EDUCAÇÃO

Bolsistas do Colégio Farroupilha se manifestam contra ódio de colegas

Estudantes que foram atacadas com ofensas pessoais por comemorar a vitória de Lula reagem ao ódio destilado por colegas: estudamos aqui por puro e exclusivo mérito
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 11 de novembro de 2022

Imagem: Twitter/ Reprodução

Depois de proibir manifestações políticas, mas liberar o uso das cores verde e amarelo, direção do Farroupilha voltou atrás, o que desencadeou manifestações de ódio contra bolsistas

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Em carta denunciando o ataque de ódio que receberam de colegas não bolsistas do Colégio Farroupilha de Porto Alegre por terem comemorado a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alunas da instituição disseram que não irão mais se calar diante de situações que classificam como discriminação de classe social.

“Bastou uma pequena provocação pra vocês mostrarem que não é nosso posicionamento político que incomoda, mas sim a nossa existência”, diz uma adolescente que se declara negra e é bolsista desde seus nove anos de idade. Para ela, agora com 17 anos, o conflito foi mais em função da sua classe social do que pela raça.

Na carta, as bolsistas afirmam: “Enquanto muitos estudantes desta escola estudam aqui simplesmente porque os papais têm condições de pagar, muitos de nós estudamos aqui por puro e exclusivo mérito. Cada estudante bolsista fez parte de um intenso processo seletivo para merecer estar aqui. Muitos de nós já tivemos de abdicar de muitas oportunidades, passar por inúmeras dificuldades financeiras, e fazer com que nossas famílias lutassem muito por estudar aqui. E, ainda assim, vocês acham que têm o direito de nos tratar como inferiores”.

Nota oficial não foi suficiente

Apesar do colégio não ter divulgado em sua nota oficial que repudiava o ocorrido, 16 estudantes não bolsistas envolvidos nos ataques de ódio teriam sido afastados.

As estudantes agredidas, apesar das medidas e da manifestação do Farroupilha, que afirmou não diferenciar “estudantes pagantes de bolsistas”, lamentam não ter havido até agora retratação ou pedido de desculpas formal da escola em relação ao comportamento dos colegas agressores.

A promotora regional de Educação de Porto Alegre, Ana Cristina Ferrareze, encaminhou o ocorrido no Farroupilha e uma live protagonizada por alunos do Colégio Israelita Brasileiro ao Núcleo do Ato Infracional do Ministério Público do estado do Rio Grande do Sul (MPRS). Os casos também seguiram para a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude.

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