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 8 de março de 2022

Foto: Clarissa Pont/Gabinete Sofia Cavedon

Dossiê da Operação Dever de Casa: Problemas vão da inexistência de banheiros e bibliotecas à deterioração de telhados, com riscos iminentes de queda, e da rede elétrica

Foto: Clarissa Pont/Gabinete Sofia Cavedon

As escolas mantidas pelo governo do estado do Rio Grande do Sul retornaram às aulas com uma série de problemas estruturais. Mais da metade, em sérias situações que podem levar riscos à comunidade escolar. Este é o balanço da Operação Dever de Casa. Iniciativa da deputada estadual Sofia Cavedon (PT), o trabalho compila uma amostragem que contempla as mais variadas regiões do estado. Levantamento similar já havia sido feito pelo Cpers/Sindicato em dezembro passado.

O dossiê de 48 páginas, entregue à Secretaria Estadual de Educação (Seduc) na última segunda-feira, 7, mostra em detalhes a radiografia de 81 estabelecimentos de ensino da rede. A situação é tão grave que a deputada antecipa que irá acionar também o Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões (CAO) do Ministério Público gaúcho (MPRS).

“Ações pontuais do MP já estão ocorrendo em diversos municípios do estado”, registra Sofia. A ideia agora é centralizar a questão na busca de uma solução efetiva para o conjunto da rede educacional pública.

Segundo a deputada, a iniciativa teve o objetivo de checar o que foi feito após muitas denúncias que chegaram ao seu gabinete. Na ocasião, lembra, “organizamos um relatório que foi entregue a Seduc e, olha só o tamanho do problema, também à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa”, relata.

Dever não feito

Foto: Clarissa Pont/Gabinete Sofia Cavedon

Deterioração de telhados

Foto: Clarissa Pont/Gabinete Sofia Cavedon

A conclusão do balanço, diz a deputada Sofia Cavedon, que já foi presidente da Comissão de Educação do legislativo do estado, é que “as escolas fizeram e fazem o seu dever de casa; o governo do estado, não”.

A amostragem do Dever de Casa contabiliza que, de 60 obras mapeadas e que são necessárias para o adequado retorno às aulas, 40 nem foram iniciadas e três estão paradas ou interrompidas. Em andamento, estão oito e concluídas, nove.

Entre os problemas, como uma escola que de suas 16 salas de aula, 12 estão interditadas há dois anos, tem aqueles que Sofia Cavedon aponta como casos gravíssimos:

“Não são só casos de inexistência total de banheiros, bibliotecas e espaços esportivos inadequados”, diz. “São situações de deterioração de telhados, com risco iminente de queda, e de rede elétrica, que impedem as escolas de ampliar suas atividades e até podem ocasionar focos de incêndio. Há muitos casos de furtos da fiação elétrica, que ainda contribuem para essa situação caótica”.

Foto: Clarissa Pont/Gabinete Sofia Cavedon

De 16 salas, escola tem 12 interditadas

Foto: Clarissa Pont/Gabinete Sofia Cavedon

Outro problema identificado pela deputada: a segurança das escolas. “Muitas sem gradis, muros, o que possibilita invasões, vandalismo e roubos”, afirma.

Sofia Cavedon é categórica: “Na época do Sartori (governador entre 2015 e 2019), ele criou uma força tarefa que mantinha engenheiros e arquitetos à disposição. Era um remendo, mas pelo menos tinha gente para dar uma resposta técnica”. Agora, afirma, o apoio da infraestrutura da rede piorou.

Para a deputada, problemas nas escolas sempre houve, mas “na atual gestão, nem o remendo para buscar soluções tem mais. Leite acabou com tudo”. Isso, aponta, contribui para o desperdício de recursos públicos. “Há retrocessos. Tem casos de orçamentos que foram feitos em agosto de 2021 que tiveram que ser refeitos agora em março”.

No meio que classifica como um verdadeiro descaso com a educação, Sofia ressalta o que chama de absoluta falta de transparência. “As escolas não sabem nem em que estágio estão os projetos”. Fica a diretoria sozinha, no escuro, dando satisfações para a comunidade”, conclui.

Confira a íntegra do documento Operação Dever de Casa

 

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