MOVIMENTO

Instituto combaterá fake news

Uma das maiores vítimas de notícias falsas nas últimas eleições, ela se dedicará à produção de conteúdo de conscientização sobre os males do compartilhamento de informações não checadas
Por Cristiano Goldschmidt / Publicado em 24 de janeiro de 2019

Foto: Arquivo Pessoal

Pré-candidata à presidência do Brasil nas eleições de 2018, gravava para responder aos seus seguidores nas redes sociais, mas principalmente para desmentir as fake news das quais era vítima.

Foto: Arquivo Pessoal

A deputada estadual Manuela d’Ávila (PCdoB) tornou-se um fenômeno das redes sociais, alcançando 2,5 milhões de seguidores, que se dividem entre suas páginas do Facebook e do Instagram, além dos 30 mil inscritos em seu canal no Youtube, que soma quase 2 milhões de visualizações, muitos deles conquistados com os vídeos que, como então pré-candidata à presidência do Brasil nas eleições de 2018, gravava para responder aos seus seguidores, mas principalmente para desmentir as fake news das quais era vítima.

Figura importante na defesa da liberdade do ex-presidente Lula, ao lado de quem esteve presente desde o início, abriu mão da candidatura própria para concorrer à vice-presidência na chapa encabeçada pelo petista Fernando Haddad, passando a chamar ainda mais atenção, conquistando o apoio de um número expressivo de artistas e intelectuais que se identificaram com seus discursos e com as causas por ela defendidas – muitos deles tornaram-se amigos pessoais, ajudando a impulsionar a divulgação de suas ideias através do compartilhamento de seus vídeos.

Foto: Arquivo Pessoal

Manuela: Quero contribuir em uma frente em que já milito, que são as lutas em defesa da soberania nacional, das mulheres, da população LGBT, das negras e dos negros. As principais redes de ódio que se formam são em torno dessas características da população brasileira.

Foto: Arquivo Pessoal

Fortalecida e com a popularidade em alta após o período das eleições, começou a refletir sobre qual poderia ser sua principal contribuição com o término do seu mandato, no dia 31 de janeiro de 2019. A experiência com a intolerância nas redes sociais fez com que ela criasse o Instituto E Se Fosse Você?, uma organização não-governamental. Em uma conversa com o Extra Classe, Manuela d’Ávila diz que depois de ter percebido o papel das fake news, das redes de ódio, das tecnologias de big data e o peso disso no desmonte da democracia brasileira, ela pensou que essa poderia ser uma forma de contribuir em uma frente em que ela já milita, que são as lutas em defesa da soberania nacional, das mulheres, da população LGBT, das negras e dos negros. Segundo ela, as principais redes de ódio que se formam são em torno dessas características da população brasileira.

Manuela explica que o Instituto tem diversos objetivos, além de lutar pelo restabelecimento da democracia no Brasil, e o primeiro deles é a produção de conteúdos de conscientização: “Por isso o nome E Se Fosse Você?, porque se fosse contigo, como é que tu te comportarias, tu compartilharias esse conteúdo? Como tu te sentirias vendo teu filho, vendo tua mulher? tentaremos resgatar essa ideia básica de empatia que parece estar sendo quebrada nesse novo tempo em que as redes parecem construir um novo espaço público, como se nós vivêssemos em dois espaços públicos distintos”.

Lançado recentemente em suas redes sociais, a deputada diz que ainda estão pensando em um lançamento público do Instituto: “Nós estamos lançando aos poucos, e a ideia é que no mês de março nós possamos abertamente lança-lo e falar mais sobre ele”. O Instituto é composto por uma equipe bastante pequena, que a acompanha e que com ela trabalha há alguns anos, profissionais da área da comunicação, da área do direito, das ciências sociais e da história. Juntos, eles desenvolverão os conteúdos que serão distribuídos nas redes sociais, um contraponto necessário à produção e veiculação de notícias falsas que passaram a ser distribuídas em larga escala principalmente a partir das eleições de 2018.

Além de disputar editais de financiamento, sobretudo internacional, para que a produção inicial dos conteúdos se viabilize, bem como futuras ações, Manuela explica que existe uma parte do Instituto que vai ser financiada a partir de duas iniciativas colaborativas que já estão em andamento: uma é a loja virtual de camisetas que nós criamos, E Se Fosse Você? (www.esefossevc.store), um conjunto de camisetas cujo lucro vai ser revertido todo pro Instituto, o outro é uma plataforma colaborativa, o apoia.se/manueladavila.

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