JUSTIÇA

Vale deve pagar R$ 54 bi em indenizações por Brumadinho

Comissão da Câmara que acompanha a negociação entre a Vale e o governo mineiro rejeita contraproposta de R$ 16 bi da empresa por 270 mortes e danos ambientais
Por Gilson Camargo / Publicado em 27 de novembro de 2020
 Resgate de corpos após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, em janeiro de 2019

Foto: Corpo de Bombeiros MG/ Divulgação

Resgate de corpos após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, em janeiro de 2019

Foto: Corpo de Bombeiros MG/ Divulgação

O relator da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha a negociação entre a mineradora Vale e o governo mineiro para pagamento de indenizações às vítimas do rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, em janeiro de 2019, afirmou que o valor total que a empresa deve pagar é de R$ 54 bilhões.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) destacou que a Vale chegou a fazer uma contraproposta de R$ 16 bilhões – valor bem abaixo do estabelecido pelo Ministério Público, a Defensoria Pública e o governo do estado de Minas Gerais.

“O governo de Minas apresentou uma conta de R$ 26 bilhões que seria o ressarcimento material para recuperação do rio, e também para aquilo que o governo gastou a mais, e o MP avaliou um ressarcimento moral para as pessoas atingidas de R$ 28 bilhões. O total seria de R$ 54 bilhões. Esse valor foi apresentado à Vale e transformado em ação judicial”, disse.

Os lucros e a barganha da Vale

“Acionistas da Vale recebem bilhões de lucro todo ano, mas empresa fica pechinchando depois dos dois crimes que cometeu”, apontou Correia

Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados

“Acionistas da Vale recebem bilhões de lucro todo ano, mas empresa fica pechinchando depois dos dois crimes que cometeu”, apontou Correia

Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados

Rogério Correia informou que o plano de trabalho da comissão inclui reuniões e audiências públicas para debater os termos do acordo com os atingidos e com especialistas em recuperação judicial.

Os deputados da comissão também querem obter um diagnóstico dos órgãos de licenciamento ambiental e fazer um levantamento das proposições legislativas ligadas ao tema. A comissão já fez um primeiro encontro com representantes do Ministério Público nesta sexta-feira, 27.

“É um absurdo uma empresa como a Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, que foi privatizada com uma mamata, por R$ 3,8 bilhões, e entregaram de graça para esses acionistas que recebem bilhões de lucro todo ano. Uma empresa como a Vale que ganhou de graça uma empresa estatal poderosa e ficar pechinchando depois de dois crimes que cometeu, a Justiça devia ser célere nisso”, observou Correia, referindo-se à responsabilidade da Vale nos desabamentos das barragens de Mariana (em 2015) e Brumadinho (2019).

CPI da Câmara concluiu que o rompimento poderia ter sido evitado: "foi crime e não tragédia"

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

CPI da Câmara concluiu que o rompimento poderia ter sido evitado: “foi crime e não tragédia”

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

Crime de Brumadinho

No dia 25 de janeiro de 2019, uma barragem de mineração da Vale em Brumadinho (MG) se rompeu deixando um saldo de mais de 270 mortos. A lama de rejeitos de minério de ferro atingiu parte do centro administrativo da empresa, a comunidade Córrego do Feijão e o rio Paraopeba, afluente do São Francisco, e forçou o deslocamento de mais de 30 mil pessoas na região.

O deputado Rogério Correia destaca que, segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou o caso na Câmara, não se tratou de uma tragédia ou acidente, mas de crime, já que tanto a Vale quanto a empresa responsável pela fiscalização da área tinham pleno conhecimento dos riscos da barragem.

Com informações da Agência Câmara.

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