JUSTIÇA

Blogueiro é condenado por associar PSol à “facada” em Bolsonaro

Integrante das milícias digitais do presidente, Oswaldo Eustáquio Filho terá que pagar R$ 10 mil ao partido pelo crime de calúnia, multa de um salário mínimo e restrição de liberdade
Da Redação / Publicado em 4 de fevereiro de 2022
Falso jornalista espalhou mentiras sobre a farsa da facada e foi condenado pela justiça do Paraná

Foto: Reprodução

Falso jornalista espalhou mentiras sobre a farsa da facada e foi condenado pela justiça do Paraná

Foto: Reprodução

Oswaldo Eustáquio Filho afirmou, em “matéria” publicada no dia 27 de abril de 2020, no site renews.com.br, que Adélio Bispo teria agido junto a um braço político ligado ao PSol na suposta facada contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), em setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG).

“Foi uma condenação muito importante para o PSol, mas também para todos aqueles que sabem dos perigos das fake news para a democracia. São muitas pessoas ligadas a Bolsonaro, algumas inclusive lotadas nas instituições brasileiras, que promovem e patrocinam notícias falsas gravíssima”, comentou em redes sociais a deputada Sâmia Bomfim, líder do partido na Câmara.

Além da indenização de R$ 10 mil ao partido, Eustáquio Filho foi condenado a uma multa no valor de um salário mínimo e à pena de detenção de quatro meses e 20 dias – que deverá ser cumprida em regime aberto. De acordo com a sentença, Eustáquio deve comparecer em juízo mensalmente para informar e justificar suas atividades, estar em sua residência até as 22h e não viajar sem autorização judicial.

Depoimento adulterado

O blogueiro, que se apresentava como “jornalista investigativo” alegou também que o depoimento de uma testemunha à Polícia Federal (PF) poderia “colocar Jean Wyllys e o PSol como suspeitos de serem os mandantes do crime que tentou tirar a vida do presidente”. A informação publicada pelo falso jornalista é uma fake news que virou mantra nas redes sociais bolsonaristas.

Na decisão, o juiz Telmo Zaions Zainko, do 13º Juizado Especial Criminal de Curitiba, aponta que Eustáquio deturpou o conteúdo do depoimento, “atribuindo falas não ditas pelo depoente e ilações desprovidas de qualquer base que lhe possa dar, ainda que remotamente, a interpretação sugerida”. Eustáquio adulterou trechos de um depoimento de outro integrante das milícias digitais bolsonaristas, Luciano Carvalho de Sá, que afirmou à PF que tinha conhecido Adélio no dia da encenação da “facada”.

Facada fake

As contradições que levantam suspeitas de que o suposto atentado sofrido pelo então candidato à presidência da República às vésperas da eleição de 2018 não passou de uma farsa são apresentadas no documentário Bolsonaro e Adélio – Uma fakeada no coração do Brasil, produzido pelo jornalista Joaquim de Carvalho.

Intenção de difamar

“Entendo por maliciosa a publicação, restando demonstrado o animus difamandi na conduta, na medida em que Oswaldo Eustáquio tinha a intenção de macular a dignidade do PSol, indicando sua vinculação ao atentado”, afirma Zainko.

O blogueiro é investigado no âmbito do inquérito 4781 que apura fake news e ataques ao Supremo e já foi preso várias vezes, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Em junho de 2020, Eustáquio foi alvo da Polícia Federal (PF) em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, na Operação Lume, que investigava o financiamento e organização de atos antidemocráticos, apologia à ditadura e manifestações de milicianos digitais pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.

Comentários